Introducao de uma colecao de hibridos e cultivares de aspargo, objetivando avaliar seu comportamento nas condicoes da regiao Norte de Minas Gerais, sob irrigacao

MARCIANI-BENDEZU, J.

OLIVEIRA, J. J. de

RESENDE, G. M. de

Portuguese

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(I \<página do horticultorMarciani-Bendezú. J; Resende, G.M.; Oliveira, JJ de. Avaliação preliminar da cultura do aspargo no Norte de Minas Gerais.Horticultura Brasileira, Brasllia, v.13. n.Z, p.2()6-208. novembro 1995.AVALIAÇÃO PRELIMINAR DA CULTURA DO ASPARGONO NORTE DE MINAS GERAISPalavras-chave: aspargo (Asparagus officinalis) híbridos. cultivares, adaptabilidade, produçãoKey-words: asparagus (Asparagus officinalis), hybrids, cultivars, adaptability, yieldJuan Marciani-BendezúEPAMIG/CRSMC. Postal 17637200-000 Lavras-MGGeraldo M. de ResendeJoão J. de OliveiraEMBRAP AlCPA TSAC. Postal 2356300-000 Petrolina-PENo Brasil até recentemente acreditava-se ser o aspargouma cultura de clima frio, inadaptável a localidades de tem-peraturas elevadas, com calor ao longo do ano. Em tais con-dições a planta vegetaria continuamente devido a ausênciado frio invernal, necessário ao repouso e acúmulo de reser-vas. Segundo tal concepção, o aspargo apenas se adaptaria aocultivo no extremo Sul do Brasil (Filgueira, 1982). Entretan-to, especialistas americanos consideram que a seca é capazde propiciar o período de repouso necessário da planta, inde-pendente da temperatura, simplesmente pela ausência do for-necimento de água (Gardé & Gardé, 1964).No Rio Grande do Sul, tradicional região produtora deaspargo, o rendimento médio das lavouras oscila entre 1.500a 2.000 kg/ha (Oliveira et al., 1981). Em levantamentos nasáreas de diversos produtores na região de Pelotas-RS, Olivei-ra & Bianchini (1982) verificaram produtividades médias de2.078 kg!ha e 2.259 kg/ha, respectivamente para os anos de1978 e 1979. Trabalhando com treze genótipos de aspargoem Pelotas-RS, Oliveira (1976) observou produtividade mé-dia variando de 999 a 1.936 kg!ha, durante oito anos de estu-do, sendo o melhor desempenho obtido aos quatro anos apóso plantio (2.728 kg!ha). Nas condições de clima sem i-árido,no Vale do São Francisco, D'Oliveira & Oliveira (1984) veri-ficaram produtividades variando de 3.800 a 5.100 kg/ha paradiferentes híbridos e cultivares de aspargo.A região Norte de Minas Gerais, apresenta um grandepotencial agrícola, sobretudo nas áreas irrigadas, o que evi-dencia a necessidade da pesquisa em gerar informações so-bre culturas alternativas para promover a diversificação desua agricultura. Baseado neste fato e partindo da premissaque culturas de clima temperado podem apresentar um bomdesenvolvimento e produtividade, introduziu-se uma coleção206de híbridos e cultivares de aspargo, objetivando avaliar seucomportamento nas condições da região Norte de Minas Ge-rais, sob irrigação.O ensaio foi instalado no Campo Experimental deGorutuba, em Porteirinha-MG, a 15°17' LS e 43°18' LW, alti-tude de 516m e temperatura média anual de 23,4°C em soloaluvial, textura franco-arenosa. A coleção avaliada foi COllS-tituída por duas cultivares (New Jersey 220 e Waltham Wa-shington) e doze híbridos provenientes da EMBRAPA-CNPCT, Pelotas-RS (G 101x14, G 21x14, G IOxI4, GI02x 14, G 23x14, G 22x14, G I03x 14, G 27x 14, G 4x 14, G9x14, W 7x14, WI2xI4), sendo implantada em 19/10/1979.A adubação constou de 30 t/ha de esterco de curral, 240 kglha de superfosfato simples no plantio e em cobertura, 45 diasapós o plantio, 120 kg/ha de cloreto de potássio e 120 kg/hade sulfato de amônio, A adubação até o quarto ano de plantiofoi a mesma, \sendo utilizada 2/3 antes e 1/3 após a colheita.A partir do quinto ano do plantio foi substituída pelo adubo10-10-10 (NPK), 500 kg/ha, nas mesmas proporções. Oespaçamento utilizado foi de 2,5 m entre fileiras e 0,5 m entreplantas, com 100 plantas por parcela. Antes de efetuar o plan-tio, as mudas (aranhas) foram reidratadas, procurando-se ob-ter maior porcentagem de plantas brotadas.As irrigações foram realizadas por infiltração, sempre quenecessárias. A cultura foi mantida no limpo através de capi-nas manuais não sendo realizados quaisquer tratosfitossanitários. O primeiro corte da parte aérea foi realizadoem 25/08/80 estando as plantas com 10 meses de transplantio.A colheita dos turiões foi iniciada 5 dias após o corte, prolon-gando-se por um período de apenas 16 dias tendo em vistaevitar o esgotamento das plantas ainda novas. Na avaliação,considerou-se como turiões de ótima qualidade aqueles deHortic. bras. 13(2), novembro 1995.Tabela 1- Perdas no transplantio, taxa de sobrevivência, produção média por planta (g) e produtividade (kg/ha) deturiões de híbridos e cultivares de aspargo. Porteirinha-MG, 1979/84.Perdas no Taxa de 1980· 1981b 1982c 1983dGenótipos detransplantio sobrevivênciaaspargo(%) 1979-1984 (%)Produção/ Produtivid. Produção/ Produtivid. Produção/ Produtivid. Produção/ Produtivid.planta (g) (kg!ha) planta (g) (kg!ha) planta (g) (kg/ha) planta (g) (kg/ha)N. Jersey 200 35,0 75,38 190,25 898 279,74 1.298 630,45 2.774 395,15 1.549W. Washington 38,0 77,42 216,08 1.054 289,38 1.389 599,58 2.878 425,26 1.633G 101 x 14 33,0 88,06 177,38 894 268,33 1.288 544,58 2.614 333,47 1.574G21 x 14 44,0 94,64 210,61 943 297,05 1.307 673,86 2.965 471,70 2.000G 10 x 14 8,0 69,57 146,76 1.292 209,16 1.439 516,42 3.429 408,79 2.093G 102 x 14 78,0 59,09 203,82 359 550,63 881 396,67 476 301,93 314G 23 x 14 15,0 54,12 144,59 1.407 285.21 1.620 527,82 2.618 298,37 1.098G 32 x 14 85,0 100,00 297,73 357 242,50 291 538,33 646 377,50 453G 103 x 14 30,0 72,86 164,71 896 224,81 1.187 421,82 1.991 271,57 1.108W 7 x 14 3,0 64,95 235,99 1.207 218,60 1.434 332,79 2.050 247,82 1.249G 27 x 14 0,0 64,00 178,40 1.384 191,27 1.270 389,38 2.274 212,50 1.088W 12x 14 2,0 61,22 276,54 1.733 220,41 1.393 440,49 2.502 264,79 1.271G4 x 14 3,0 45,36 161,10 1.211 129,63 923 433,40 2.115 256,82 904G 19 x 14 61,0 61,54 166,56 453 94,58 227 224,07 484 276,04 530a/14 colheitas no período de 16 dias (O1/09 a 16/09/80)b/27 colheitas no período de 31 dias (\2/08 a 11/09/81)c/31 colheitas no período de 36 dias (916/08 a 20/09/82)d/42 colheitas no período de 49 dias (13/08/83 a 30/09/83).cor branca, retos, com pontas perfeitas, escamas fechadas eaderentes, sem manchas ou lesões e com diâmetro superior a14 mrn (primeira), variando de 14 a 9 mm (segunda) e commenos de 9 mm (refugos) com comprimento de 15 a 20 em,Observou-se um baixo "stand" inicial das cultivares e al-guns híbridos, à exceção do híbrido G 27x 14 que não apre-sentou perdas no transplantio (Tabela I), devido principal-mente ao período decorrido da coleta ao transplante das mes-mas. A taxa de sobrevivência ("stand" final) entre os anos de1979 e 1984 variou de 45% a 100%, tendo os híbridos G22x14, G 21x 14 e G 101x 14 alcançado índices acima de 85%.As cultivares New Jersey 220 e Waltham Washington apre-sentaram um bom desempenho com 75% e 77% de sobrevi-vência, respectivamente. Os altos índices de sobrevivênciade alguns híbridos e cultivares demonstram uma boa adapta-ção da cultura às condições de clima da região Norte de Mi-nas Gerais.Em relação à produtividade, os híbridos G 10x14, G 21x14e G 101xl4 e as cultivares New Jersey e Waltham Washing-ton foram os melhores no transcorrer dos anos (Tabela 1 e 2),sendo o melhor desempenho alcançado nos anos de 1982 e1984, quando os materiais apresentaram produtividades aci-ma de 2300 kg/ha, destacando-se o híbrido G IOxl4 (3300kg/ha). Estes resultados são superiores às produtividades dacultura relatados por diversos autores em experimentos con-duzidos no Sul do Brasil (Oliveira, 1976; Oliveira & Bianchini,1982; Oliveira et a/., 1981), apenas situando-se abaixo dosrendimentos apresentados por D'Oliveira & Oliveira (1984);também contrariam as afirmações de Augustin et aI. (1990),que verificaram para o híbrido G 27x 14 produção comercial40% superior à cv. New Jersey 220. Deve-se salientar que,conforme relatam Oliveira et aI. (1970) e Moran & lssacs( 1960), o aumento da densidade promove uma maior produ-tividade. No presente trabalho, além da grande mortalidadee/ou baixa taxa de sobrevivência, a densidade populacionalfoi de 8.000 plantas/ha, o que está muito abaixo das popula-ções recomendadas por Williams & Kendall (1976), que é de25.000 a 37.000 plantas/h a e de Tanaka & Genta (1983) queé de 18.000 plantas/ha. Baseado nestes dados, há uma grandepossibilidade de se incrernentar a produtividade do aspargoestudando-se diferentes populações de plantas.Com relação a qualidade, verificou-se que a porcentagemde turiões de primeira (> 14 mm) foi bastante elevado emrelação a produção de turiões de segunda (9-14 mm) e refu-gos « 9mm), fato este altamente favorável à comercialização,tanto no mercado interno como externo (Tabela 2).De acordo com os resultados obtidos, a cultura do aspar-go é viável nas condições da região Norte de Minas Gerais.No entanto, faz-se necessário gerar um maior volume de in-formações com estudos sobre introdução de novas cultivarese híbridos, níveis de irrigação e adubação, densidade eespaçamento, que venham a consolidar a cultura definitiva-mente, como uma nova alternativa de exploração agrícola.(Aceito para publicação em 18/09/95).Hortic. bras. 13(2), novembro 1995. 207Tabela 2 - Classificação de turiões pelo tamanho (%), produção média por planta (g) e produtividade (kg/ha) dehíbridos e cultivares de aspargo. Porteirinha-MG, 1')84.Classificação de turiões (%) 1984Genótipos de aspargo Produção/planta Produtividade*> 14mm 14 - 9 mm <9mm(g) (kg/ha)N. Jersey 200 29 49 22 684,95 2.685W. Washington 26 45 29 610,68 2.345G 101 x 14 50 36 14 654,66 3.090G 21 x 14 28 44 28 830,42 3.521G 10 x 14 37 42 21 654,69 3.352G 102 x 14 20 42 38 392,31 408G 23 x 14 29 46 25 403,80 1.486G 22 x 14 30 42 28 590,00 708G 103x 14 29 48 23 477,70 1.949W7 x 14 26 44 30 329,56 1.661G 27 x 14 26 42 32 319,53 1.636W 12 x 14 29 46 25 393,13 1.887G 4 x 14 28 42 30 323,01 1.137G 19 x 14 31 36 33 405,73 779* 35 colheitas no período de 41 dias (10/09/84 a 20110/94).LITERA TURA CITADAAUGUSTIN, E.; MORAES, E.C.; OSÓR10, V.A.; COUTO,M.E.O.; PETERS, J.A.; SALLES, LAB. A Cultura doAspargo. Pelotas: EMBRAPA-CNPFT, 1990, 24p.(EMBRAPA-CNPFT. Circular Técnica, 15).D'OLIVEIRA, L.O.B.; OLIVEIRA, J.J. Competição de dezhíbridos e uma cultivar de aspargo (Asparagus oificinalisL.) no Vale do Submédio São Francisco. 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Avaliacao preliminar da cultura do aspargo no norte de Minas Gerais.

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