Literacia em saúde: um retrato da população adulta portuguesa

Abstract

Atualmente, a literacia em saúde é considerada uma ferramenta imprescindível para frequentar adequadamente o Serviço Nacional de Saúde. Esta engloba conhecimentos necessários para que os indivíduos saibam procurar, selecionar, compreender, comunicar e tomar decisões relativas à sua saúde/doença, de forma autónoma, confortável e consciente, com o objetivo de não só cuidar da sua saúde, como também prevenir doenças e manter uma vida saudável. O presente trabalho está organizado em duas partes. A primeira parte consiste num artigo de revisão da literatura que tem como objetivo conhecer o nível de literacia em saúde na população adulta portuguesa, tendo em consideração algumas variáveis sociodemográficas e clínicas dos sujeitos. De uma forma geral, os resultados sugerem que a literacia em saúde nos adultos portugueses é baixa revelando ter dificuldades e fragilidades ao nível da mesma, com destaque para os grupos considerados vulneráveis: pessoas do sexo feminino, pessoas com idade avançada, indivíduos com baixos níveis de escolaridade, viúvos, desempregados, de estatuto social baixo, com diagnóstico de alguma doença e pessoas com baixa perceção de qualidade de vida. A segunda parte integra um artigo de natureza empírica, em que se apresenta um estudo que tem como objetivo geral descrever os níveis de literacia em saúde funcional, comunicacional e crítica, numa amostra adulta portuguesa, tendo em consideração as características sociodemográficas e clínicas dos 316 participantes, onde foram administrados dois instrumentos: um questionário sociodemográfico e clínico e a Escala de Literacia em Saúde (ELS). Os resultados indicam que, globalmente, os níveis de literacia apresentados são medianos. Ao nível dos domínios da literacia em saúde a pontuação mais alta é da literacia comunicacional, que apresenta valores razoáveis (M=73,87; DP=15,56), seguida da literacia funcional (M=63,69; DP=13,30) e, por último, a crítica, que se apresenta como baixa (M=31,99; DP=7,03). Os resultados sugerem ainda, a existência de associação entre algumas variáveis sociodemográficas e clínicas nos níveis de literacia em saúde. Variáveis como a idade e a escolaridade demonstram exercer influência nos níveis de literacia em saúde. Denota-se a necessidade de promover a literacia em saúde junto dos grupos vulneráveis, em particular, mas também na população portuguesa em geral.Currently, health literacy is considered an essential tool to adequately attend to the National Health Service. This includes knowledge necessary for individuals to be able to independently seek, select, understand, communicate and make decisions regarding their health / illness in an autonomous, comfortable way and conscious, with the aim of not only taking care of your health, but also preventing illnesses and maintaining a healthy life. This paper is organized in two parts. The first one consists of an article reviewing the literature that aims to know the level of health literacy in the Portuguese adult population, taking into account some sociodemographic and clinical variables of the subjects. In general, the results suggest that health literacy in Portuguese adults is low, revealing difficulties and weaknesses in the level of education, especially in groups considered vulnerable: female, elderly, individuals with low educational levels, widows, unemployed, those with low social status, diagnosis with some disease and people with low perception of quality of life. The second part includes an empirical article, which presents a study whose general objective is to describe functional, communicational and critical health literacy levels in a Portuguese adult sample, taking into account the sociodemographic and clinical characteristics of the 316 participants, where two instruments were administered: to a sociodemographic and clinical questionnaire and to the Health Literacy Scale (ELS). The results indicate that, overall, the literacy levels presented are medium. When the three health literacy domains are considered, the highest score is communicational health literacy, which presents reasonable values (M=73.87; SD=15.56), followed by functional health literacy (M=63.69; SD=13.30) and, finally, the critical health literacy, which is the lowest (M=31.99; SD=7.03). The results also suggest the existence of an association between some sociodemographic and clinical variables and health literacy. Variables such as age and schooling have been shown to exert influence on levels of health literacy. There is a need to promote health literacy among vulnerable groups, in particular, but also in the Portuguese population in general

    Similar works