desafios, dificuldades e competências

Abstract

Mestrado, Gestão em Enfermagem, 2011, Escola Superior de Enfermagem de LisboaO processo de reforma dos Cuidados de Saúde Primários (CSP) caracteriza-se por uma reorganização profunda dos Centros de Saúde (CS). Uma das vertentes desta reforma teve por base a criação de uma rede descentralizada de equipas multidisciplinares com estrutura de carácter permanente, com missões específicas e diferenciadas. Uma dessas equipas constitui a Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) que tem a particularidade de ter como coordenador um enfermeiro. Esta nova realidade foi o mote para desenvolver o trabalho nesta área. Este estudo teve como objectivos: compreender o papel do enfermeiro coordenador da UCC, segundo a perspectiva do mesmo; conhecer as maiores dificuldades sentidas na coordenação da unidade e da equipa multidisciplinar; identificar as competências mobilizadas no desempenho desse papel e perceber o que pode representar para a enfermagem este novo desafio. Trata-se de um estudo qualitativo de carácter descritivo e exploratório. A recolha de dados teve por base a entrevista semi-estruturada, gravada e transcrita na íntegra, a seis enfermeiras coordenadoras, de unidades sediadas na região da grande Lisboa norte. Os dados recolhidos revelaram que os enfermeiros coordenadores consideraram que este papel de coordenação e liderança de uma UCC, se revelou uma tarefa fácil tendo constituído um desafio, cujas expectativas iniciais não foram defraudadas apesar das imensas dificuldades que foram surgindo ao longo de todo o percurso. Os conhecimentos e habilidades sobre o coordenar ou gerir uma equipa, que foram adquirindo enquanto enfermeiros-chefes facilitaram bastante a sua adaptação a este novo papel. As dificuldades apontadas passaram pela carência de recursos humanos e materiais, falta de apoios da tutela, duplicação de papéis e dificuldades ao nível das relações interpessoais. No que se refere às competências a maioria dos inquiridos considera importante mobilizar competências (conhecimentos habilidades e atitudes) que permitam desenvolver as suas funções de gestão e liderança com eficácia e eficiência em benefício dos indivíduos e comunidade, promovendo acima de tudo a qualidade dos cuidados e o bem-estar na equipa. Prevalece a referência aos conhecimentos sobre a comunidade e as competências relacionais como ponto facilitador do seu papel de coordenador. Identificou-se que os participantes dão grande importância às habilidades para negociação, gestão de conflitos e às atitudes que promovam o bom relacionamento interpessoal. Foi possível perceber que a UCC tendo como coordenador um enfermeiro consegue dar-se a conhecer à população e à comunidade dando assim uma maior visibilidade também aos cuidados de enfermagem. A pesquisa assinalou a necessidade de haver um maior acompanhamento, por parte das equipas regionais de apoio, aos coordenadores das unidades desde a fase de arranque do projecto até à sua consolidação

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