Dupla diplomação com a UTFPR - Universidade Tecnológica Federal do ParanáAs abelhas, Apis mellifera, coletam um conjunto de substâncias da natureza para
assegurarem a sua sobrevivência, nomeadamente o néctar que é a principal fonte em
hidratos de carbono e utilizado para produção de energia, o pólen da onde retiram:
proteínas, minerais, vitaminas e lípidos e a água que atua no controle da temperatura e
humidade da colmeia. O consumo de hidratos de carbono ocorre em todas as fases do
desenvolvimento das abelhas, porém na fase adulta a dieta é quase exclusiva à base destas
substâncias, necessitando uma abelha de aproximadamente 4 mg de açúcar por dia para
sobreviver. A suplementação artificial de hidratos de carbono é normalmente realizada
fornecendo às abelhas pastas e xaropes de mel, sacarose, açucares invertidos, xaropes de
milho de elevado conteúdo em frutose (HFCS) e outros xaropes de frutos, enquanto que
as dietas proteicas podem ser à base de farinha de soja, albumina, farinha de arroz, farinha
de milho, entre outros.
O presente trabalho teve como objetivo identificar as práticas atuais de alimentação
artificial utilizadas pelos apicultores portugueses por meio de um inquérito que ficou
disponível em plataforma digital e avaliação de seis suplementos comerciais. A avaliação
incidiu sobre: (i) o seu potencial nutritivo, nomeadamente através do teor de humidade,
cinzas, hidratos de carbono, proteínas e gorduras; (ii) a sua composição no que se refere
ao perfil de açúcares por cromatografia, quantificação de minerais por espectroscopia de
absorção atómica e do aminoácido prolina por espectroscopia; (iii) a sua segurança, a
partir da determinação dos teores de hidroximetilfurfural por espectroscopia e deteção da
presença de ADN para as amostras proteicas; (iv) bem como o impacto desses
suplementos na longevidade das abelhas por meio de um ensaio in vitro, com temperatura
e humidade controlada.
Os resultados obtidos das análises nutricionais passaram por análise multivariada
(Análise de Componentes Principais), onde foi possível evidenciar a semelhança das
amostras energéticas (Bee food; Baniaia e Abejapi) pelo teor em hidratos de carbono, e
as amostras Albupower, e Energético proteico pelos teores em cinzas e proteínas. A
amostra Energéticos V.A. diferenciou-se das demais por se mostrar influenciada pelos
teores de humidade e gordura. Para as análises composicionais, a amostra que mais se
aproximou da composição de açúcares do mel foi a Bee food, com 18% de frutose e 43%
em glucose. A quantificação dos minerais mostrou que os suplementos proteicos são mais ricos em micronutrientes sendo os elementos mais comuns sódio, potássio e cálcio, e em
menor quantidade o magnésio. A quantidade de prolina encontrada nas amostras proteicas
foi elevada, mesmo quando comparada com as quantidades desse aminoácido presentes
no pólen apícola. A partir dos resultados obtidos nos ensaio in vitro foi possível verificar
a aceitação de todos os alimentos pelas abelhas, no entanto, o único suplemento
energético capaz de aumentar a longevidade das abelhas, considerando o modo de
aplicação ad libitum, foi o Baniaia. Os demais suplementos energéticos causaram
disenterias e um aumento na taxa de mortalidade das abelhas a partir do 10° dia de vida,
recomendando-se outros modos de aplicação. Entre os suplementos proteicos os produtos
Albupower, e Energético proteico apresentaram bons desempenhos, enquanto o
Energéticos V.A. demonstrou elevada toxicidade quando fornecido de forma continuada
representando um risco à saúde das abelhas. Os resultados demonstram uma clara
necessidade de regulamentação dos produtos para alimentação artificial de abelhas,
devido às lacunas existentes no que se refere à informação disponível sobre composição,
modo de aplicação e eficácia dos produtos, mas também porque se identificou claras
divergências entre a composição encontrada e as especificações dos produtos.The honeybee, Apis mellifera, collect a set of substances from nature to ensure their
survival, namely the nectar that is the main source of carbohydrates and used for energy
production, pollen from where they take: proteins, minerals, vitamins and lipids and water
that acts as temperature control and humidity of the hive. The consumption of
carbohydrates occurs at all stages of bee development, but in adulthood the diet is almost
exclusively based on these substances, requiring a bee of approximately 4 mg of sugar
per day to survive. Artificial carbohydrate supplementation is usually accomplished by
supplying bees with honey pastes and syrups, sucrose, inverted sugars, high fructose corn
syrups (HFCS) and other fruit syrups, whereas protein diets may be the base soy flour,
albumin, rice flour, maize flour, among others.
The present work had as objective to identify the current practices of artificial feeding
used by the Portuguese beekeepers, through a survey that was available in digital
platform, together with the evaluation of six commercial food supplements. The
evaluation focus on: (i) their nutritional potential, namely for the moisture content, ashes
carbohydrates, proteins and fats; (ii) their composition by means of the sugar profile,
quantification of minerals and the amino acid proline by means of spectroscopy; (iii) its
safety, with the quantification of hydroxymethylfurfural contents by spectroscopy and the
detection of the presence of DNA for the protein samples; (iv) and the impact of these
supplements on the longevity of the bees with in vitro assays with controlled temperature
and humidity.
The results obtained from the nutritional analyzes underwent a multivariate analysis
(Principal Components Analysis), where it was possible to show the similarity of the
energetic samples (Bee food; Baniaia e Abejapi) by the carbohydrate content, and the
samples Albupower, and Energético proteico by the ash content and proteins. The
Energéticos V.A. sample was different from the others because it was influenced by
moisture and fat content. For the compositional analysis, the sample that most approached
the composition of sugars found in honey was Bee food, with 18% fructose and 43%
glucose. Quantification of minerals has shown that protein supplements are richer in
micronutrients and most common elements are sodium, potassium and calcium, and to a
lesser extent magnesium. The amount of proline found in the protein samples was very
high, even when compared to the amounts of this amino acid detected in bee pollen. From the results obtained in the in vitro assays it was possible to conclude that all the
food suplements were accepted by the bees, however, the only energetic supplement able
to increasing the longevity of the bees, under ad libidum conditions, was Baniaia. All the
other energetic supplements caused diarrheas and increase the mortality rate of the bees
from the 10th day of life, so these products should be provided in a shorter interval of
time. Among the protein supplements, Albupower, e Energético proteico revealed a good
performance, while Energéticos V.A. showed higth toxicity when supplied continuously
producing a health risks for bees.
The results show a clear need for regulation of artificial bee feeding products due to
the existing gaps in available information on composition, mode of application and
efficacy of the products, but also because clear differences were identified between the
composition found and product specifications