GIACOMINI, G. X.

LOURENÇO, Y. S.

MARTINS, C. R.

NACHTIGAL, G. de F.

RODRIGUEZ, D. P.

SANTOS, A. J. R. W. A. dos

Portuguese

O presente trabalho teve por objetivo avaliar o potencial antifúngico in vitro do óleo essencial de capim limão sobre o agente etiológico da antracnose na goiabeira

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 AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIFÚNGICO DO ÓLEO ESSENCIAL DE Cymbopogon citratus PARA CONTROLE DA ANTRACNOSE EM GOIABEIRA   GABRIELA XAVIER GIACOMINI1(PG); DANIELA PIMENTEL RODRIGUEZ2(PG); YASMIM SANTOS LOURENÇO2(PG); CARLOS ROBERTO MARTINS (PQ)2; GLAUCIA DE FIGUEIREDO NACHTIGAL (PQ)2; ALINE JOANA R. WOHLMUTH A. DOS SANTOS (PQ)3  1Universidade Federal de Pelotas – UFPel. Programa de Pós-Graduação em Química, Campus Universitário Capão do Leão - RS. gabrielaxgiacomini@gmail.com  2Embrapa Clima Temperado, Estação Experimental Cascata. Pelotas – RS. danip.rodriguez@hotmail.com, carlos.r.martins@embrapa.br, glaucia.nachtigal@embrapa.br  3Universidade Federal de Pelotas – UFPel. Programa de Pós-Graduação em Química, Campus Universitário Capão do Leão - RS. alinejoana@gmail.com  1. INTRODUÇÃO  As doenças fúngicas constituem-se em um dos principais fatores limitantes da produção agrícola, particularmente em culturas que exigem manejo intensivo como é o caso da goiabeira. A antracnose é considerada uma das mais graves doenças de frutos de goiabeira. É causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides, isoladamente ou em associação com Colletotrichum acutatum.  As espécies de Colletotrichum infectam goiabeiras em diferentes estádios de desenvolvimento das plantas, especialmente em ambientes quentes e úmidos. Os danos ocorrem nas fases de florescimento, maturação e pós-colheita, principalmente em pomares fechados e mal conduzidos. Em condições de umidade elevada, os danos são significativos desde o início da brotação até a pós-colheita (MORAES et al., 2013).   O uso de óleos essenciais tem se mostrado promissor para o manejo de doenças fúngicas (ABAD et al., 2006), devido à facilidade de extração e biodegradabilidade (ZYGLADO; GROW, 1995; ISMAN, 2000). O óleo essencial de Cymbopogon citratus, conhecido como capim limão, destaca-se por possuir atividade antifúngica. Tal característica ocorre devido ao conteúdo de compostos majoritários como geranial e neral (SACCHETTI et al., 2005; GUIMARÃES et al., 2015).   Nesta perspectiva, o presente trabalho teve por objetivo avaliar o potencial antifúngico in vitro do óleo essencial de capim limão sobre o agente etiológico da antracnose na goiabeira.  2. METODOLOGIA  O trabalho foi realizado na Embrapa Clima Temperado – Estação Experimental Cascata, Pelotas, em parceria com o Laboratório de Sólidos Inorgânicos (LASIR) da Universidade Federal de Pelotas - Campus Universitário Capão do Leão.  O óleo essencial de capim limão foi obtido pelo processo de hidrodestilação por arraste com vapor d´água com extrator de Clevenger. A parte aérea das plantas foi fragmentada para obtenção de massa a ser colocada em balão de vidro, cobrindo-se com água destilada até atingir 2/3 do volume total do balão. Ao final do processo de extração, o óleo foi armazenado sob condição de escuro, em freezer.  O potencial de toxicidade do óleo essencial de capim limão a estruturas vegetativas do patógeno foi determinado com base em bioensaios conduzidos in  vitro para análise da eficiência relativa do crescimento micelial e da esporulação de C. gloeosporioides. O óleo essencial foi diluído em água destilada estéril, foram obtidas as concentrações de 0 % (água estéril; testemunha); 0,41 %; 0,81 %; 1,62 %; 3,25 % e 100 % (óleo puro) (v/v). A fim de se obter uma melhor emulsificação em todos os tratamentos foram adicionados 0,046% (v/v) de Tween 80, exceto no óleo puro.  Inicialmente, procedeu-se à deposição de alíquotas de 50 L de cada tratamento na superfície de meio de cultura BDA (batata, dextrose e ágar), solidificado em placas de Petri de 9 cm de diâmetro, procedendo-se à distribuição uniforme com o auxílio de uma alça de Drigalsk (SEIXAS et al., 2011). Água estéril foi utilizada no tratamento testemunha. Após, foi depositado um disco micélio de 5 mm de diâmetro, previamente preparado em BDA, de C. gloeosporioides na porção central da placa de Petri e as mesmas foram vedadas com Parafilm® e mantidas, a 25 ºC, sob fotoperíodo diário de 12 horas.  As avaliações foram realizadas por meio de medições diárias do diâmetro das colônias, inicialmente de 5 mm, em dois eixos ortogonais (média das duas medidas diametralmente opostas), iniciadas após 24 horas de incubação, e perduraram até o momento em que a colônia fúngica do tratamento testemunha atingiu 2/3 da superfície total do meio de cultivo. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, constituído de cinco repetições, sendo cada parcela representada por uma placa de Petri. Os dados dos tratamentos em cada bioensaio foram comparados com a testemunha.  A produção de esporos de C. gloeosporioides ocorreu no 18° dia de incubação, quando, então, foi realizada sua avaliação. Aleatoriamente, da região periférica de cada placa, onde a colônia cresceu de forma concêntrica, retiraram-se, com auxílio de um furador metálico, três discos de micélio (5 mm de diâmetro). Os discos foram transferidos para tubos de vidro contendo 9 mL de água destilada estéril. Após vigorosa agitação em vortex, a concentração de esporos foi estimada em câmara de Neubauer e aumento de 40 x em microscópio óptico.   Os dados foram submetidos a ANOVA (análise de variância) e comparados entre si e com a testemunha, com base no teste de Tukey, a 5% de probabilidade.   3. RESULTADOS E DISCUSSÃO  O crescimento micelial fúngico atingiu o bordo da placa aos cinco dias de incubação, no tratamento testemunha, e não diferiu significativamente dos tratamentos com óleo essencial de capim limão nas concentrações de 0,41, 0,81 e 1,62 % (v/v) (Tabela 1). O tratamento contendo óleo essencial de capim limão na concentração de 3,25% (v/v) resultou em menor crescimento micelial, no entanto somente na ordem de 8% menor que o tratamento testemunha (Tabela 1).   Resultado positivo foi imposto pelo óleo essencial na concentração de 100% (v/v) o qual proporcionou ausência total de crescimento micelial e esporulação do patógeno (Tabela 1 e 2).         Tabela 1. Efeito in vitro do óleo essencial de capim limão sobre o crescimento micelial de C. gloeosporioides. Tratamentos Crescimento micelial médio (cm)1 Óleo 0% 1,54 ± 0,00675 a Óleo 0,41% 1,55 ± 0,00341 a Óleo 0,81% 1,56 ± 0,00241 a Óleo 1,62% 1,56 ± 0,00291 a Óleo 3,25% 1,41 ± 0,01158 b Óleo 100%  0,000 ± 0,000 c 1 Dados de crescimento micelial (cm) apresentados como média ± erro padrão das cinco repetições. Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey, a 5% de probabilidade.   Resultado positivo de 37 % na contenção de esporulação foi imposto pelo óleo essencial de capim limão à concentração 3,25% (v/v) (Tabela 2). Este resultado vai ao encontro do obtido por Guimarães e colaboradores (2011), no qual verificaram inibição do crescimento micelial dos fungos fitopatogênicos Fusarium oxysporum f. sp. cubense, Colletotrichum gloeosporioides, Bipolaris sp. e Alternaria alternata sob ação do óleo essencial de capim limão.   Tabela 2. Efeito in vitro do óleo essencial de capim limão sobre a esporulação de C. gloeosporioides. Tratamentos Esporulação (esporo/mL) Óleo 0% 101,4 a Óleo 0,41% 96,6 a Óleo 0,81% 83,0 b Óleo 1,62% 71,8 c Óleo 3,25% 64,0 c Óleo 100% 0,0 d 1 Dados de esporulação (cm) apresentados como média ± erro padrão das cinco repetições. Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey, a 5% de probabilidade.  A atividade antimicrobiana do óleo essencial de capim limão é atribuída, principalmente, aos seus componentes majoritários. Em estudo descrito na literatura, Sacchetti e colaboradores (2005) relataram a presença de geranial (41,3 %) e neral (32,3 %). Resultado semelhante foi obtido por Guimarães e colaboradores (2015), que identificaram os mesmos componentes majoritários, respectivamente, em 46,32 % e 31,28 %.   Apesar do relato da atividade fungitóxica de diversos óleos essenciais na literatura, pouco se conhece sobre os mecanismos de ação envolvidos. Kumar e colaboradores (2008) relatam que a atividade dos óleos essenciais e seus constituintes estão relacionados com a hidrofobicidade, que permite uma interação entre o óleo e os lipídeos da membrana celular, interferindo em sua permeabilidade e causando alterações em sua estrutura.  4. CONCLUSÕES    Os dados obtidos comprovam que o melhor resultado, entre os tratamentos de óleo essencial de capim limão diluído, refere-se à concentração de 3,25 %. Apesar disso,  as avaliações in vitro, mostraram uma inibição de crescimento micelial de apenas 8 % e uma inibição de esporulação de C. gloeosporioides de  apenas 37 % em comparação com o óleo puro. Assim, à nível prático, o resultado pode ser impeditivo ao considerar-se baixa a redução de crescimento micelial e de esporulação do patógeno. Como perpectiva futura, numa intenção de potencializar a ação contra o agente etiológico da antracnose em goiabeira, planeja-se a síntese de materiais contendo óleo essencial de capim limão e sais de metais alcalinos e alcalinos terrosos, seguido de suas avaliações in vitro e caracterizações químicas.  5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS  ABAD, M. J. et al. Active antifungal substances from natural sources. Journal and Online Education in Chemistry, v. 2007, n.7, p. 116-145, 2006.  GUIMARÃES, L. G. L. et al. Atividade fungitóxica in vitro dos óleos essenciais de Lippia sidoides Cham., Cymbopogon citratus Stapf. e de seus constituintes majoritários no controle de Rhizoctonia solani e Sclerotium rolfsii. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v.17, n.4, p.1007-1015, 2015.  GUIMARÃES, L. G. L. et al. Atividades antioxidante e fungitóxica do óleo essencial de capim-limão e do citral. Revista Ciência Agronômica, v.42, n.2, p.464- 472, 2011.  ISMAN, M. B. Plant essential oils for pest and disease management. Crop Protection, v. 19, p. 603-608, 2000.  MORAES, S. R. G., et al. Histopathology of Colletotrichum gloeosporioides on guava fruits (Psidium guajava L.). Revista Brasileira Fruticultura, Jaboticabal - SP, v. 35, n. 2, p. 657-664, 2013.   KUMAR, A. et al. Show more. Assessment of Thymus vulgaris L. essential oil as a safe botanical preservative against post-harvest fungal infestation of food commodities. Innovative Food Science and Emerging Technologies, v.9, p.575-580, 2008.  SACCHETTI, G. et al. Comparative evaluation of 11 essential oils of different origin as functional antioxidants, antiradicals and antimicrobials in foods. Food Chemistry, v.91, n.4, p.621-632, 2005.  SEIXAS, P. T. L. et al. Controle fitopatológico do Fusarium subglutinans pelo óleo essencial do capim-citronela (Cymbopogon nardus L.) e do composto citronelal. Revista Brasileira Planta Medicinal, v. 13, p. 523-526, 2011.  ZYGADLO, J. A.; GROW, N. R. Comparative study of the antifungal activity of essential oils from aromatic plants growing wild in the central region of Argentina. Journal of Flavour and Fragrance, v. 10, p. 113-118, 1995. 

Avaliação do potencial antifúngico do óleo essencial de Cymbopogon citratus para controle da antracnose em goiabeira.

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Avaliação do potencial antifúngico do óleo essencial de Cymbopogon citratus para controle da antracnose em goiabeira.

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