Optimizing small mammal relative abundance measures using non-invasive sampling and assessment of its contribution to occupancy modelling of small carnivores in dry woodland savannah of South Africa

Abstract

Tese de mestrado, Biologia da Conservação, Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2019Os pequenos mamíferos são essenciais para a estrutura e funcionamento dos ecossistemas pelo papel que desempenham na dispersão de sementes, ciclo de nutrientes e como principal fonte de alimentos de diversos predadores de superfície e voadores. Enquanto presas, as flutuações na sua abundância de acordo com a disponibilidade de alimento e temperatura, influenciam os padrões de ocupação do espaço, as densidades e os padrões de atividade dos seus predadores. Contudo, e apesar de constituírem uma importante fonte de alimento para muitos pequenos carnívoros, os estudos acerca da distribuição destes são limitados pela não utilização de medidas de abundância das suas presas, em particular os roedores. Esta falha deve-se muito a limitações e constrangimentos dos métodos de amostragem para avaliação de abundância. O método de captura-recaptura por armadilhagem, largamente usado em estudos de roedores, além de invasivo requer um esforço amostral muito elevado, visto que as armadilhas devem ser verificadas duas vezes ao dia para evitar a morte indesejada de indivíduos, acarreta um elevado custo e necessita de licença de captura e manuseamento de animais selvagens. Estes fatores impedem o seu uso em estudos de larga escala, tais como estudos de distribuição de carnívoros. Como alternativa, os túneis de tinta são um método de amostragem que permite a estimativa de abundância relativa de pequenos mamíferos através das suas pegadas, sendo, portanto, não invasivo e evitando a necessidade de licença, têm reduzido baixo custo e, principalmente, são de fácil colocação e não requerem controlo diário. Sendo objetivo da presente tese avaliar os padrões de distribuição dos pequenos mamíferos numa savana seca da África do Sul, numa primeira fase este estudo procurou avaliar a eficácia da amostragem de roedores com túneis de tinta para estimar a sua abundância relativa, comparativamente a um índice de abundância relativa obtido por armadilhagem. Numa segunda fase testou-se a utilidade do uso do índice de pegadas obtido com túneis de tinta como medida de abundância de presas no estudo da distribuição de pequenos carnívoros. A amostragem dividiu-se assim em duas etapas. Numa primeira etapa, em 19 locais selecionados num gradiente de perturbação antropogénica (Reserva Natural de Phinda, fazendas e comunidades rurais), os túneis de tinta foram colocados num desenho em Y de 3 x 3 com 10 m de distância entre si, lado a lado com uma grelha de 7 x 7 armadilhas Sherman. Na segunda etapa, os túneis foram colocados com o mesmo desenho em redor de cada uma das 192 câmaras de foto-armadilhagem para os pequenos carnívoros, dispostas em grelha (1311 m de distância média entre câmaras), cobrindo o mesmo gradiente de perturbação. Considerando que os carnívoros podem mostrar preferência por presas de diferentes tamanhos de acordo com as suas necessidades energéticas, ainda que nas análises se tenham considerado os roedores no geral (variável presas), pegadas foram ainda divididas em grupos funcionais de acordo com o seu tamanho, refletindo consequentemente o tamanho dos roedores: roedores pequenos, médios e grandes. A partir desta divisão foi estimado o índice de pegadas por grupo funcional, que consiste numa proporção de túneis por local com pegadas de cada grupo. Ao comparar este índice com o índice de abundância obtido através da armadilhagem, foi possível observar uma forte correlação entre ambas as medidas, a qual é dependente da abundância local de roedores. Ou seja, o método é mais eficaz a capturar grandes diferenças na abundância relativa quando os roedores se encontram em elevada abundância, do que quando a sua abundância é reduzida. É de referir que os túneis de tinta não permitem uma estimativa rigorosa da abundância das populações, mas são úteis na monitorização de flutuações de abundância, permitindo uma comparação entre locais ou ao longo do tempo. Os resultados previamente obtidos sustentaram a aplicação do método dos túneis de tinta para avaliação da abundância relativa de presas no estudo de foto-armadilhagem de pequenos carnívoros ao longo do referido gradiente de perturbação antropogénica. Os índices de pegadas de roedores pequenos e médios, e de roedores em geral, foram incorporados no processo de modelação da ocupação pelos pequenos carnívoros, juntamente com variáveis de habitat e perturbação. Os roedores grandes não foram considerados devido ao reduzido número de deteções. Os resultados mostraram que para os carnívoros em estudo a abundância relativa dos roedores (global ou por grupo funcional) não é um fator decisivo na sua distribuição. A única exceção foi registada relativamente à geneta-malhada, na paisagem com mais alto nível de perturbação (comunidades rurais), mas apenas quando as variáveis de presas foram combinadas com variáveis de habitat e perturbação. Assim, é possível concluir que a importância de roedores depende da espécie e do contexto, podendo a sua utilização ser pouco relevante no estudo da distribuição de espécies de carnívoros generalistas, no entanto, deve ser considerada juntamente com variáveis de habitat em estudos de carnívoros especialistas em roedores ou cuja dieta integre uma elevada percentagem de roedores.Small mammals of the Order Rodentia represent a large portion of small carnivores’ diet, influencing their distribution, densities and activity patterns. However, small carnivore studies based on camera-trapping do not include small mammals’ relative abundance as prey covariate, mainly because of the large effort and cost associated with live-trapping at large scales. Alternatively, ink-tracking tunnels are a non-invasive, inexpensive and a low effort sampling method that can be used to monitor fluctuations in small mammals’ relative abundance across sites and time. I implemented ink-tracking tunnels in a y-design to understand its efficiency when compared to live-trapping and the utility of the track index as prey covariate in a carnivore distribution study across a landscape gradient of human disturbance. Tracks were successfully divided into functional groups according to track size and consequently rodents’ biomass. Track index of these groups was highly correlated with live-trapping abundance index, despite this correlation being abundance dependent, as the method is better at detecting large fluctuations of abundance when the group is very abundant than for low abundant species. I applied the track index of the rodent functional groups as prey covariates to a single species – single season occupancy model for African small carnivore species, along with habitat and disturbance as alternative covariates. Results showed no preference for prey size and neither were prey covariates important for most combinations of species and areas. The only exception was the large-spotted genet at the highest level of disturbance, but only when prey was combined with habitat and disturbance variables. Therefore, the importance of prey covariates is species and context dependent, and it can be discarded from generalist multi-species distribution studies. However, prey should be considered together with habitat variables in studies of carnivore species that are rodent specialists or that rodents represent a large percentage of their diet

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