Este trabalho teve como objetivo avaliar o tempo de cultivo e o diâmetro da estaca mais indicados para a produção de mudas de Oxalis psoraleoides

ARAÚJO, K. L. G. de

KIILL, L. H. P.

PORTO, D. D.

SILVA, R. C. S. da

SOUZA, G. C. da S.

Portuguese

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Avaliação do tempo de cul-tivo e diâmetro da estaca no enraizamento de mudas de Oxalis psoraleoides Kunth. (Oxalidaceae)Geisse Carla da Silva Souza1; Kacya Lowrana Gal-vão de Araújo2; Raíra Carine Santana da Silva1; Lú-cia Helena Piedade Kiill3, Diogo Denardi Porto4ResumoConhecida como velame-vultoso, Oxalis psoraleoides apresenta porte arbus-tivo com produção de fl ores constante ao longo do ano, conferindo à espécie potencial ornamental para cultivo em vaso. Este trabalho tem como objeti-vo avaliar o tempo de cultivo e o diâmetro da estaca mais indicados para a produção de mudas dessa espécie. Para o experimento foram utilizadas 90 estacas com 10 cm de comprimento, com diâmetros ≤ 4 mm, de 4 mm a 7 mm e > 7 mm. Estas foram mantidas em cultivo em vaso e avaliadas aos 30, 60 e 90 dias quanto ao número de raízes por estaca (NRE), de brotos por estaca (NBE), de folhas por broto (NFB), peso fresco da parte área (PFA) e porcen-tagem de estacas enraizadas (PEE). Diferenças signifi cativas foram registra-das para as quatro variáveis analisadas (NRE, NBE, NFB e PFA) quando se considerou o diâmetro da estaca (D) e o período de cultivo (PC) em separa-do. Os melhores resultados na propagação vegetativa de Oxalis psoraleiodes foram obtidos com estacas cultivadas por 60 dias com base na porcentagem de enraizamento de estacas e a partir de estacas de maior diâmetro com base no número de raízes por estacas. O uso de hormônios de enraizamento deve ser avaliado visando maior efi ciência na propagação. Palavras-chave: velame-vultoso, ornamental, Caatinga.1Estudante de Ciências Biológicas, UPE, estagiária da Embrapa Semiárido, Petrolina, PE. 2Estudante de Ciências Biológicas, UPE, bolsista Apoio Técnico NM/CNPq, Petrolina, PE.3Biologa, D.Sc em Biologia Vegetal, pesquisadora da Embrapa Semiárido; 4 Biólogo, Doutor em Biologia Molecular, pesquisador da Embrapa Semiárido, Petrolina-PE, diogo.porto@embrapa.br.262 Anais da XIII Jornada de Iniciação Científi ca da Embrapa SemiáridoIntroduçãoUtilizar espécies nativas para fi ns ornamentais é uma forma de aproveitar a rusticidade e a beleza da fl ora local, além de contribuir para a valorização e conservação do patrimônio genético e da biodiversidade dos biomas brasilei-ros (Alvarez; Kiill, 2014).Considerando-se que as espécies nativas da Caatinga estão adaptadas às condições de clima seco e baixa disponibilidade de água, estas podem ser indicadas para uso ornamental visando menor custo de manutenção com irri-gações periódicas. No entanto, o uso de espécies da Caatinga para esse fi m ainda é reduzido em virtude da ausência de informações para a multiplicação e manejo dessas espécies (Cavalcante et al., 2017). Entre as espécies de potencial ornamental da Caatinga, encontra-se Oxalis psoraleoides Kunth (Oxalidaceae), conhecida popularmente como azedinho e velame-vultoso. Essa espécie apresenta porte arbustivo, fl ores amarelas reu-nidas em infl orescências dispostas ao longo do caule, que contrastam com o verde de suas folhas, conferindo aspecto visual atraente para que a espécie possa ser utilizada para cultivo em vaso ou em cercas-vivas. Sua ocorrência é registrada na Caatinga, Mata Atlântica e Pantanal (Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2018) sendo, no estado de Pernambuco, considerada como a espécie de maior distribuição entre as nove do gênero Oxalis (Abreu, 2007). A estaquia é uma técnica de propagação vegetativa amplamente emprega-da para espécies ornamentais podendo proporcionar a produção de grande quantidade de mudas de qualidade para viveiros. Este trabalho teve como objetivo avaliar o tempo de cultivo e o diâmetro da estaca mais indicados para a produção de mudas de Oxalis psoraleoides.Material e MétodosO trabalho foi conduzido na Embrapa Semiárido, utilizando-se as instalações do Laboratório de Ecologia e o viveiro de plantas ornamentais. Para a rea-lização do experimento, utilizaram-se estacas coletadas em plantas Oxalis psoraleoides mantidas na coleção de plantas ornamentais. A coleta das estacas foi realizada no mês de outubro de 2017, quando foi feita a poda de 31 indivíduos mantidos em vasos na coleção. Após a poda, o ma-terial vegetativo foi levado para o Laboratório de Ecologia, onde as estacas foram classifi cadas em três diâmetros: ≤ 4 mm, > 4 mm e ≤ 7 mm e > 7 mm. 263DOCUMENTOS 283Para o experimento, foram selecionadas 90 estacas com 10 cm de compri-mento. Os tratamentos consistiram na combinação das três classes de diâ-metro, com três tempos de cultivo (30, 60 e 90 dias), em esquema fatorial, totalizando nove tratamentos, com dez repetições. As estacas foram manti-das em vasos com substrato composto por mistura de solo argiloso e areia na proporção de 1:1. Após o plantio, os vasos foram irrigados diariamente para a manutenção do estado hídrico até a capacidade de campo.As variáveis analisadas foram: número de brotos por estaca (NBE), número de folhas por broto (NFB), número de raízes por estaca (NRE), peso fresco da parte aérea da estaca (PFA) e porcentagem de estacas enraizadas (PEE). Para obtenção do PFA, as estacas e os tecidos brotados foram avaliados com auxílio de balança analítica. Os dados foram submetidos à análise estatística pelo o Programa Genes Anova - Fatorial Composto.Resultados e DiscussõesObservou-se diferenças signifi cativas para as quatro variáveis analisadas (NRE, NBE, NFB e PFA) quando se considerou o diâmetro da estaca (D) e o período de cultivo (PC) em separado. Na interação entre esses últimos, so-mente para NBE não foram observadas diferenças signifi cativas (Tabela 1).Tabela 1. Análise de variância para a comparação dos valores médios de nú-mero de raízes por estaca (NRE), número de brotos por estaca (NBE), núme-ro de folhas por broto (NFB), peso fresco da parte aérea (PFA) por diâmetro e período de cultivo das estacas de Oxalis psoraleoides. Médias seguidas de asterisco diferem estatisticamente a 5%.Variável NRE % NBE % NFB % PFA%Diâmetro (D) 6,880 * 3,658  * 8,790 * 125,511 *Período de cultivo (PC) 15,149 * 24,500 * 22,92* 16,570 *D x PC 7,539 * 2,276  9,013 * 5,532 *Em relação ao número de raízes por estacas, somente nas estacas culti-vadas por 60 dias registraram-se diferenças, sendo os melhores resultados obtidos para as estacas de maiores diâmetros (Tabela 2). Quanto ao número de brotos por estacas, com a análise estatística realizada não se observou diferença para nenhum dos três períodos de cultivos avaliados. 264 Anais da XIII Jornada de Iniciação Científi ca da Embrapa SemiáridoTabela 2. Médias de número de raízes por estaca (NRE), número de brotos por estaca (NBE), peso fresco da parte área em gramas (PFA) e número de folhas por broto (NFB) por diâmetro (≤ 4 mm; > 4 mm e ≤ 7 mm e > 7 mm) e período de cultivo (30, 60 e 90 dias) de estacas de Oxalis psoraleoides.Diâmetro da estaca NRE NBE30 dias 60 dias 90 dias 30 dias 60 dias 90 dias≤ 4 mm 0,0 ± 0,00 a 3,4 ± 2,91 a 0,0 ± 0,00 a 1,6 ± 0,70 a 1,6 ± 0,70 a 0,5 ± 0,85 a> 4 e ≤ 7 mm 0,0 ± 0,00 a 0,0 ± 0,00 b 0,0 ± 0,00 a 1,7 ± 0,48 a 1,0 ± 1,05 a 0,0 ± 0,00 a> 7 mm 0,0 ± 0,00 a 1,3 ± 1,64 ab 0,7 ± 1,25 a 1,6 ± 0,52 a 1,4 ± 0,52 a 1,0 ± 0,47 aDiâmetro da estaca PFA NFB30 dias 60 dias 90 dias 30 dias 60 dias 90 dias≤ 4 mm 5,95 ± 0,81 a 5,72 ± 1,09 a 3,84 ± 1,10 a 9,5 ± 2,95 a 12,8 ± 6,81 a 0,6 ± 1,35 b> 4 e ≤ 7 mm 3,84 ± 1,04 b 2,79 ± 0,75 ab 2,75 ± 0,72 b 8,2 ± 4,89 a 2,5 ± 2,84 a 0,0 ± 0,00 b> 7 mm 1,89 ± 0,39 c 2,19 ± 0,73 b 1,59 ± 0,49 c 6,0 ± 2,54 a 5,6 ± 2,55 a 4,8 ± 5,03 aValores na coluna acompanhados pelas mesmas letras não diferem estatisticamente para P < 0,1.265DOCUMENTOS 283De modo geral, os resultados mostraram que PEE foi de 0%, 50% e 10%, respectivamente, para 30, 60 e 90 dias, indicando que, independente do di-âmetro e do tempo de cultivo, as estacas de Oxalis psoraleiodes apresenta-ram baixas taxas de enraizamento. Esses resultados diferem dos registrados para Oxalis latifolia, que se propaga facilmente de forma assexuada (Estelita, 1977). A diferença de PEE observada entre as estacas cultivadas por 60 e 90 dias pode estar associada à variabilidade genética e/ou fi siológica dos indivíduos coletados. Vale salientar que durante o experimento observou-se estacas com brotos e folhas, mas sem produção de raízes, indicando a ne-cessidade de se avaliar o uso de indutores de enraizamento para se obter melhores resultados com essa forma de propagação. ConclusõesOs melhores resultados na propagação vegetativa de Oxalis psoraleiodes fo-ram obtidos com estacas cultivadas por 60 dias com base na porcentagem de enraizamento de estacas, e a partir de estacas de maior diâmetro com base no número de raízes por estacas. O uso de hormônios de enraizamento deve ser avaliado visando maior efi ci-ência na propagação. ReferênciasABREU, M. C. Sistemática do gênero Oxalis L. (Oxalidaceae) no Estado de Pernambu-co, Brasil. 2007. 67 f. Dissertação (Mestrado em Botânica) – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife. >4 e d7mm d4mm > 7 mm  >4 e d7mm d4mm > 7 mm  >4 e d7mm d4mm > 7 mm Figura 1. Estacas de Oxalis psoraleoides com diâmetro> 7 mm, >4 mm e ≤7mm e ≤4mm, com 30 (A), 60 (B) e 90 (C) dias de cultivo.Com relação ao número de folhas por brotos, verifi cou-se diferenças signifi -cativas entre os diâmetros das estacas somente com 90 dias de cultivo (Fi-gura 1, Tabela 2). As estacas de menor diâmetro se destacaram das demais. Quanto ao peso fresco da parte aérea, nos três períodos de cultivos foram registradas diferenças em relação ao diâmetro da estaca (Tabela 2).266 Anais da XIII Jornada de Iniciação Científi ca da Embrapa SemiáridoALVAREZ, I. A.; KIILL, L. H. P. Arborização, fl oricultura e paisagismo com plantas da Caatinga. Informativo ABRATES, v. 24, n. 3, p. 63-67, dez. 2014. Edição das palestras do V Workshop de Tecnologia e Fisiologia de Sementes e Mudas, Petrolina, dez. 2014.CAVALCANTE, M. Z. B.; DULTRA, D. F. da S.; SILVA, H. L. da C.; COTTING, J. C.; SILVA, S. D. P. da; SIQUEIRA FILHO, J. A. de Potencial ornamental de espécies do Bioma Caatinga. Comunicata Scientiae, v. 8, n. 1, p. 43-58, 2017.ESTELITA, T. M. E. Propagação vegetativa de Oxalis latifolia Kunth (Oxalidaceae). Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo, v. 5, p. 13-20, 1977.INSTITUTO DE PESQUISAS JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO. Oxalis psoraleoi-des Kunth. Rio de Janeiro, 2018. Disponível em: <http://fl oradobrasil.jbrj.gov.br/refl ora/fl orado-brasil/FB12486>. Acesso em: 03 Abr. 2018. 

Avaliação do tempo de cultivo e diâmetro da estaca no enraizamento de mudas de Oxalis psoraleoides Kunth. (Oxalidaceae).

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