Trabalho Final do Curso de Mestrado Integrado em Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, 2021Introdução: Em novembro de 2020, a COVID-19 já tinha afetado mais de 50.000.000 de pessoas. O impacto desta pandemia em doentes com patologia reumática e músculoesquelética suscita particular preocupação, tendo em conta o compromisso imunitário que lhe é inerente e que aumenta consideravelmente o risco de infeção, mas também o interesse crescente na utilização de fármacos imunomoduladores, importantes armas terapêuticas da Reumatologia, no combate a formas graves de infeção a SARS-CoV-2. Nos últimos meses, relatos de diferentes partes do globo têm procurado dar resposta às muitas dúvidas que permanecem por responder. Objetivos: Caracterizar a epidemiologia e evolução clínica da COVID-19 em doentes com doença reumática e músculo-esquelética, analisando a forma como esta doença e respetivo tratamento afetam a gravidade da infeção a SARS-CoV-2 e o desenvolvimento de imunidade humoral contra este vírus. Métodos: Foram incluídos doentes com doença reumática e músculo-esquelética, acompanhados no Serviço de Reumatologia do Hospital Santa Maria, com infeção confirmada ou suspeita a SARS-CoV-2, entre março e setembro de 2020. A informação demográfica, relativa a comorbilidades, hábitos tabágicos, doença reumatológica e seu tratamento, bem como informação referente à evolução da COVID-19 foi recolhida da plataforma Reuma.pt. Foram colhidas amostras de sangue para pesquisa de anticorpos IgG anti-SARS-CoV-2 por ELISA. Realizou-se uma regressão logística multivariada para identificação de preditores de gravidade de doença, definida como necessidade de internamento. Foi realizada uma ANOVA para pesquisa dos efeitos de vários fatores nos títulos de IgG anti-SARS-CoV-2. Pesquisou-se também a associação entre idade, dose de glucocorticóides e títulos IgG anti-SARS-CoV-2 utilizando uma correlação de Spearman. Resultados: O risco de internamento em doentes com patologia inflamatória não foi significativamente superior face a doentes com patologia não inflamatória, e este não foi significativamente influenciado pela imunossupressão com csDMARDs, bDMARDs ou glucocorticóides. O título de anticorpos IgG anti-SARS-CoV-2 não foi influenciado pela atividade da doença de base, tratamento crónico com imunossupressores ou gravidade da doença a coronavírus-2019.Background and introduction: As of November 2020, more than 50.000.000 people have been diagnosed with coronavirus disease-2019 (COVID-19) worldwide. The impact of this pandemic on patients with rheumatic and musculoskeletal diseases (RMDs) has been a matter of much concern, not only because of their immunocompromised state, that represents a risk for serious infections, but also given the prospects for the use of immunomodulatory drugs, part of the therapeutic armamentarium of rheumatologists for many years, on the fight against severe forms of SARS-CoV-2 (Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2) infection. During the last months, various reports, from different parts of the world, have addressed this gap in knowledge, however, to date, many questions remain unanswered. Objectives: To better characterize the epidemiological features and clinical outcomes of COVID-19 among patients with RMDs, analyzing which variables related to their rheumatologic diagnosis and baseline treatment might affect disease severity and the development of humoral immunity. Method: We included patients with RMDs, followed in the Rheumatology department of Hospital Santa Maria, with confirmed or suspected infection by SARS-CoV-2, from March to September 2020. Demographics and clinical data concerning comorbidities, smoking status, baseline RMD and chronic treatment as well as data on evolution of COVID-19 were collected from Reuma.pt. Blood samples were collected for anti-SARSCoV- 2-IgG antibodies testing using ELISA. Multivariate logistic regression was used to identify predictors of severe disease, defined as hospitalization due to COVID-19. A factorial ANOVA was performed to identify main effects on anti-SARS-CoV-2 IgG titers. Association between age, glucocorticoid dose and anti-SARS-CoV-2 IgG titers was searched for using a Spearman correlation. Results: Patients with inflammatory RMDs were not found to be at a higher risk of severe infection and chronic immunosuppressive treatment with csDMARDs, bDMARDs or glucocorticoids did not have a significant effect on hospitalization. Development of anti- SARS-CoV-2 IgG was not impacted by baseline disease activity or chronic immunosuppressive treatment nor by COVID-19 severity