Tesis doctoral inédita cotutelada por la Universidade de São Paulo y la Universidad Autónoma de Madrid, Facultad de Medicina, Departamento de Cirugía. Fecha de lectura: 11-03-2020Em 2013, foi instituída a Estratégia e-SUS Atenção Básica em resposta à reestruturação do Sistema de Informação da Atenção Básica que não estava preparado para responder às necessidades da atenção primária à saúde. A Estratégia trouxe modificações nas organizações de saúde, com a introdução de novas tecnologias e, também, alterações quanto às formas de coleta, processamento e uso das informações no processo de cuidado, por meio de dois sistemas: Sistema de Informação em Saúde da Atenção Básica (nível federal) e sistema e-SUS Atenção Básica (nível local). Com isso, neste estudo objetivou-se analisar as experiências dos profissionais da equipe de saúde quanto ao uso do sistema e-SUS Atenção Básica. Configura-se como pesquisa com abordagem qualitativa, realizada em município do interior de São Paulo, com faixa populacional de 25 a 50 mil habitantes. Para a etapa de observação, os cenários observados foram Unidades Básicas de Saúde localizadas em áreas centrais e periféricas do município, que possuíam o sistema e-SUS Atenção Básica com prontuário eletrônico do cidadão implantado. Para a etapa de entrevistas, participaram do estudo profissionais atuantes nas unidades com experiência de, no mínimo, seis meses com o uso do sistema. O número de entrevistas foi determinado utilizando como critérios a repetição e saturação de dados e pelo menos dois profissionais de cada categoria profissional entrevistados. Foi utilizado roteiro semiestruturado e análise temática seguindo seis passos: familiarização com os dados, geração de códigos iniciais, investigação, revisão e definição dos temas e produção de relatório. Como resultados da observação os principais fatores que interferiram no processo de registro de dados foram o desconhecimento quanto à utilização do sistema, ausência de recursos materiais e manutenção de equipamentos. O tema central “Uso perverso do sistema”, oriundo das falas dos profissionais, é constituído de duas vertentes inter-relacionadas. A primeira é formada por experiências quanto ao uso do sistema: implantação obrigatória; falsa capacitação; aprendizagem colaborativa; restrição do uso; comunicação falha. A segunda é relacionada às características próprias do sistema: potencialidades e fragilidades do sistema e-SUS Atenção Básica. Os profissionais vivenciaram o uso restrito do sistema, iniciado com implantação conduzida sob a perspectiva de pressão institucional, bem como sentimentos de utilização do sistema apenas na produção de dados para o sistema nacional e o retrabalho no registro dos dados. Por outro lado, o novo sistema traz benefícios quanto à organização do trabalho, redução da sobrecarga de trabalho administrativo sobre o enfermeiro e criação de mecanismos de aprendizagem colaborativa. São importantes as experiências dos profissionais que utilizam o sistema, considerando serem eles os reais consumidores do processo, ao vivenciarem as questões de gestão no nível federal, municipal e de governabilidade de recursos. Dessa forma, as experiências compartilhadas também podem auxiliar os gestores e profissionais em medidas de implantação e uso mais assertivas para os municípios que ainda não experimentaram esse processo. A avaliação da implantação do sistema é uma necessidade emergente, pois pode contribuir para a melhoria de estratégias e políticas que visem alcançar a implantação do sistema em todo território brasileir