O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da desfolha pré-florescimento e da irrigação na produção de sementes de trevo vermelho (Trifolium pratense L.).CIC

FAGUNDES, B. F.

MALCORRA, M. P.

RITA, G. R.

SILVA, G. M. da

TRENTIN, G.

Portuguese

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 DESFOLHA E IRRIGAÇÃO NA PRODUÇÃO DE SEMENTES DE TREVO VERMELHO (Trifolium pratense L.)  GABRIEL RODAL RITA1; BRIANA FREITAS FAGUNDES2; MICHELE PEREIRA MALCORRA3; GUSTAVO TRENTIN4; GUSTAVO MARTINS DA SILVA5  1 Instituto de Desenvolvimento do Alto Uruguai - IDEAU – gabrielrodal@hotmail.com 2 Universidade da Região da Campanha - URCAMP – freitasfagundesbriana@yahoo.com.br 3 Universidade da Região da Campanha - URCAMP – michelemalcorra@hotmail.com 4Embrapa Pecuária sul – gustavo.trentin@embrapa.com.br 5 Embrapa Pecuária sul – gustavo.silva@embrapa.com.br   1. INTRODUÇÃO  Os aspectos relacionados à produção de sementes de uma espécie forrageira, da qual a produção vegetativa assume uma função relevante, também devem ser considerados como fundamentais, já que estão diretamente relacionados ao estabelecimento da futura pastagem cultivada (BOGGIANO; ZANONIANI, 2001). A desfolhação em um sementeiro de espécie forrageira se constitui em uma importante ferramenta de manejo, favorecendo o florescimento mais intenso e uniforme no tempo (DOMINGUES et al., 1991; FLARESSO; SAIBRO, 1992). O corte mecanizado, além de proporcionar uma renda adicional com a produção de feno, é um procedimento que apresenta menos riscos em relação ao pastoreio, com a vantagem adicional de reduzir a ocorrência de plantas indesejadas com sementes maduras no momento da colheita (SILVA; PILON, 2015). Vários trabalhos foram realizados no Uruguai avaliando o manejo da desfolha em sementeiros de leguminosas forrageiras (FORMOSO, 2011), e essa prática já tem sido utilizada no sul do Brasil, através de cortes mecanizados na primavera. Outra tecnologia considerada no presente trabalho foi a irrigação, que apresenta potencial para maximizar o rendimento de sementes ao suprir a necessidade hídrica das plantas no final do ciclo. A irrigação, utilizada de forma associada ao corte para uniformização do florescimento, pode garantir a rebrota em um período do ano no qual frequentemente ocorrem estiagens prolongadas. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da desfolha pré-florescimento e da irrigação na produção de sementes de trevo vermelho (Trifolium pratense L.).   2. METODOLOGIA  Em julho de 2017 foi implantado um sementeiro de trevo vermelho na Embrapa Pecuária Sul, Bagé-RS, em área aproximada de 1,4 hectares. O plantio foi feito em linhas equidistantes em 12,5cm, com densidade de 11,5kg de sementes “pura-viável” por hectare, previamente inoculadas. O experimento foi instalado no dia 07 de novembro, em local onde o cultivo se apresentava mais homogêneo. Utilizou-se o delineamento em blocos ao acaso, com quatro repetições de campo e parcelas de 16m2 de área. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e ao teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Os fatores de tratamento foram: corte da vegetação (com e sem) e irrigação (com e sem). O corte com segadeira manual de dentes foi realizado no dia 9 de novembro, a uma altura média de 13cm, enquanto as parcelas não cortadas apresentavam  48cm. A irrigação foi realizada por aspersão, conforme a necessidade das plantas, considerando o regime de chuvas e a umidade do solo. É importante ressaltar que no período do experimento a precipitação pluviométrica foi abaixo do normal, para os meses de novembro e dezembro de 2017. Segundo o Boletim Climático para o Estado do Rio Grande do Sul publicado nos meses dezembro de 2017 e janeiro de 2018 (INMET, 2018). Essa situação meteorológica causou uma séria restrição hídrica para o desenvolvimento das plantas. Por isso, durante o experimento foram realizadas nove irrigações de 15mm cada, desde o corte até a colheita de sementes. As variáveis avaliadas foram: massa vegetal no momento da colheita de sementes, número de inflorescências por planta e de sementes por inflorescência, peso de 1.000 sementes, rendimento por área e qualidade de sementes pelo teste de germinação. O rendimento potencial foi obtido através de cálculos matemáticos pelos componentes da produção (variáveis já citadas), e o rendimento real através da colheita mecanizada com colhedora de parcelas na área útil de 9m2. Essa colheita mecanizada, e as coletas manuais, utilizando-se quadros de 50x50cm alocados dentro da área útil das parcelas, foram realizadas no período de 27 de dezembro a 11 de janeiro de 2018, conforme a maturação de sementes.    3. RESULTADOS E DISCUSSÃO   A análise estatística não mostrou interação entre os fatores de tratamento, por isso foram observados os efeitos principais do corte e da irrigação. Nas Tabelas 1 e 2 apresentam-se as médias de cada variável, com a indicação do teste de significância e o coeficiente de variação. Como se pode observar de forma geral, os tratamentos sem corte e com irrigação tiveram um efeito positivo nas variáveis quantitativas, principalmente em massa vegetal, número de inflorescências e rendimento de sementes. Observa-se também que as os valores obtidos em termos de rendimento potencial, obtido a partir dos componentes do rendimento, são bem superiores ao rendimento real, que representa a quantidade de sementes efetivamente colhidas de forma mecanizada. Os rendimentos médios e a qualidade das sementes forrageiras produzidas estão muito aquém daqueles obtidos pela pesquisa e pelos melhores produtores (MAIA, 2005). A variável “número de sementes por inflorescência” não variou de forma significativa por efeito dos tratamentos, embora a grande diferença nos valores encontrados, em função do alto coeficiente de variação.  Notou-se uma tendência dos tratamentos que aumentaram a produção de sementes afetarem negativamente o peso de 1.000 sementes, embora essa variável não tenha mostrado diferença estatística entre os valores observados. Se isso realmente acontece, a explicação pode ser a dificuldade das plantas que produzem muitas sementes, na condição de grande competição intraespecífica, em prover quantidade de reservas suficiente para encher as sementes de acordo com o potencial de espécie.   Tabela 1 – Matéria Seca (kg ha-1), Inflorescências (número m2-1), Sementes por Inflorescência, Peso de 1000 sementes (g), Rendimento Potencial (kg ha-1), Rendimento Real (kg ha-1), Germinação (%) e Sementes Duras (%) de Trevo Vermelho em Função do Corte Pré-Florescimento. Média de Oito Repetições de Campo. Bagé, 2017.    VARIÁVEIS AVALIADAS SEM CORTE COM CORTE COEF.VAR. Matéria seca 4.350 a 2.053 b 20,3% Inflorescências 1.132 a 724 b 27,9% Sementes por inflorescência 54,5 a 40,4 a 105,8% Peso de 1000 sementes 1.391 a 1.492 a 27,3% Rendimento potencial 540 a 436 a 51,9% Rendimento real 254 a 76 b 19,7% Germinação 85,37 a 84,37 a 5,8% Sementes duras 7,12 a 8,75 a 24,7% Médias seguidas da mesma letra nas linhas não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade.   Tabela 2 – Matéria Seca (kg ha-1), Inflorescências (número m2-1), Sementes por Inflorescência, Peso de 1000 sementes (g), Rendimento Potencial (kg ha-1), Rendimento Real (kg ha-1), Germinação (%) e Sementes Duras (%) de Trevo Vermelho em Função da Irrigação. Média de Oito Repetições de Campo. Bagé, 2017.   VARIÁVEIS AVALIADAS SEM IRRIGAÇÃO COM IRRIGAÇÃO COEF.VAR. Matéria seca 2.753 b 3.650 a 20,3% Inflorescências 660 b 1.196 a 27,9% Sementes por inflorescência 34,7 a 60,2 a 105,8% Peso de 1000 sementes 1,486 a 1,397 a 27,3% Rendimento potencial 329 b 657 a 51,9% Rendimento real 161 a 169 a 19,7% Germinação 83,37 a 86,37 a 5,8% Sementes duras 9,12 a 6,75 b 24,7% Médias seguidas da mesma letra nas linhas não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade.    Na Tabela 2 observa-se que o rendimento real não foi significativo para o fator irrigação, embora o rendimento potencial tenha mostrado uma grande diferença a favor do tratamento com irrigação. Isso pode ser devido à dificuldade da colheita mecânica na situação do cultivo irrigado, pois a massa verde é maior e também a desuniformidade na maturação das sementes, causando perdas no processo de colheita.  A germinação não variou significativamente entre os tratamentos, mas a irrigação reduziu o percentual de sementes duras (Tabela 2), o que pode ser um indicativo importante para a produção de sementes, oferecendo ao produtor uma  ferramenta para interferir nessa condição natural das sementes de leguminosas forrageiras.   4. CONCLUSÕES  Em condições de restrição hídrica, o corte pré-florescimento prejudica o rendimento de sementes, afetando negativamente o número de inflorescências por área. Contudo, o corte é importante caso o cultivo seja irrigado, pois favorece a colheita mecanizada reduzindo a massa verde e uniformizando a floração. A irrigação a partir do florescimento garante um maior rendimento de sementes em condições de restrição hídrica, contribuindo principalmente com o número de inflorescências por área. Além disso, observa-se uma tendência de redução no percentual de sementes duras quando se utiliza a irrigação nessas condições.   5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS  BOGGIANO, P.; ZANONIANI, R. A. Producción de semilla de Bromus auleticus Trinius. Consideraciones generales. In: DIALOGO LVI – Los Recursos Filogenéticos del Genero Bromus en el Cono Sur. Bagé-RS: PROCISUR, p.29-34, 2001.  DOMINGUES, H. G.; NABINGER, C.; PAIM, N. R. Efeito de florescimentos sucessivos no rendimento de sementes de trevo branco. Pesquisa Agropecuária Brasileira. Brasília, vol.26, n.2, p.205-214, 1991.  FLARESSO, J. A.; SAIBRO, J. C. Influência de regimes de corte e adubação no rendimento de matéria seca, reservas de glicídeos não estruturais e ressemeadura natural de Lotus corniculatus L. Pesquisa Agropecuária Brasileira. Brasília, vol.27, n.1, p.181-188, 1992.  FORMOSO, F. Producción de semillas de espécies forrajeras. INSTITUTO NACIONAL DE INVESTIGACIÓN AGROPECUÁRIA – INIA. Montevideo – Uruguay: INIA, 2011. 233p.  INMET. Boletim Climático para o Rio Grande do Sul. Acessado em 10 setembro. 2018. Online. Disponível em: http://www.inmet.gov.br/portal/arq/clima/prog_clima_rs/.  MAIA, M. S. Produção e mercado de sementes forrageiras. In: I Seminário caminhos do melhoramento de forrageiras e dia de campo de melhoramento de forrageiras. Pelotas: EMBRAPA, P.65-72, 2005. (Embrapa Clima Temperado, Documentos, 140).  SILVA, G. M. da; PILON, M. de S. Aspectos técnicos e econômicos da produção de sementes de cornichão (Lotus corniculatus L.) e trevo-vermelho (Trifolium pratense L.). Bagé: EMBRAPA, 18p., 2015 (Embrapa Pecuária Sul, Comunicado Técnico, n.70).   

Desfolha e irrigação na produção de sementes de trevo vermelho (Trifolium pratense L.).

http://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/1100140/1/UFPELdesfolhairrigtrverm.pdf

Desfolha e irrigação na produção de sementes de trevo vermelho (Trifolium pratense L.).

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