Acute kidney injury in asphyxiated newborns treated with therapeutic hypothermia

Abstract

Trabalho Final do Curso de Mestrado Integrado em Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, 2021Introdução: A asfixia perinatal é uma causa major de disfunção multiorgânica em recém-nascidos. De acordo com a literatura atual22, a lesão renal aguda é comum em recém-nascidos com encefalopatia hipóxico-isquémica, caracterizada por um quadro de coma e convulsões, em consequência de um processo de isquémia e hipoxia no período perinatal. Objetivos: Este estudo tem como objetivos: 1) Determinar a incidência de lesão renal aguda em recém-nascidos que desenvolveram encefalopatia hipóxico-isquémica, tendo sido submetidos a hipotermia induzida, e 2) Averiguar a correlação entre a gravidade do prognóstico neurológico a curto-prazo destes recém-nascidos com o desenvolvimento de lesão renal aguda. Métodos: Foi realizado um estudo prospetivo dos recém-nascidos com encefalopatia hipóxico-isquémica, submetidos a hipotermia induzida no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, EPE, desde a implantação do programa (2010) até 2017. De acordo, com o seu prognóstico neurológico expectável a curto-prazo, a população em estudo foi dividida em dois grupos (Favorável/Desfavorável), com base no eletroencefalograma de amplitude integrada (aEEG) e na ressonância magnética realizada às 2 semanas de vida. Para a definição de lesão renal aguda, foram utilizados os critérios modificados para o período neonatal, definidos pela Kidney Disease: Improving Global Outcomes (KDIGO)28. Os parâmetros renais (creatinina sérica e débito urinário) da população foram monitorizados durante a hospitalização. Após a colheita dos dados, foi realizada a sua análise estatística, recorrendo-se ao programa SPSS, versão 26. Resultados: Neste estudo foram incluídos 92 pacientes, dos quais 59 (64%) eram do sexo masculino, enquanto 32 (35%) eram do sexo feminino. A média de peso ao nascer foi 3161 ± 615.7g e a idade gestacional média foi 39.06 ± 1.63 semanas. Verificou-se que 44 (48%) dos recém-nascidos estudados desenvolveram lesão renal aguda (LRA), dos quais 38 (86%) tiveram LRA estádio I, 2 (5%) desenvolveram LRA estádio II, enquanto os restantes 4 (9%) recém-nascidos desenvolveram LRA estádio III. No recém-nascidos com LRA, verificou-se, embora não estatisticamente significativa, uma maior mortalidade (17% vs. 10%) e uma hospitalização cerca de 2.1 dias mais prolongada na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais, quando comparados com o recém-nascidos sem LRA. No que concerne ao prognóstico neurológico expectável a curto-prazo, este foi determinado em 61 (66%) dos recém-nascidos em estudo, sendo que destes 39/61 (6%) apresentavam prognóstico desfavorável. Globalmente, verificou-se uma maior incidência de lesão renal aguda nos recém-nascidos com prognóstico neurológico a curto-prazo desfavorável (64% vs. 36%). Conclusões: A realização deste estudo permitiu concluir que a lesão renal aguda ocorre frequentemente em recém-nascidos com encefalopatia hipóxico-isquémica, submetidos a hipotermia induzida, bem como quando a associada a lesão renal aguda, os recém-nascidos apresentam maior taxa de mortalidade e tempo de internamento em Unidade de cuidados intensivos. Observou-se uma correlação, estatisticamente significativa, entre a severidade do prognóstico neurológico a curto-prazo na encefalopatia hipóxico-isquémica e o desenvolvimento de lesão renal aguda. A realização de novos estudos, tendo como objetivo a deteção precoce de lesão renal aguda, possíveis estratégias renoprotetoras e o esclarecimento das possíveis sequelas a longo prazo nesta população de elevado risco de atingimento renal é recomendada.Introduction: Perinatal asphyxia represents one of the main causes of multiorgan dysfunction in newborns. According to the most recent literature22, acute kidney injury (AKI) is common in neonates with hypoxic-ischemic encephalopathy (HIE) – characterized by coma and seizures in the early neonatal period, as a result of a hypoxic-ischemic insult in the neonatal period. Objectives: This study aims to: 1) Determine the incidence of AKI in asphyxiated neonates with HIE enrolled in therapeutic hypothermia (TH); and 2) Examine the correlation between the severity of short-term neurologic outcome in these neonates and the development of AKI. Methods: A prospective database of patients submitted to TH, in Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, EPE, is maintained since the beginning of the program (2010) until 2017. Patients were divided into two groups based on their short-term neurologic outcome (favourable/unfavourable), according to amplitude-integrated electroencephalogram (aEEG) and magnetic resonance imaging (MRI) at the second week of life. Renal parameters of neonates in both groups were monitored and AKI was determined using neonatal modified Kidney Disease: Improving Global Outcomes (KDIGO)28 criteria. Data analysis was performed using SPSS. Results: 92 patients were included in this study, 59 (64%) were male and 32 (35%) were female. The mean weight was 3161 ± 615.7 g and the gestational age was 39.06 ± 1.63 weeks. We reported that 44 (48%) of the neonates had AKI, of whom 38 (86%) neonates had AKI stage I, 2 (5%) had AKI stage II and the remaining 4 (9%) AKI stage III. Neonates who developed AKI had, although not statistically significant, higher mortality (17% vs. 10%) and stayed an average of 2.1 days longer in the NICU, compared to those without AKI. Expected short-term neurologic outcome, according to aEEG and MRI, was determined in 61 (66%) neonates, 39/61 (64%) of these had an unfavourable outcome. We reported a higher incidence of AKI in neonates in the unfavourable group (64% vs. 36%) 3 Conclusions: In this prospective study we found a significant incidence of AKI in HIE undergoing TH and neonates with both HIE and AKI had a longer length of stay and mortality than HIE alone. There is also a correlation, statistically significant, between the severity of the short-term expected neurologic outcome of HIE and AKI. Future research on early detection of AKI, renoprotective management strategies, and understanding of long-term renal sequelae is recommended in this high-risk group of patients

    Similar works