EXTENSÃO RURAL E POLÍTICAS PÚBLICAS DE INCLUSÃO PRODUTIVA DA AGRICULTURA FAMILIAR NO BRASIL: (des)conexões entre referenciais, ideias e práticas

Abstract

O termo “inclusão produtiva” foi amplamente incorporado pelo Estado brasileiro no começo dos anos 2000. No entanto, isto se deu sem que os policymakers se preocupassem com a construção de uma definição precisa para o mesmo, o que levou à proliferação de diferentes interpretações e, em virtude disso, distorções na formulação, implementação, execução e avaliação das políticas públicas ditas de inclusão produtiva. A partir de um diálogo com a abordagem cognitiva de análise de políticas públicas (Muller, 2008), este artigo analisa se o referencial de inclusão produtiva que orienta as políticas para a agricultura familiar converge com as ideais e práticas desenvolvidas pelos extensionistas rurais que intermedeiam o acesso às mesmas. Os dados provêm de pesquisa documental e entrevistas com extensionistas do Estado do Tocantins realizadas entre maio e agosto de 2018. Os resultados demonstram que as políticas para a agricultura familiar são orientadas por diferentes referenciais de inclusão, o que força os mediadores a articulá-las e torná-las coerentes para o público beneficiário. No entanto, estes referenciais não coincidem com as ideias e práticas dos extensionistas envolvidos nos processos de tradução das políticas para os diferentes grupos de agricultores familiares, o que acentua as desconexões entre as intenções das políticas e seus efeitos

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