LIVROS & ETC. NA OBRA DE CAETANO VELOSO

Abstract

Elemento fulcral para a disseminação e consolidação de expressões e valores culturais há alguns séculos, o livro, além de ter servido como esteio decisivo à reprodução da linguagem escrita, foi alçado da condição de suporte a tema não somente no campo literário. Esse objeto, marco indelével do imaginário moderno, também vem sendo explorado em manifestações estéticas diversas como a música, o cinema e as artes plásticas. Na produção do cantor e compositor brasileiro Caetano Veloso, a figura do livro não se apresenta circunscrita a suas canções. Veloso, além de se expressar de maneira brilhante a partir da linguagem musical, ousou se arriscar pelas sendas da escrita. Autor de livros nos quais foram editados textos de variados gêneros como o ensaio, a entrevista, a poesia e o manifesto, além de uma autobiografia, o músico baiano tem exercido o ofício das letras paralelamente à própria trajetória musical. Um recorte desse duplo trajeto será entrevisto ao longo desta análise. Inter-relacionando partes do texto autobiográfico Verdade Tropical (1997) e faixa do álbum musical Livro (1997) junto a uma série de paratextos vinculados a tais constructos o percurso desta investigação apresenta-se norteado por algumas linhas teóricas, a saber: reflexões sobre o conceito de livro, propostas por Gilles Deleuze, Félix Guattari (1995) e Michel Melot (2012); ponderações sobre as figurações do livro, do leitor e do autor, registradas por Jorge Luis Borges (1999), Ítalo Calvino (2015); a taxionomia da paratextualidade desenvolvida por Gérard Genette (2009). A partir de tais lentes, este trabalho intenciona vislumbrar nesse corpus extraído da obra de Caetano Veloso tematizações acerca do livro tomando como ponto de partida as materializações das figuras do autor, do leitor, do próprio livro e seus múltiplos agentes. O objetivo é contribuir para a reflexão crítica sobre esse objeto tão caro ao imaginário cultural

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