Avaliar a qualidade de vida (QdV) relacionada com a saúde
através do impacto da condição de saúde oral contribui para a melhoria das
estratégias de prevenção e intervenção em saúde oral, uma vez que a
autoperceção da saúde oral pode influenciar o autocuidado e afetar a QdV
relacionada com a saúde do indivíduo. OBJETIVOS: Avaliar a QdV
relacionada com a saúde oral com base na autoperceção do idoso.
METODOLOGIA: Estudo quantitativo, transversal e correlacional. A recolha de dados baseou-se em entrevistas estruturadas fundamentadas num
questionário sociodemográfico e na versão traduzida e adaptada para a
população portuguesa do Oral Health Impact Profile (OHIP-14-PT) a 151
idosos. RESULTADOS: A média de idade é de 84,4 anos (dp=6,4 anos),
tendo o indivíduo mais novo 65 anos e o mais velho 99 anos de idade.
Predomínio de indivíduos do sexo feminino, viúvos e que frequentaram o
ensino até ao 1º Ciclo do Ensino Básico. Do total de inquiridos, 65,6%
(n=99) têm dentes naturais, sendo que 31,8% (n=49) nunca escovam os
dentes e a boca e 17,2% (n=26) nunca frequentaram consultas de
profissionais de saúde oral. O score médio obtido no OHIP-14-PT foi 18,22,
sendo que os itens mais pontuados foram a Sensação de desconforto no
ato de comer e a Necessidade de interromper as refeições. Há diferenças
estatisticamente significativas entre o score total do OHIP-14-PT e a
literacia dos inquiridos, a autoavaliação da saúde oral e a medida em que
a saúde oral afeta a QdV. No que respeita à distribuição dos itens avaliados
pelo OHIP-14-PT segundo as dimensões, objetivou-se que, em média, as
dimensões mais pontuadas foram a Incapacidade física (M = 4,483, dp=
2,511), a Dor física (M = 4,325, dp= 2,687) e a Limitação funcional (M =
3,563, dp= 2,325) e as menos pontuadas foram a Incapacidade Social (M
= 0,609, dp= 1,125) e a Desvantagem (M = 1,000, dp= 1,342). A grande
maioria da amostra considera que a sensação de desconforto durante a
alimentação (62,3%, n = 94) e a necessidade de interromper as refeições
(60,9%, n = 92) têm impacto na QdV. Os restantes itens do OHIP-14-PT
foram avaliados pela maioria dos respondentes como não tendo impacto
na sua QdV, sendo que a quase totalidade da amostra referiu que os
problemas dos dentes, boca ou prótese dentária não tiveram impacto na
perceção de incapacidade para o desempenho das tarefas habituais
(99,3%, n = 150), na interação com os outros (99,3%, n = 150), na
capacidade de realização das atividades habituais (99,3%, n = 150) e na
capacidade de relaxar (97,4%, n = 147). CONCLUSÕES: A amostra
autorrelatou um nível moderado de QdV relacionada com a saúde oral.
Evidenciou-se que a Dor física e a Incapacidade física foram as dimensões
mais pontuadas e a Incapacidade social e a Desvantagem as menos
pontuadas. Este facto traduz a maior importância que o idoso atribui à
função da cavidade oral e ao conforto físico em detrimento das
componentes psicossociaisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersio