O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade pós-colheita dos melões exportados pelo Porto de Natal-RN , identificando características qualitativas desfavoráveis ao mercado. Foram analisados 2.120 frutos no período de dezembrao de 2001 a março de 2002 com amostragem mediante as Normas de Fiscalização da Delegacia da Agricultura e do abastecimento - DFA/SSV. O trabalho foi desenvolvido no Porto de Natal, na unidade do Vigiagro/SSV/MA. A avaliação dos frutos foi feita de maneira sistemática, seguindo o preenchimento de uma "Ficha de Controle de Qualidade do Melão Exportado". O teor de sólidos solúveis totais e a firmeza de polpa foram determinados. Dos frutos analisados, foram exportados 56,56% Amarelo, 14,91% Orange Flesh, 11,23% Pele de Sapo, 11,40% Gália, 4,15 Cantaloupe e 1,70% Charentais. Apenas o melão tipo Amarelo teve índice médio aceitável de sólidos solúveis totais para a exportação; o melão Pele de Sapo foi o que apresentou menor índice de firmeza de polpa

MENDES, A. M. S.

NASCIMENTO, M. T. de A. e.

NUNES, G. H. de S.

ROCHA, J. M. de M.

SALES JÚNIOR, R.

Portuguese

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1I200ASPECTOS QUALITATIVOS DO MELÃO EXPORTADO PELOPORTO DE NATAL-RN(Nota Técnica)Rui Sales JúniorProfessor Adj unto, Departamento de Ciências Vegetais, ESAM, Mossoró- RN, CEP 59625-900. E-mai I:ruisalcs@esam.brJoyce Michelle de Meio RochaEngenheira agrônomassandra Monte iro SalvianoMendesPesquisadora da EMBRAPA - Semi-Árido, Petrolina - PE, CEP 56302-970. E-mail: amendes@cpatsa.embrapa.brGlauber Henrique de Sousa NunesProfessor Adjunto, Departamento de Ciências Vegetais, ESAM, Mossoró-RN, CEP 59625-900. E-mail:glaub.er@esam.br.Maria Tereza de Albuquerque e NascimentoEstudante do 9° período de Engenharia Agronômica - Bolsista de Iniciação Científica.RESUMO - O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade pós-colheita dos melões exportados pelo Porto de Natal-RN, identificando características qualitativas desfavoráveis ao mercado. Foram analisados 2.120 frutos no período dedezembro de 2001 a março de 2002 com amostragcm mediante as Normas de Fiscalização da Delegacia da Agriculturae do Abastecimento - DFA/SSV. O trabalho foi desenvolvido no Porto de Natal, na unidade do Vigiagro/SSVIMA. Aavaliação dos frutos foi feita de maneira sistemática, seguindo o preenchimento de uma "Ficha de Controle de Qualidadedo Melão Exportado". O teor de sólidos solúveis totais e a firmeza de polpa foram determinados. Dos frutos analisados,foram exportados 56,56% Amarelo, 14,91 % Orange Flesh, 11,23% Pele de Sapo, 11,40% Gália, 4,15% Cantaloupe e1,70% Charentais. A penas o melão tipoAmarelo teve índice médio aceitável de sólidos solúveis totais para a exportação;o melão Pele de Sapo foi o que apresentou menor índice de firmeza de polpa.Palavras-chave: Cucumis meio, sólidos sol úveis totais, firmeza de polpa.QUALITATIVE ASPECTS OF THE EXPORTED MELONSTHROUGH NATAL-RN PORTABSTRACT - The aim ofthis work was to evaluate the postharvest quality of melons exported through Natal-RN Port,identifying unfavorable qualitative characteristics for the market.It were analyzed 2,303 fruits during the period of De-cember 2001 to March 2002, with sampling procedure according to the control rules ofDelegacia da Agricultura e doAbastecimento- DFA/SSV. The work was realized in thc Natal Port, in unit ofVigiagrolSSViMA. The fruit cvaluationwas done in a systematic way, after the fulfílling ofa "quality control counter for exported melon" The total solid solu-ble content and pulp firmness were determined.AIl ofanalyzed fruits, they were exported the following amount: 56.56%Yellow, 14.91 % Orange Flesh, 11.23% PieI de Sapo, 11.40% Gália, 4.15% Cantaloupe and L 70% e Charentais. The Yel-low melon was the only one that had total soluble solid content for the exportation; PieI de Sapo showed less pulp fírm-ness.Keywords: Cucumis meio, total soluble solid, pulp firmness.INTRODUÇÃOO melão (Cucumis meio L.) é a oitava fruta maisproduzida no mundo, estando entre as dez princi-pais, de consumo "in natura", mais exportadas, commercado internacional estimado em mais de 1,6 mi-lhões de toneladas por ano. Em 2002 foram produzi-dos 25,6 milhões de toneladas, tendo a China, comomaior produtor, seguido pela Turquia, Estados Uni-dos, Irã e Espanha, perfazendo juntos, 70 % da pro-dução mundial (FAO, 2002).Apesar de ser o 22° produtor mundial, o Brasil éo 6°maiorexportadorde melão, contribuindo com 7%do volume total exportado (MVSIHIDDH, 2003).Os principais países importadores do melão brasilei-CAATINGA, Mossoró, v.18, n.3, 1l.200-203,jul./set. 2005Aspectos qualitativos do .,. .ão2005 SP-PP-00285111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111CPATSA-32722-1sr()J201 Aspectos qualitativos do melão exportado pelo porto de Natal- RNro são Holanda, Inglaterra e Argentina, com 47,34;39,88 e 6,22 %, respectivamente (lBRAF, 2001). Aprodução de melão no Brasil concentra-se em doisAgropolos: Mossoró-Assú (RN) e Baixo Jaguaribe(CE), onde juntos perfazem mais de 90 % da produ-ção e exportação nacional. Diferentes tipos de melõessão produzidos no Brasil, sendo estes Pele de Sapo,Gália, Cantaloupe, Charentais, Amarelo e OrangeFlesh.Diante de um mercado consumidor crescente e ca-da vez mais exigente em qualidade alimentar, faz-senecessário à intensificação de pesquisas relacionadascom a otimização do sistema produtivo, buscandocom isso, melhorar a qualidade final dos frutos.As principais caracteristicas qualitativas estuda-das em pós-colheita de frutos são a firmeza de polpa(FP), que indica a resistência ao transporte, assimcomo avida útil em prateleira (MENEZES etal., 1998)e o teor de sólidos solúveis totais (SST), tradicional-mente utilizado para expressar o teor de açúcaresdos frutos (pROTRADE, 1995). As caracteristicas re-lacionadas com a qualidade dos frutos são direta-mente afetadas pelas condições de cultivo (MEN-DELINGER, 1994), sendo o teor de açúcares dosfrutos (0 Brix) diretamente relacionado às condiçõesclimáticas durante a produção. Baixa umidade rela-tiva do ar, aliada a temperaturas altas, favorece a pro-dução de frutos com Brix alto, que são os de melhorqualidade comercial e aqueles que alcançam boascotações no mercado (DUSI, 1992).Na época de colheita, segundo Vallespir (1999),a concentração de açúcares não deve sermenordo que10% (10 °Brix). Souza et aI. (1994) verificaram queos melões cultivados para exportação devem ser co-lhidos com um teor de SST variando de 9 a 11% en-quanto que, para o mercado interno, devem possuirum teor de 12 a 14%.Neste sentido, este trabalho teve como objetivoavaliar a qualidade dos melões exportados pelo Por-to de Natal-RN no periodo de dezembro de 2001 amarço de 2002.Charentais foram amostrados de um total de 12, 10,8, 4 e 2 empresas exportadoras, respectivamente.As caracteristicas avaliadas foram a firmeza depolpa (FP) e o teor de sólidos solúveis totais (SST).Afirmeza de polpa foi obtida mediante a leitura eqüi-distante de duas metades equatoriais de um fruto demelão, utilizando-se para isso um penetrômetro comsonda de ponta cônica de 8 mm de diâmetro, McCor-mick modelo FT 327. Os resultados obtidos em li-bras foram convertidos para Newton (N), multipli-cando-o pelo fator de conversão 4,45 (GOMES JU-NIOR et al., 2001). O teor de SS foi obtido median-te a leitura de uma amostra do suco obtido de uma fa-tia de cada fruto em um refratômetro óptico ATAGON-lE (0-32%).RESULTADOS E DISCUSSÃOA quantidade de melão tipo amarelo exportado.no periodo de dezembro de 2001 a março de 2002,foi de 56,56%, sendo este exportado por todas as em-presas amestradas (Figura 1). Não obstante, este va-1.7ATa"elo ~ P.deS3p:> Gelia Crtal~ Oa"ertasTiposcerreíõesFigura 1.Distribuiçãopercentual dos tipos de melõesexportados pelo Porto de Natal-RN, no periodo dedezembro de 2001 a março de2002. Natal-RN. 2002.lor foi menor que no periodo anterior, de setembro aMATERIAL E MÉTODOS novembro de 2001 (62,58%) (SALES JÚNIOR etNo periodo de 06 de dezembro de 2001 a 27 de al.,2004).Observa-seque,apesardareduçãonasquan-março de 2002 foram coletados e analisados 2.120 tidades de melão tipo amarelo exportado nestes doisfrutos de melões provenientes dos paletes exporta- periodos estudados, este tipo ainda representa maisdos por empresas produtoras. As amostragens foram de 50% do total exportado pelo pais. Isso se deve emefetuadassemanalmente,sendoescolhidasduascaixas parte a sua maior resistência ao transporte à longaaleatoriamenteportipodemelão/empresaJembarque. distância e ao armazenamento em temperatura am-Estas foram realizadas conforme as Normas do Lab- biente, o que se reflete em uma opção de cultivo pe-oratório de Vigilância Agropecuária do MAPA- los produtores, chegando a ocupar cerca de 70% daDFA/RN (VlGIAGRO) (SALES JÚNIOR et aI., área cultivada no pais.2004). Os dados obtidos para o melão Amarelo, Or- Entre os demais tipos de melões analisados, o ti-ange Flesh, Pele de Sapo, Gália, Cantaloupe e po Orange Flesh apresentou o segundo maior volu-CAATINGA, Mossoró, v.18, n.3, p.200-203,jul./set. 2005Aspectos qualitativos do melão exportado pelo porto de Natal - RNsentaram bons índices de FP, exceto o tipo Pele deSapo, que apresentou 80,38 % dos frutos analisadoscom índice de FP inferior ao mínimo recomendado,32 N (ALVES etal., 2000). O melão Charentaisapre-sentou o maior percentual de frutos com FP superiorao mínimo recomendado pelo mercado externo(98,07%),35N(ALVESetal.,2000),seguidodosme-lões Orange Flesh (83,39%), Cantaloupe (72,13%) eGália (55,73%). Comparando-os com os dados obti-dos por Sales Júnior et alo (2004), houve uma redu-ção na FPdo melão tipo Orange Fleshque naquele tra-balho obteve um índice de 90,33% acima do mínimode FP recomendado pelo mercado (ALVES et al.,2000). Também se observou uma redução na FP domelão Gália quando comparado com o periodo ante-rior, que obteve um total de 63,89 % dos frutos comvalor de FP superior ao mínimo exigido, 30 N (AL-VES et al., 2000). Tendência esta que não se mante-ve no caso do melão Cantaloupe que melhorou a suaFP quando comparado com o estudo anterior que ob-teve um percentual de apenas 53 ,45%dos frutos ana-lisados com FP superior ao mínimo recomendado,comendado (SALES JÚNIOR et al., 2004) para 30N (ALVES etal.,2000) (Figura 3). A redução nos63,67%: Um dos fatores que pode ter contribuído valores de FP se deve em parte as precipitações ocor-CAATINGA, Mossoró, ".18, n.3, p.200-203,jul./set. 2005me exportado (14,91%), seguido pelos tipos Pele deSapo (11,23%), Gália(11,46%), Cantaloupe (4, 15%)e Charentais (l,70%) (Figura 1). De acordo com Sa-les Júnior et aI. (2004), a seqüência de distribuiçãodo volume exportado em função dos tipos de melãoproduzidos na região foi a mesma encontrada nesteestudo, no entanto, os tipos Pele de Sapo e Gáliaapre-sentaram aumento do volume exportado de 20,9 e107,0 %, respectivamente (Figura 1), quando com-parado com o trabalho anterior.A análise qualitativa dos frutos identificou umaqueda no teor de sólidos solúveis totais (SST) quan-do comparado ao período anterior. Observou-se queentre as empresas exportadoras de melão tipo Ama-relo, 66,67% dos frutos analisados tiveram um teorde (SST) inferior ao valor mínimo recomendado pa-ra comercialização no mercado internacional (AL-VES et al., 2000): Valorpercentual que difere do ob-tido em 2001,48% (SALES JÚNIOR et al., 2004).Nos demais tipos de melões analisados foram de-tectados um percentualde 61,14; 62,81; 63,67; 72,70e 100.0%paraos tipos Cantaloupe, OrangeFlesh, Gá-lia, Pele de Sapo e Charentais, respectivamente, comvalores inferiores ao mínimo exigido pelo mercadointernacional (ALVES eta!., 2000). Comparando-seao período de setembro a novembro de 2001 (SA-LESJÚNIORetal., 2004),observa-seque houveumaligeira redução na qualidade do melão exportado, ten-do os tipos Orange Flesh e Amarelo apresentado osmaiores percentuais de frutos fora dos padrões inter-nacionais, ficando os demais tipos (Cantaloupe, Pe-le de Sapo e Charentais) praticamente inalterados (Fi-gura 2). O melão tipo Gália foi o único que apresen-tou uma melhoria na qualidade, perfazendo um per-centual de 81,35% dos frutos abaixo do mínimo re-""727"Figura 2. Quantidade de frutos exportados pelo Por-to de Natal-RN, em percentagem, no período dedezembro de 2001 a março de 2002, com teor de sóli-dos solúveis totais (SST) abaixo do recomendado paraa comercialização no mercado externo. Natal-RN,2002.202para que o teor mínimo de SST não tenha sido alcan-çado foi a presença de urna enfermidade viral de etio-logia ainda pouco estudada denominada de "Amare-lão" (LIMA et alo2002; SILVA et al., 2002; NAGA-TA et al., 2003). Outro fator que pode ter afetado aredução do teor de SST, foi a precipitação pluviomé-trica nesse período, acumulando cerca de 522,1 mm(ESAM,2004).Opercentual de frutos de melão tipo Amarelo, comfmneza de polpa (FP) inferior a 24 N, aumentou de15% para 33,03% (Figura 3) quando comparadosaos resultados encontrados por Sales Júnior et aI.(2004). Os demais tipos de melões analisados apre-··..··_ 70·~Figura 3. Quantidade de frutos exportados pelo Por-to de Natal-RN, em percentagem, no período dedezembro de 2001 a março de 2002, com índice defirmeza de polpa (FP) abaixo do recomendado paraa comercialização no mercado externo. Natal-RN,2002.203 Aspectos qualitativos do melão exportado pelo porto de Natal - RNridas durante o período de cultivo, assim como o tem- do amarelão do meloeiro. In: XXXV CONGRESSOpo médio de colheita que aumentou devido ao ata- BRASLLELRODEFlTOPATOLOGIA,27,2002,Re-que do virus do "amarelão" que interfere na matura- cife, PE. Palestras e Resumos ... Brasília-DF, Socie-ção dos frutos. Com isso, houve uma redução na re- dade Brasileira de Fitopatologia - SBF, 2002. v. 27sistência dos frutos, ocasionando assim uma menor (Suplemento). p. S207.longevidade destes.CONCLUSÕESO melão Amarelo teve um total de 56,56% dosfrutos exportados, seguidos pelos tipos Orange Flesh(14,91%), Pele de Sapo (11,23%), Gália (11,46%),Cantaloupe (4,15%) e Charentais (1,70%).Apenas o melão tipo Amarelo teve índice médioaceitável de sólidos solúveis totais para a exportaçãoO melão Pele de sapo teve o pior índice de FP,correspondendo a 19,62% dos frutos analisados.REFERÊNCIA BmLIOGRÁFIcAALVES,R. E.; PIMENTEL, C.R.; MAIA, C. E.; CAS-TRO, E. B. de; VIANA, F. M.; COSTA, F. V da; AN-DRADE, G G de; FILGUEIRAS, H. A. C.; ALMEI-DA, 1. H. S. de; MENEZES, 1. B.; COSTA, J, G de;PEREIRA,L.deS.E.Manualdemelãoparaexpor-tação. Brasília: EMBRAPA. 2000. 51p.DUSI, A. N. Melão para exportação: aspectos téc-nicos da produção. Brasília: DENACOOP. 1992.38 p. (Série Publicações Técnicas, 1).ESAM. Estação climatológica da ESAM. Disponí-vel em: hup://www.esam.brlcppgclima.asp. Acessoem 01102/2004.FAO. 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Aspectos qualitativos do melão exportado pelo Porto de Natal-RN. (Nota técnica).

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