BARRETO, C. F.

BILHARVA, M. G.

LÚCIO, P. de S.

MALGARIM, M. B.

MARTINS, C. R.

PIESANTI, S. R.

SOUZA, R. S.

Portuguese

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Caracterização dos frutos de genótipos de goiabeira-serrana em sistemaorgânicoCharacterization of the fruits of guava-serrana genotypes in organicsystemRafaela Schmidt Souza1, Sandro Roberto Piesanti2, Priscila da Silva Lúcio3, CarolineFarias Barreto4, Maurício Gonçalves Bilharva5, Marcelo Barbosa Malgarim6, CarlosRoberto Martins7Resumo: O objetivo do trabalho foi avaliar as características físico-químicas dosfrutos de genótipos de goiabeira-serrana em sistema orgânico. Foram utilizados seisgenótipos (EC3, EC4, EC6, EC7, EC8, e EC9) de goiaba-serrana de uma coleção detrabalho coletados em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Na colheita foram avaliados amassa fresca dos frutos, massa fresca de polpa, rendimento de polpa, diâmetro,comprimento,  pH,   teor  de  sólidos  solúveis  e  acidez  titulável.  O  delineamentoexperimental adotado foi inteiramente casualizados, com três repetições.  Os dadosforam submetidos análise de variância e ao teste de Tukey a 5% de probabilidade. Amassa fresca de polpa do genótipo EC9 foi  de duas a três vezes maior que osdemais genótipos. O EC6 foi a que apresentou a menor massa fresca de fruto. Já,os genótipos EC7 e EC9 apresentaram maiores valores de acidez titulável, mas nãodiferiram estatisticamente EC3 e EC4, sendo que estes não se diferenciou de EC6que apresentou o menor valor. O EC9 se mostrou muito promissor a sua produçãoem sistema orgânico, onde apresentou frutos de maiores massa fresca e diâmetro.Palavra-chave: Acca sellowiana;  feijoa; myrtaceae.Abstrat:The  objective  of  this  work  was  to  evaluate  the  physico-chemicalcharacteristics  of  guava-serrana  genotypes  in  the  organic  system.  Six  freshgenotypes  (EC3,  EC4,  EC6,  EC7,  EC8,  and  EC9)  were  collected  from  a  workcollection collected in Pelotas, Rio Grande do Sul, Brazil. Pulp, pulp yield, diameter,length, pH, soluble solids content and titratable acidity. The experimental design wascompletely randomized, with three replicates. The data were submitted to analysis of1 4ª Jornada de Pós-Graduação e Pesquisa  Submetido:21/08/2017  Avaliado: 27/09/2017variance and the Tukey test at 5% of probability. The fresh pulp mass of the EC9genotype was two to three times greater than the other genotypes. EC6 was the onewith the lowest fresh fruit mass. The EC7 and EC9 genotypes had higher values oftitratable acidity, but did not statistically differ  EC3 and EC4, and these were notdifferent from EC6 that presented the lowest value. EC9 showed very promising itsproduction in organic system, where it presented fruits Of greater fresh mass anddiameter.Keyword: Acca sellowiana; feijoa ; myrtaceae.IntroduçãoA goiabeira-serrana (Acca sellowiana Berg.) conhecida como feijoa, goiaba domato, é nativa de origem do Planalto meridional brasileiro e nordeste do Uruguai, acultura tem um grande potencial para a exploração na Região Sul. Mesmo sendonativa a produção comercial da feijoa ainda é incipiente e não tem uma quantidadeexpressiva. A falta de tradição no cultivo ocorre por vários motivos, dentre eles aescassez  de  informação  técnica  e  de  conhecimento  científicos  em  relação  aoscomportamentos  da  planta  e  suas  características,  bem  como  os  benefícios  aoconsumir essa fruta (SANTOS et al., 2011; AMARANTES et al., 2013).O  fruto  é  um  pseudofruto  do  tipo  pomo,  normalmente  apresenta  acaracterística de um formato oblongo, a polpa tem uma coloração clara e a casca éverde (textura lisa ou rugosa). O sabor e o aroma têm características marcantes,onde o consumo poderá ser  in natura ou fazendo parte da composição de sucos,geleias, licores entre outros. A goiaba-serrana apresenta um alto potencial produtivoe nutricional, além das características antibactericida, antioxidante que poderá seratribuído à presença de compostos  fenólicos (AMARANTE et  al.,  2008;  SOUZA,2015).A Nova Zelândia, Estados Unidos e Colômbia são os países consideradosmaiores produtores e exportadores dessa frutífera. Já o Brasil mesmo sendo o paísde origem, ainda não é muito explorado comercialmente (SANTOS, 2009; SOUZA,2015). Porém, existem pesquisas sendo realizadas sobre a cultura, a Empresa dePesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) vêm realizandoessa  atividade  desde  1986,  juntamente  com  a  Universidade  Federal  de  SantaCatarina (UFSC) e a Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Existemalgumas cultivares lançadas pela Epagri, destacando a Alcântara, Helena, Nonantee Mattos (AMARANTE et al., 2011). Além das instituições citadas anteriormente, a Embrapa Clima Temperadastambém realiza pesquisas com a goiaba-serrana e tem uma coleção de trabalhocomposta por  materiais  coletados pela região sul  do Rio Grande do Sul,  com ointuito de caracterizar a variabilidade existente. O estudo sobre as característicasdas plantas e destes frutos torna-se fundamental numa prospecção de eventuaisoportunidades  de  materiais  mais  adaptados  a  esta  região.  Assim,  o  objetivo  dopresente  trabalho  foi  avaliar  as  características  físico-química  dos  frutos  dessesgenótipos conduzidos em sistema de produção orgânica.Material e métodosO  experimento  foi  conduzido  na  Embrapa  Clima  Temperado,  na  EstaçãoExperimental da Cascata (EEC), situada no município de Pelotas, com as seguintescoordenadas geográficas: latitude 31°37’9” S, longitude 52°31’33” O e altitude de170 m. A região apresenta um clima subtropical úmido – Cfa conforme Köeppen. Aschuvas são bem distribuídas ao longo do ano e temperatura máxima no verão ficaem torno de 34°C e 36°C, e no período de inverno, a temperatura mínima do anofica entre -2°C e 0°C, havendo possibilidade de ocorrências de geadas. Em relaçãoao solo foi identificado como sendo um Argissolo que apresenta como característicahorizonte B textural de argila com atividade baixa ou alta conjugada com saturaçãopor bases baixa (EMBRAPA, 2006).A coleção de goiaba-serrana composta por seis genótipos: EC3, EC4, EC6,EC7, EC8 e EC9, esses materiais foram implantados em 2010, espaçadas em 4 x 2m. A colheita foi realizada 10 de abril de 2017, na qual os frutos colhidos estavamno ponto de colheita comercial, segundo Amarante et al., (2013). Os frutos foramcolhidos pelo o período da tarde, sendo a colheita realizada manualmente em todasas partes da planta. Após, os frutos foram transportados em caixas plásticas até olaboratório  de  pós-colheita  da  Universidade  Federal  de  Pelotas  (UFPel),  ondepermaneceram 48 horas em câmara fria a uma temperatura de 4°C. Posteriormente,esses  frutos  foram  selecionados  levando  em  consideração  a  uniformidade  detamanho e coloração dos mesmos.  As avaliações foram as seguintes:  a)  Massafresca  do  fruto,  massa  fresca  de  casca,  massa  fresca  de  polpa  realizadas  aspesagens  em uma  balança  de  precisão  de  0,001  g  (Bioscale®),  a  unidade  emgramas.  b)  Rendimento  de  polpa  foi  expresso  em  porcentagem.  c)  Diâmetro  ecomprimento de fruto utilizou-se um paquímetro digital (Carbografite®), expressa emmilímetros.  d) O pH foi  realizado com auxilio  de um pHmetro de bancada,  ondeatravés da amostra composta pelo suco do fruto onde o eletrodo do equipamento foiimerso na amostra para realização da leitura do pH.  e) Teor de sólidos solúveis foideterminado com um refratômetro de bancada (ATAGO®), através do suco do frutocolocado no prisma do equipamento para realização da leitura, a unidade é expressaem °Brix. f) Acidez titulável foi obtida através da titulometria, onde se utilizou umaamostra composta por suco do fruto (10 ml) e água destilada (90 ml), aos poucosforam sendo adicionando a solução de hidróxido de sódio (NaOH) 0,1 N até o pH8,1(SOUZA et al., 2015).        O delineamento experimental adotado foi inteiramente casualizados, com trêsrepetições, contendo quatro frutos em cada repetição. Os dados foram submetidosanálise de variância (ANOVA) e o teste de Tukey a 5% de probabilidade, o programautilizado foi o Assistat®.Resultados e Discussão       Foram constatadas diferenças na massa fresca de fruto, na massa fresca dacasca e na massa fresca de polpa entre os genótipos avaliados (Tabela 1). A massamédia de frutos de goiaba alcançados neste estudo foram menores do que aquelesobtidos por  Souza et  al.  (2015)  com a Helena e Nonante,  118,9  gramas e 94,6gramas, respectivamente. No entanto, Cunda Sisto (2006) relata que a massa defruto pode oscilar de 20 a 250 gramas, dependendo das condições de manejo, soloe clima. Outra constatação foi no genótipo EC9 que apresentou o maior valor para amassa fresca de fruto. A EC6 foi a que apresentou a menor massa fresca de fruto(tabela 1). A massa fresca de casca que se pretende num fruto geralmente seja mínima,principalmente analisando o aspecto de comercialização onde o consumidor buscafrutos com maior quantidade de polpa do que casca. Os menores valores para amassa fresca de casca constatados foram os genótipos EC4 e EC8, sendo que nãodiferiram do EC7. Para variável rendimento de polpa não houve diferença significativa entre osgenótipos  (Tabela1).  Ducroquet  et  al.  (2000)  relatam  que  o  valor  máximo  dorendimento de polpa da goiaba-serrana atinge até 50%, desse modo, a EC9 obteveresultado próximo (aproximadamente 47,83%).Tabela1. Teor de sólidos solúveis, potencial hidrogeniônico, comprimento e diâmetrode frutos de genótipos de goiabeira-serrana em sistema orgânico. Embrapa-EEC/Pelotas-RS, 2017. GenótiposMassa fresca deFruto (g)Massa fresca deCasca (g)Massa fresca dePolpa (g)Rendimento depolpa (%)EC 3 55,841 b 37,269 a 18,119 b 31,751 nsEC 4 28,135 cd 17,472 b 10,158 b 35,702EC 6 51,195 b 35,778 a 15,865 b 31,217EC 7 42,614 bc 26,294 ab 15,750 b 37,158EC 8 23,868 d 14,289 b 10,341 b 43,289EC 9 78,905 a 39,692 a 36,803 a 47,833*Médias seguidas pela a mesma letra na coluna não diferem significativamente entresi, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.A massa fresca de polpa do genótipo EC9 foi de duas a três vezes maior queos demais genótipos.         Com relação ao teor de Sólidos Solúveis e pH  não foram observadasdiferenças significativas (Tabela 2). O conteúdo de sólidos solúveis variou de 8,9 a13,4 muito próximo ao relatado pelo Ducroquet et al. (2000) de 9 a 16%.          Os genótipos EC7 e EC9 apresentaram maiores valores de acidez titulável,mas não diferiram estatisticamente EC3 e EC4, sendo que estes não se diferencioude EC6 que apresentou o menor valor. Os frutos de goiaba-serrana avaliados, emrelação a essa variável  demonstraram maiores resultados,  daqueles encontradospor Amarante (et al., 2008), com o tipo Brasil que variou de 0,15 a 0,13.Tabela 2. Teor de sólidos solúveis, pH, acidez total titulável, comprimento e diâmetrode  frutos  de  goiabeira-serrana  em sistema orgânico.  Embrapa-EEC/  Pelotas-RS,2017.GenótiposTeor desólidossolúveis(°Brix)pHAcideztotaltitulável(% deÁcidocítrico%)Comprimentodo fruto (mm)Diâmetro do fruto(mm)EC 3 13,433 ns 2,983 ns 0,232 ab 58,157 ns 41,963 bEC 4 13,701 2,123 0,240 ab 45,874 32,453 cEC 6 8,933 1,911 0,158 b 48,019 41,747 bEC 7 12,867 3,207 0,352 a 53,042 38,980 bEC 8 - - - 43,358 29,918 cEC 9 12,867 3,667 0,434 a 40,845 48,657 a*Médias  seguidas  pela  a  mesma  letra  na  coluna  não  diferemsignificativamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.          No diâmetro de fruto o genótipo EC9 observou-se o maior valor com 48,657mm, seguido dos genótipos EC3, EC6 e EC7.  Os genótipos EC4 e EC8 apresentamfrutos com os menores diâmetros, apresentando os valores de 32,453 e 29,918mm,respectivamente.  Não  houve  variação  significativa  quanto  ao  comprimento  dosfrutos.          Com a realização de pesquisas relacionadas com a goiabeira-serrana, podemser observados os genótipos que se adaptam a cada região. Assim, com a ideia deselecionar  materiais  mais  adaptáveis  e  com  as  características  desejáveis  peloagricultor que futuramente poderá produzir em escala comercial.  Conclusão         Nesta primeira avaliação, quanto as características físico químicas o genótipoEC9  demonstrou  frutos  maiores,  com  mais  massa  fresca  e  de  diâmetro  maior,demonstrando uma perspectiva de cultivos em sistema orgânico. ReferênciasAMARANTE, C.V.T.; STEFFENS, C. A.; DUCROQUET, J.P.H.J.; SASSO, A. Qualidade de goiaba-serrana em resposta à temperatura de armazenamento e ao tratamento com 1-metilciclopropeno. 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Brasília, v. 37, n. 9, p. 1285-1293, set. 2002.DEGENHARDT, J. ; DUCROQUET, J. P. ; GUERRA, M. P.; NODARI, R. O. Avaliaçãofenotípica de características de frutos em duas famílias de meios – irmãos de goiabeira –serrana ( Acca sellowiana Berg. ) de um pomar comercial em São Joaquim-SC. Revista Brasileira de  Fruticultura, Jaboticabal-SP, v25, n. 3, p. 475-479, dezembro, 2003.DUCROQUET, J. P. H. J.; HICKEL, E. R.; NODARI, R. O. Goiaba-serrana (Feijoa sellowiana). Jaboticabal: Funep, 2000. 66p. (Série Frutas Nativas, 5).SANTOS, K. L. dos. Diversidade cultural, genética e fenotípica da goiabaeira-serrana (Acca sellowiana): implicações para a domesticação da espécie. Tese (Doutorado), Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Agrárias. 163f, Florianópolis-SC, 2009.SANTOS, K.L. dos; DUCROQUET, J.P.H.J.; NAVA, G.; AMARANTE, C.V.T. do; SOUZA, S.N. de; PERONI, N.; GUERRA, M.P.; NODARI, R.O. Orientações para o cultivo da goiabeira-serrana (Acca sellowiana). Florianópolis: Epagri, 2011. 44p. (Boletim Técnico, 153).SOUZA, A. G. Caracterização física, química, nutricional e antioxidante em frutos e flores de genótipos de goiabeira-serrana [Acca sellowiana (Berg.)]. Tese (Doutorado) – Universidade do Estado de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal. 168p. Lages-SC, 2015. 

Caracterização dos frutos de genótipos de goiabeira-serrana em sistema orgânico.

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