Sementes de amendoim apresentam dormência em diferentes graus, sendo esta característica mais pronunciada na subespécie hypogaea, incluindo o grupo da variedade Virgínia ?Runner?, onde são classificadas as cultivares ?Runner? comerciais. A dormência é interessante por evitar perdas durante a colheita e por estar relacionada à menor contaminação por aflatoxinas. Este trabalho avaliou a germinação e a dormência em sete linhagens avançadas de amendoim tipo ?Runner? de ciclo médio, obtidas a partir da seleção em populações de base genética ampla, e três cultivares comerciais tipo ?Runner?

CAPORUSSO, N. B.

REICH, T. C.

SUASSUNA, T. de M. F.

UITDEWILLIGEN, G. S.

Portuguese

Repository Open Access to Scientific Information from Embrapa

GERMINAÇÃO E DORMÊNCIA DE LINHAGENS DE AMENDOIM TIPO RUNNERDERIVADAS DE POPULAÇÕES DE BASE GENÉTICA AMPLANatália Buzinaro Caporusso  1 , Guilherme Salis Uitdewilligen1, Talita Cristina Reich1 e Taís deMoraes Falleiro Suassuna21Coplana  -  Cooperativa  Agroindustrial,  Unidade  de  Grãos-Sementes,  Jaboticabal,  SP,nbcaporusso@coplana.com (Apresentador do trabalho), gsalis@coplana.com, tcreich@coplana.com;2Pesquisadora,  Embrapa  Algodão/Núcleo  Cerrado,  Santo  Antônio  de  Goiás,  GO,tais.suassuna@embrapa.br.RESUMO:  Sementes  de  amendoim  apresentam  dormência  em  diferentes  graus,  sendo  estacaracterística  mais pronunciada na subespécie  hypogaea,  incluindo o grupo da variedade Virgínia“Runner”, onde são classificadas as cultivares “Runner” comerciais. A dormência é interessante porevitar perdas durante a colheita e por estar relacionada à menor contaminação por aflatoxinas. Estetrabalho avaliou a germinação e a dormência em sete linhagens avançadas de amendoim tipo “Runner”de ciclo médio, obtidas a partir da seleção em populações de base genética ampla, e três cultivarescomerciais  tipo  “Runner”.  Amostras  de  cada  genótipo  foram  dispostas  em  sacos  de  polietilenotrançado  contendo  cerca  de  100  vagens  por  unidade  amostral,  quatro  repetições,  dispostas  emdelineamento inteiramente casualizado. Após 18 e 60 dias de armazenamento, foram realizadas asavaliações de germinação e dormência. Todas as linhagens apresentaram dormência equivalente aodas  cultivares  “Runner” comerciais,  aos  18 dias após a  colheita.  A germinação das  sementes dascultivares comerciais e de cinco linhagens foi superior a 70% aos 60 dias após a colheita. Os menoresvalores de germinação foram observados nas linhagens 2013-370 e 2013-374, bem como os maioresvalores de dormência de suas sementes, 60 dias após a colheita.Palavras-Chave: Arachis hypogaea L., sementes, cultivares, armazenamento.INTRODUÇÃOOs sistemas de produção mais importantes para a cadeia produtiva do amendoim no estado deSão  Paulo  utilizam  cultivares  tipo  “Runner”,  que  apresentam  maior  rendimento  no  campo  e  naindústria, e atendem aos padrões de qualidade dos mercados nacionais e internacionais (SAMPAIO,2016).  Cultivares  “Runner”  também  são  utilizadas  pelos  produtores  de  amendoim  no  Cerradobrasileiro, onde a cultura está inserida em sistemas de rotação com culturas anuais, além de áreas derenovação de canavial e pastagens, como acontece na região Sudeste. Para atender a estas demandas, o programa de melhoramento de amendoim da Embrapa geroupopulações de base genética ampla, obtidas a partir  da hibridação entre cultivares comerciais tipo“Runner” alto oleico e genótipos fontes de precocidade do tipo Spanish ou linhagens interespecíficasderivadas dos parentes silvestres do amendoim, como descrito por SUASSUNA et al. (2015). No entanto, as linhagens selecionadas nestas populações podem apresentar diferenças quanto àdormência das sementes no momento da colheita, uma característica presente nas cultivares “Runner”porém  ausente  nas  fontes  de  precocidade  (grupo  Spanish)  e  desconhecida  nas  linhagensinterespecíficas (FÁVERO et  al.,  2011). A dormência consiste no impedimento de germinação desementes viáveis, sob condições ambientais favoráveis no momento da colheita, e a sua duração podevariar entre genótipos de amendoim (TOOLE et al., 1964). Estudos sobre a herança da dormência emamendoim  detectaram  a  influência  de  fatores  monogênicos,  poligênicos,  aditivos,  entre  outros,variando conforme os genótipos utilizados em cada estudo (WANG et al., 2012).Considerando a cultura do amendoim, a presença de dormência nas sementes no momento dacolheita é interessante para evitar perdas por germinação e também por estar relacionada à menorcontaminação por aflatoxinas (SUASSUNA et al., 2008). Após a colheita, a dormência das sementesviáveis  é  reduzida  progressivamente,  durante  o  período  de  armazenamento,  enquanto  que  agerminação das sementes viáveis aumenta. Considerando que a intensidade e duração da dormênciapode variar entre genótipos (TOOLE et al., 1964), o conhecimento destas variáveis é fundamental parao manejo da cultura e a produção de sementes de qualidade. Este trabalho avaliou a germinação e a dormência em linhagens avançadas de amendoim tipo“Runner” de ciclo médio, obtidas a partir da seleção em populações de base genética ampla, aos 18 e60 dias após a inversão das plantas no campo. Outras avaliações serão realizadas aos 120 e 180 diasapós a inversão, quando será possível realizar uma análise mais apropriada destas variáveis ao longodo tempo de armazenamento das sementes, por meio de análises de regressão.MATERIAL E MÉTODOSAmostras de vagens de amendoim relativas a 10 genótipos, produzidas em experimento decampo (instalado na fazenda Queixada, região de Taiuva, Jaboticabal/SP), foram tomadas ao acaso aos10 dias  após a  inversão das  plantas.  As amostras  de cada genótipo foram dispostas  em sacos depolietileno  trançado  contendo  cerca  de  100  vagens  por  unidade  amostral,  quatro  repetições  porgenótipo, e dois períodos de armazenamento após a inversão das plantas (18 e 60 dias) e colocadassobre estantes em ambiente controlado (25oC, 75%UR), em delineamento inteiramente casualizado. Ostratamentos  foram  compostos  pelos  seguintes  genótipos  de  ciclo  médio  (130  dias):  linhagensavançadas derivadas da hibridação com fontes de precocidade (2013-368 OL, 2013-370 OL, 2013-374OL,  2013-413  OL);  linhagens  avançadas  derivadas  de  hibridação  com  linhagens  interespecíficas(2013-424 OL, 2013-425 OL e 2013-432); três cultivares comerciais (Granoleico, IAC 503 e IACOL3).O armazenamento das amostras e as avaliações de germinação e dormência foram realizadosno Laboratório de Análise de Sementes de Amendoim, da Coplana/Unidade de Grãos, em Jaboticabal,SP.  As  vagens  contidas  em cada  unidade  amostral  foram  descascadas  para  obter  100  sementes,utilizadas  para  as  análises  de  sementes,  onde  foram  avaliados  o  número  de  sementes  normais,anormais, duras (dormentes) e mortas, como descrito em BRASIL (2009) para teste entre areia. Asamostras  das  sementes  da  linhagem  2013-374  foram  armazenadas  até  a  avaliação  aos  60  diasdescascadas, diferente dos demais tratamentos que foram armazenados em casca.As  variáveis  avaliadas  foram germinação  e  dormência,  expressas  em porcentagem.  Nestetrabalho serão apresentados e discutidos os resultados relativos aos períodos de armazenamento de 18e 60 dias. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas peloteste de Scott e Knott a 5% de probabilidade, para cada período de armazenamento separadamente. RESULTADOS E DISCUSSÃONão houve diferença significativa entre os tratamentos avaliados aos 18 dias após a inversãodas plantas no campo, tanto para germinação quanto para dormência (Tabela 1). A germinação médiaobservada foi 29,73 %, considerada muito baixa e inadequada para a semeadura. A dormência médiaobservada foi 66,93 %. Todas as linhagens desenvolvidas pela Embrapa apresentaram dormência.Tabela  1.  Porcentagem  de  germinação  e  dormência  das  sementes  degenótipos de amendoim tipo Runner, armazenados por 18 e 60 dias.Tratamentos18 dias 60 diasGerminação DormênciaGerminaçãoDormênciaGranoleico 22,50 72,25 80,00 a 12,25 dIAC 503 25,50 71,75 81,50 a 13,00 dIAC OL3 29,50 67,00 80,50 a 16,75 c2013-368 OL 26,25 69,50 75,00 a 20,00 c2013-370 OL 27,50 66,00 66,25 b 26,50 b2013-374 OL 27,75 63,75 55,50 c 38,00 a2013-413 OL 28,00 68,00 77,75 a 18,25 c2013-424 OL 32,00 66,00 80,75 a 17,25 c2013-425 OL 35,50 61,00 79,25 a 19,00 c2013-432 31,75 64,00 77,25 a 18,75 cMédia geral 28,60 66,93 75,40 19,98CV 16,10 7,08 4,80 20,37P ns ns ** **ns – não significativo a 1% de probabilidade; ** - significativo a 1 % de probabilidade; médias seguidas pela mesmaletra na mesma coluna pertencem ao mesmo grupo pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. Após 60 dias de armazenamento das sementes, foi possível observar diferenças significativasentre os genótipos para ambas variáveis (Tabela 1). A germinação média foi de 75,4 %, com valoressuperiores  a  75  %  para  cinco  linhagens  e  as  cultivares  comerciais.  A  linhagem  2013-374  OLapresentou germinação inferior aos demais tratamentos (55,5 %). O valor médio de dormência aos 60dias foi de 19,98 %, com valores inferiores a 20 % para cinco linhagens e as cultivares comerciais,26,5 % para a linhagem 2013-370 e 38% para a linhagem 2013-374. As sementes da linhagem 2013-374 foram armazenadas descascadas até a realização da avaliação aos 60 dias, diferente das amostrasdos demais tratamentos que foram armazenadas em casca. Não há relatos de que o armazenamento dasamostras  descascadas  influencie  na  germinação  ou  dormência  das  sementes.  Já  a  remoção  doendocarpo tem efeito sobre a redução da dormência de genótipos, como relatado por TOOLE et al.(1964). Como as amostras de sementes da linhagem 2013-374 foram mantidas com endocarpo duranteo armazenamento,  consideramos que a avaliação da dormência e germinação foram realizadas emcondições semelhantes aos demais tratamentos.Diferenças  na  intensidade  e  duração  da  dormência  em  genótipos  de  amendoim têm  sidorelatadas por diversos autores (KHALFAOUI, 1991, WANG et al., 2012). A dormência observada aos18 dias neste trabalho (66,93 %) não é completa, segundo critério descrito por WANG et al. (2012),que  considera  dormência  completa  0  % de  germinação.  Não  foram observadas  vagens  rompidasdevido à germinação de sementes após o arranquio nas parcelas de onde foram tomadas as amostras desementes para avaliação. Provavelmente, a dormência presente nas linhagens e cultivares avaliadaspreveniu este tipo de perda de produção, preservando a qualidade das sementes na etapa pré-colheita.As linhagens avançadas foram selecionadas para características agronômicas, como hábito decrescimento decumbente, e de mercado, como grãos padrão “Runner” e alto teor de ácido oléico. Asdiferenças observadas quanto a porcentagem de sementes dormentes aos 60 dias indica variabilidadepara esta característica entre as linhagens avançadas desenvolvidas pela Embrapa.Embora o conhecimento de características como a germinação e dormência de sementes decultivares de amendoim sejam importantes para o manejo da colheita e a produção de sementes, outrosaspectos influenciam a qualidade fisiológicas das sementes de amendoim produzidas no Brasil, como atrilha mecânica e o próprio armazenamento (BARBOSA et al., 2014). A geração de conhecimento queintegre  aspectos  fisiológicos,  como  a  dormência,  e  processos  de  produção,  como  a  trilha  earmazenamento, são essenciais para a obtenção de sementes de amendoim de qualidade.CONCLUSÕESTodas  as  linhagens  apresentaram  dormência  equivalente  ao  das  cultivares  “Runner”comerciais, aos 18 dias após a colheita.Os valores de germinação das cultivares comerciais e de cinco linhagens foram superiores a70% aos 60 dias após a colheita.As  linhagens  2013-370 e  2013-374 apresentaram os  menores  valores  de  germinação e  osmaiores valores de dormência de suas sementes, 60 dias após a colheita.AGRADECIMENTOSOs autores prestam seus agradecimentos ao produtor Walter de Souza, ao técnico agrícola daEmbrapa  Algodão,  Jair  Heuert,  e  às  colaboradoras  da  Coplana,  Barbara  Priscila  Alves  da  Costa,Cristiane Ap. Mirabelli Pimpinati, Daiane Rodrigues Basilio Pereira e Nelita Rodrigues dos Santos.REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICASBARBOSA R. M.; VIEIRA B. G. T. L.; MARTINS C. C.; VIEIRA R. D. Qualidade fisiológica esanitária  de  sementes  de  amendoim  durante  o  processo  de  produção.  Pesquisa  AgropecuáriaBrasileira. v.49, n.12, p.977-985. 2014.BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.  Regras para análise de sementes.Ministério  da  Agricultura,  Pecuária  e  Abastecimento.  Secretaria  de  Defesa  Agropecuária.  1.ed.Brasília, Mapa/ACS, 2009. 399 p.FÁVERO A. P.; GODOY I. J.; SUASSUNA T. M. F. Uso de espécies silvestres no pré-melhoramentodo  amendoim.  In:  Lopes,  MA  et  al.,  (Eds.)  Pré-melhoramento  de  plantas:  estado  da  arte  eexperiências de sucesso. Brasília, DF, Embrapa, Cap. 03, p.266-291. 2011.KHALFAOUI J-L. B. Inheritance of seed dormancy in a cross between two Spanish peanut cultivars.Peanut Science. v.18, n.2, p.65-67. 1991.SAMPAIO R. M. Tecnologia e inovação: evolução e demandas na produção paulista de amendoim.Informações Econômicas. v.46, n.4, p.27-42. 2016.SUASSUNA T. M. F.; DOMINGUES M. A. C.; FERNANDES A. O.; PENARIOL A. L.; ALMEIDAR.  P.;  GONDIM T.  M.  S.;  TANAKA R.  T.;  GODOY I.  J.;  ALVES P.  L.;  SUASSUNA N.  D.;COUTINHO W. M.; MORAIS L. K.; ASSIS J. S.  Cap 6: Produção Integrada de Amendoim. In:Laércio Zambolim, Luiz Carlos Bhering Nasser, José Rozalvo Andrigueto, José Maurício Teixeira,José  Carlos  Fachinello.  (Org.).  Produção  Integrada  do  Brasil. 1  ed.  Brasília:  Ministério  daAgricultura, Pecuária e Abastecimento, v. 1, p. 145-181. 2008.SUASSUNA T. M. F.; SUASSUNA N.D.; MORETZSOHN M.C.; LEAL-BERTIOLI S. C. M. Yield, market quality, and leaf spots partialresistance of interspecific peanut progenies.  Crop Breeding and Applied Biotechnology.  v.15, n.3,p.175-180. 2015.TOOLE V.K.; BAILEY W. K.; TOOLE E. H. Factors influencing dormancy in peanut seeds.  PlantPhysiology. v.39, p.822-832. 1964.WANG M. L.;  CHEN C.Y.;  PINNOW D. L.;BARKLEY N.A.;  PITTMAN R. N. Seed dormancyvariability in the US peanut mini-core collection. Research Journal of Seed Science. v.5, n.3, p.84-95. 2012.

Germinação e dormência de linhagens de amendoim tipo Runner derivadas de populações de base genética ampla.

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Germinação e dormência de linhagens de amendoim tipo Runner derivadas de populações de base genética ampla.

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