DUARTE, M. de L. R.

PESSOA, D. do N.

Portuguese

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283DETERMINAÇÃO DO POTENCIAL DE INÓCULO MÍNIMO INFECTIVO DE Fusarium oxysporum EM"SEEDLINGS" DE PIMENTA-DO-REINO (Piper nigrum, L.)PESSÔA, Diogenes do Nascimento'!' & DUARTE, Maria de Lourdes Reis(2).INTRODUÇÃOA pimenta-da-reino (Piper nigrum, L.), é uma Piperaceae, trepadora, semi-perene e semi-Ienhosa, originária das florestasde Malabar, Índia. Relatos históricos indicam a presença desta cultura no Brasil, desde o século XVII, trazida através doscolonizadores portugueses. Passou a se estabelecer como cultura para fins comerciais por volta da década de 30, quandoforam introduzidas estacas de Cingapura pelo imigrante japonês Makinosuke Ussuí, no Município de Torné-Açu,iniciando a partir daí os grandes plantios de pimenta-da-reino, no Brasil. Os genótipos mais cultivados são: Cingapura queocupa cerca de 80% dos plantios; Guajarina (15%); Bragantina, laçará-I, Kottanadan-l, Apra e Guajarina INATAN (5%)(Duarte, Albuquerque & Poltronieri, 2001).Nas condições de cultivo a pleno sol, a planta é afetada por varias doenças causadas por algas (Cephaleuros virences), vírus(Mosaico do pepino - CMV-Pn), nematóides (Meloidogyne incognita e Meloidogyne javanica) e fungos (Colletotrichumgloeosporioides.), que embora causem danos, são consideradas de importância secundária quando comparadas a podridãodas raízes e secamento dos ramos causadas por Nectria haematococca Berk & Br. f. sp. piperis Albuq. (Duarte &Albuquerque, 1997). No entanto, a partir de 1992, vem sendo observada plantas com sintomas de murcha e morte rápida,em experimentos instalados na Embrapa Amazônia Oriental em Torné-Açu, onde estava sendo testado o genótipoGuajarina. Posteriormente a doença surgiu em outros municípios como: Santa Isabel, Capitão Poço, Mocajuba, Bujarú,Tailândia, Santarém Novo, Baião, São Francisco do Pará e Castanhal. O fungo penetra na planta através das raízes,favorecido ou não por ferimentos causados por nematóides (Meloidogyne incognita e Meloidogyne javanica) ou de outranatureza (Duarte et. al., 1999). No processo de colonização invade o sistema vascular causando o escurecimento eimpedindo tanto a absorção como a circulação de água e nutrientes. A planta afetada exibe amarelecimento, queda gradualde folhas e de internódio e ausência de brotações novas (Duarte & Albuquerque, 1999).Esta pesquisa teve por objetivo determinar o potencial de inóculo mínimo infectivo, em "seedlings" de pimenta-da-reinoem casa-de-vegetação.MATERIAL E MÉTODOSCulturas puras de Fusarium oxysporum isoladas de pimenteiras infectadas, coletadas no município de Tomé-Açu - foramrepicadas para placas de Petri contendo BDA (batata, 200 g; dextrose, 20 g; agar, 20 g; água, 1000 ml) e incubadas emambiente de laboratório por aproximadamente cinco dias. Cerca de 1000ml de meio de cultura BS (batata, 200g; sucrose,15g; água, 1000ml) foram subdivididos em alíquotas de 50 ml. As alíquotas foram distribuídas em erlenmeyers de 250ml, eesterilizadas em autoc\ave (121°C, 1,5 atm. por 20 minutos). Um disco de micélio de aproximadamente 5mm de diâmetrofoi transferido para erlenmeyer, em seguida foram levadas para agitar por seis dias em um "shaker", sob luz difusa (25°C,agitação leve e constante). Após a agitação, os erlenmeyers contendo as suspensões puras de Fusarium oxysporunt foramfiltradas com gaze obtendo-se 500 ml de suspensão. A suspensão foi diluída de modo a se obter concentrações finais de107, 106, 105 , 104 e 103 ufc/ml (Unidades Formadoras de Colônias). O esquema do método de diluição é apresentado naFig.l.Figura 1. Preparo das suspensões de esporas de Fusarium oxysporum em 4 concentrações.106 105 104 103rJ 30ml rJ 30ml rJ 30ml rJ 30ml rJ~ ~ ~ ~SOOmI 270mI 270mI 270mI 270mISuspensão Pura Água Destilada Água Destilada Água Destilada Água Destilada107 ufc/mIAs raízes de 180 "seedlings" de pimenta-da-reino, cultivar Guajarina, com aproximadamente 7 meses de desenvolvimento,foram inoculadas por imersão, durante 10 minutos nas diferentes suspensões de esporos (30 seedlings/suspensão). Antesda inoculação, as mudas retiradas dos pré-enraizadores (contendo casca de arroz carbonizada e areia esterilizada), tiveramas raízes lavadas em água de torneira e em seguida, algumas pontas foram cortadas. Após a inoculação, as mudas foramI Bolsista PIBIC/CNPq/EMBRAPA - Acadêmico do 6º-Semestre do Curso de Engenharia Agronômica - FCAP2 Fitopatologista, Ph. D, Embrapa Amazônia Oriental. Tv. Dr. Enéas Pinheiro s/n. CEP: 66095-100284novamente transplantadas, para vasos (5 seedlings/vaso) contendo solo enriquecido com calcário, fertilizante químico ematéria orgânica, mantidas em telado com cobertura de vidro e irrigadas por aspersão, diariamente.A avaliação foi baseada no reconhecimento visual dos sintomas e na recuperação do patógeno de tecidos das plantasinoculadas nas diferentes concentrações de esporos, aos 62 dias após a inoculação.O delineamento experimental usado foi inteiramente casualizado com, seis tratamentos (água, suspensão 107 suspensão à106 , suspensão à 105 , suspensão à 104 e suspensão à 103 ufc/ml), seis repetições, conduzidos em laboratório e casa devegetação. Os dados foram registrados e analisados pela estatística de Kruskal- Wallis (ANOV A) e as médias comparadaspelo teste de Tukey, modificado para dados não paramétricos, em nível de 5% de significância (ZAR, 1984).RESULTADOS E DISCUSSÃOApós 62 dias, os seedlings foram avaliadas considerando-se os sintomas visuais de murchamento, e invasão vascular. Afim de detectar a extensão da invasão vascular, foi feita a recuperação do patógeno (Fusarium oxysporum) através deisolamentos de tecidos do caule, em placas de Petri com agar-água e repicagem em tubos de ensaios com meio de culturaBDA (Tabela 1).Tabela 1. Número de seedlings de pimenta-do-reino infectados após imersão das raízes em suspensão deesporos de Fusarium oxysporum, em diferentes concentrações.lO7 lO6 lO5 lO4 lO3 Testemunha2 1 2 O O OO 2 1 O O O1 O O O O O3 O 1 O O O3 1 1 1 O O1 1 O O O OA análise mostrou diferenças significativas entre as concentrações de inóculo testadas. A infecção dos seedlings,confirmada através do isolamento dos tecidos vasculares, foi mais intensa quando as plantas foram inoculadas comsuspensões de esporos mais concentradas (Tabela 2)Tabela 2. Resposta de seedlings de pimenta-da-reino à inoculação de suspensões de esporos de Fusarium oxysporumem diferentes concentrações (Média de 6 repetições)Suspensão Média dos ranks Contrastes107 ufc/ml 28,166 a106 ufc/ml 22,833 a105 ufe/ml 22,833 a104 ufc/ml 14,083 b103 ufc/ml 11,500 bTestemunha 11,500 bMédias seguidas da mesma letra não diferem significativamente entre sí aonível de 5% de probabilidade (p=O,05)Nos contrastes (Tabela 2) observa-se que não houve diferença significativa entre os tratamentos: 107 , 106 e 105 quandocomparados com os tratamentos: 104, 103 e o tratamento Testemunha (p=0,05), .Os resultados obtidos mostram que o patógeno foi capaz de induzir sintomas mesmo em baixas concentrações como 104ufc/ml. Nos testes realizados por Duarte et aI. (1999) os autores obtiveram respostas inoculando mudas de pimenta-da-reinocom suspensão de esporos na concentração de 3,7x105. Embora não tenha sido observado visualmente necrose vascular, ofungo penetrou nos tecidos da haste das plantas, evidenciado através de isolamentos do patógeno a partir de tecidos dehastes aparentemente sadias. Isto indica que a ausência de necrose vascular não significa que não ocorreu a colonização dostecidos. Em testes de inoculação que visem selecionar plantas resistentes, o registro da extensão da invasão vascular deveser acompanhado de isolamento dos tecidos aparentemente sadios.285CONCLUSÃOOs resultados permitiram concluir que:• Fusarium oxysporum é capaz de infectar raízes de plantas de pimenta-da-reino, cultivar Guajarina, em concentraçõestão baixas quanto 104 ufc/ml.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASDUARTE, M. L. R & ALBUQUERQUE, F. C. Pimenta-do-reino (Piper nigrum L.) Controle de Doenças. In:VAlLE, F. X. R; ZAMBOLIM, L. (eds.) Controle de doenças de plantas. Viçosa, MO: UFV, Departamento deFitopatologia; Brasília, DF: Ministério da Agricultura e do Abastecimento, 1997. 2v. pp. 879-924.DUARTE, M. L. R., ALBUQUERQUE, F. c., HAMADA, M.,COSTA, A. P,. Murcha causada por Fusarium oxysporum,uma nova doença da pimenta-da-reino no Estado do Pará. Fitopatologia Brasileira, v. 24, n. 2, p. 178-181,1999.DUARTE, M. L. R.; ALBUQUERQUE, F. C. & POLTRONIERI, L. S. Podridão do pé da pimenteira-do-reino (Pipernigrum L.). In: LUZ, E. D. M. N; SANTOS, A. F; MATSUOKA, K & BEZERRA, J. L. (eds.) Doenças causadas porPhytophthora no Brasil. Itabuna, Bahia: CEPLAC, Centro de pesquisa do cacau. Livraria Editora Rural, 2001. pp. 560-589.DUARTE, M. L. R. & ALBUQUERQUE, F. C. Doenças da cultura da Pimenta-do-reino. In: DUARTE, M. L. R (eds.)Doenças de plantas no trópico úmido Brasileiro, I Plantas Industriais. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 1999. pp.159-208.ZAR, J. Biostatistical analysis. 2 nd Ed. New Jersey: Prentice Hall. 1984.

Determinação do potencial de inóculo mínimo infectivo de Fusarium oxysporum em "seedlings" de pimenta-do-reino (Piper nigrum, L.).

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Determinação do potencial de inóculo mínimo infectivo de Fusarium oxysporum em "seedlings" de pimenta-do-reino (Piper nigrum, L.).

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