O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência do molhamento foliar e do tempo decorrido após a poda na ocorrência de sintomas da doença

BARBOSA, M. A. G.

BATISTA, D. da C.

CALGARO, M.

FARIAS, J. W. de S.

LOURENÇO, D. da S.

Portuguese

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Ocorrência do cancro bac-teriano da videira em função do molhamento foliar após a podaDuany da Silva Lourenço1; José Williano de Souza Farias1; Marcelo Calgaro2; Diógenes da Cruz Batis-ta3; Maria Angélica Guimarães Barbosa4ResumoO cancro bacteriano da videira, causado por Xanthomonas campestris pv. viticola (Nayudu) Dye, pode provocar severas perdas na produção de uva no Submédio do Vale do São Francisco quando há coincidência de ocorrência de chuvas, seja com o período de poda, com a presença de ramos não lignifi -cados ou com a época de fl oração. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a infl uência do molhamento foliar e do tempo decorrido após a poda na ocor-rência de sintomas da doença.  O trabalho foi desenvolvido em Petrolina, PE, com a cultivar Red Globe. Foram avaliados os períodos de 10, 20 e 30 dias após a poda e simulação de precipitações de 0,0 mm e de 11,0 mm, durante 3 dias consecutivos. O experimento foi realizado em blocos ao acaso, com três repetições. A severidade do cancro com simulação de chuvas foi signifi cativa-mente maior do que a do tratamento sem simulação de chuvas. A simulação de chuva aos 10 dias após a poda proporcionou maior severidade da doença. A simulação aos 30 dias após a poda não favoreceu o desenvolvimento de sintomas. Concluiu-se que a ocorrência de precipitação de 11,0 mm em até 20 dias após a poda favorece pouco o aparecimento de sintomas do cancro bacteriano da videira. Palavras-chave: Vitis vinifera, Xanthomonas campestris pv. viticola, epide-miologia.1Estudante de Ciências Biológicas, UPE, estagiário(a) da Embrapa Semiárido, Petrolina, PE.2Engenheiro-agrônomo, D.Sc. em Engenharia Agrícola, pesquisador da Embrapa Semiárido, Petrolina, PE.3Engenheiro-agrônomo, D.Sc. em Fitopatologia, pesquisador da Embrapa Semiárido, Petrolina, PE.4Engenheira-agrônoma, D.Sc. em Fitopatologia, pesquisadora da Embrapa Semiárido, Petrolina, PE, angelica.guimaraes@embrapa.br.386 Anais da XIII Jornada de Iniciação Científi ca da Embrapa SemiáridoIntroduçãoO setor produtivo local vem sofrendo, desde 1998, com a presença do can-cro bacteriano da videira, causado pela bactéria Xanthomonas campestris pv. viticola (Xcv) (Nayudu) Dye. Essa bactéria é classifi cada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) como praga quarentenária presente (A2), sujeita a controle ofi cial (Brasil, 2013).A presença de Xcv no Vale do São Francisco, além de pôr em risco a compe-titividade da região em termos de produtividade, impede o trânsito de material vegetal de videira a partir dos estados onde a bactéria foi detectada e pode limitar o acesso da uva da região ao mercado internacional, já que a bacté-ria causadora da doença possui ocorrência mundial bastante restrita, sendo limitada, aparentemente, ao Brasil (Lima et al., 1999; Malavolta Júnior et al., 1999), Índia (Nayudu, 1972) e Tailândia  (Buensanteai, 2004). Condições climáticas de alta umidade e de temperaturas elevadas favorecem o aparecimento de sintomas, especialmente se essas condições coincidirem com o período da poda e com a presença de tecidos jovens. O conhecimento do período necessário entre a poda e a ocorrência de molhamento foliar sem que ocorra o aparecimento de sintomas ainda é desconhecido. Esta informa-ção é importante, principalmente quando aliada a sistemas de previsão de chuvas, pois possibilitará ao produtor maior margem de segurança para a realização de podas em épocas que permitam o aproveitamento de janelas de mercado. O objetivo deste trabalho foi avaliar a infl uência do molhamento em combi-nação com o período de tempo após a poda na ocorrência de sintomas do cancro bacteriano da videira.Material e MétodosO trabalho foi desenvolvido com a cultivar Red Globe, no Campo Experi-mental de Bebedouro, pertencente à Embrapa Semiárido, localizado em Pe-trolina, PE. A área foi implantada com sistema de irrigação por gotejamento em linhas simples e outro por microaspersão sobre copa, sendo este último utilizado como simulador de precipitação moderada. O sistema de simulação de precipitação foi composto por linhas de tubos de polietileno, instaladas acima da latada, nas quais foram fi xados microaspersores com vazão de 88 L/h, proporcionando uma precipitação de 11,0 mm. Foram simuladas precipi-tações, duas vezes ao dia, em diferentes períodos após a poda (10, 20 e 30 dias), durante 3 dias consecutivos. 387DOCUMENTOS 283O experimento foi instalado em delineamento experimental de blocos ao aca-so com três repetições. Cada parcela foi composta por três plantas. As plan-tas foram avaliadas quanto à severidade, com auxílio de escala diagramática (Nascimento et al., 2005). Em cada planta, foram avaliados três ramos (basal, mediano e apical) para se verifi car a incidência de cancros e nove folhas em cada ramo, sendo três na região basal, três na mediana e três na região api-cal do ramo. Portanto, a unidade de amostragem foram os ramos, em número de três por planta, com nove folhas por planta avaliada. O experimento foi conduzido no primeiro semestre de 2017.Os dados obtidos foram submetidos à análise de normalidade pelo teste de Shapiro Wilk e, posteriormente, à análise não paramétrica de Kruskal-Wallis, com o auxílio do programa SAS.Resultados e DiscussãoPelo teste de normalidade de Shapiro Wilk, os dados não apresentaram dis-tribuição normal, não sendo indicada, portanto, a realização da análise de variância e, por isso, foi utilizado o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis. Houve diferença signifi cativa (P>χ2=0,006) quando foi comparada a severi-dade da doença nos tratamentos com e sem simulação de chuva, sendo a severidade e a área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) no tratamento com simulação signifi cativamente maior do que aquela do trata-mento sem simulação de chuvas (Figura 1).  Figura 1. Área abaixo da curva de progresso da doença (AA-CPD) do cancro bacteriano da videira, causado por Xantho-monas campestris pv. viticola, nos tratamentos com e sem simulação de chuva.388 Anais da XIII Jornada de Iniciação Científi ca da Embrapa SemiáridoQuando comparada a severidade do cancro bacteriano da videira em relação aos diferentes períodos de poda, houve diferença signifi cativa (P>χ2<0,0001) apenas no tratamento com simulação de chuvas. Tendo a simulação de chu-va, aos 10 dias após a poda, proporcionado maior severidade. A simulação, aos 30 dias após a poda, não favoreceu o aparecimento de sintomas da doença. No geral, houve baixa intensidade da doença, e a severidade variou de 0% a 1,8%. Isso, provavelmente, em função do pequeno número de horas com umidade relativa do ar e temperaturas altas. Na Figura 2, é possível observar o número de horas durante o experimento com temperatura acima de 25 oC e umidade relativa do ar superior a 70%. Salienta-se que a umidade igual ou superior a 70% ainda não refl ete em água livre na superfície da folha. É a presença de água livre que torna possível a infecção foliar, enquanto a disseminação secundária é favorecida por alta umidade seguida de períodos de vento e chuva, o que distribui a bactéria dentro do dossel da cultura (Tuti et al., 2015). Para a bactéria X. axonopodis pv. malvacearum, a umidade re-lativa em torno de 85% e temperatura de 36 ºC são as condições ideais para o desenvolvimento da doença (Hillocks, 1992). Como os períodos de alta umidade tiveram pequena duração, isso afetou negativamente o aumento da severidade da doença ao longo do tempo.Figura 2. Severidade do cancro bacteriano da videira, causado por Xanthomonas campestris pv. viticola, no tratamento com simulação de chuva aos 10, 20 e 30 dias após a poda e total de horas com umidade do ar acima de 70% e temperatura acima de 25 ºC.389DOCUMENTOS 283ConclusãoA ocorrência de molhamento na videira favorece o aumento da severidade do cancro bacteriano e chuvas de até 11,0 mm não interferem no aumento da severidade da doença, independentemente da poda ter ocorrido a 10, 20 ou 30 dias antes da chuva.ReferênciasBRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 59, de 18 de dezembro de 2013. Regulamenta as pragas quarentenárias presentes e ausentes. Diário Ofi cial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, p. 91-92, 24 dez. 2013. Seção 1. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/laboratorios/laboratorios-credenciados/documentos-rede-nacional-de-laboratorios-agropecuarios/in-59-2013-pragas-quarentenarias--para-o-brasil.pdf>. Acesso em: 5 abr. 2018.BUENSANTEAI, M. N. Identifi cation, development of detection method and survey of bacterial necrosis disease of grapevine in Thailand. 2004. 80 f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia da Produção de Alimentos) – Suranaree University of Technology, Muang District.HILLOCKS, R. J. Bacterial blight. In: HILLOCKS, R. J. (Ed.). Cotton disease. Willingford: CAB International, 1992. p. 38-85.LIMA, M. F.; FERREIRA, M. A. S. V.; MOREIRA, W. A.; DIANESE, J. C. Bacterial canker of grapevine in Brazil. Fitopatologia Brasileira, v. 24, n. 3. p. 440-443, 1999.MALAVOLTA JÚNIOR V. A.; ALMEIDA, I. M. G.; SUGIMORI, M. H.; RIBEIRO,I. J. A.; RO-DRIGUES NETO, J. Ocorrência de Xanthomonas campestri pv. viticola em videira no Brasil. Summa Phytopathologica, v. 25, n. 3, p. 262-264,1999.NASCIMENTO, A. R. P.; GOMES, A. M. A.; MICHEREFF, S. J.; MARIANO, R. L. R. Elaboração e validação de escala diagramática para cancro bacteriano da videira. Summa Phytopatholo-gica, v. 31, p. 56-61, 2005.NAYUDU, M. V. Pseudomonas viticola sp. nov., incitant of a new bacterial disease of grapevine. Phytopathologische Zeitschrift, v. 73, n. 2, p.183-186, 1972.TUTI, N. Z.; NAHUNNARO, H.; AYUBA, K. Effect of some environmental factors on incidence and severity of angular leaf spot of cotton in Yola and Mubi, Adamawa State, Nigeria. World Journal of Engineering and Technology, v. 3, n. 3B, p. 19-25, 2015.

Ocorrência do cancro bacteriano da videira em função do molhamento foliar após a poda.

http://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/1099011/1/Duany.pdf

Ocorrência do cancro bacteriano da videira em função do molhamento foliar após a poda.

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