Unidade de Infecciologia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, EPE
Abstract
Introdução: Os hemangiomas constituem a neoplasia mais frequente na criança,
ocorrendo em 10-12%, na maioria dos casos com evolução favorável. A fase
proliferativa, ocorre nos primeiros 4-6 meses e depois involuem em 50% dos casos, até
aos 5 anos. Em hemangiomas de grandes dimensões e que interferem na função de
outros órgãos, associam-se frequentemente complicações, nomeadamente a ulceração
(10-15%), sobre-infecção bacteriana ou hemorragia.
Descrição de Caso Clínico: Criança do sexo feminino, de 6 meses, com hemangioma
de grandes dimensões, que ocupava todo o ombro, que nos dois meses prévios realizava
regularmente tratamento com laser, internada por ulceração e infecção cutânea.
Leucócitos 12.300/μL, neutrófilos 38,9%, plaquetas 616.000/μL e PCR 6,7 mg/dL. Foi
medicada empiricamente com ceftazidima, flucloxacilina e gentamicina e ficando em
curso cultura do exsudado em que posteiormente se isolou Staphylococcus aureus
meticilino-sensível e Pseudomonas aeruginosa. A referir ainda anemia ferropenica
grave com hemoglobina 5,2 g/dL, hematócrito 15,8% e siderémia (20 μg/dL) com
necessidade de transfusão de concentrado eritrocitário e posteriormente terapêutica
marcial. A ecografia abdominal revelou pequeno hemangioma hepático e a ecografia
trans-fontanelar não tinha alterações.
Após realização de electrocardiograma, iniciou terapêutica com propanolol na dose
inicial de 0,15 mg/kg/dia com aumento gradual ate 1,5 mg/kg/dia com melhoria clínica e diminuição das dimensões e coloração do hemangioma e sem efeitos secundários a registar. Actualmente mantém terapêutica com propanolol e ferro oral, com o último valor de hemoglobina de 10,6 g/dL
Conclusão: A terapêutica do hemamgioma inclui a utilização de laser, a embolização
ou a excisão cirúrgica. Neste caso o tratamento convencional não resultou. O propanolol como uma nova alternativa terapêutica tem vindo a assumir uma importância crescente, na melhoria clínica destas situações. A realização de exames complementares para vigiar eventuais efeitos secundários é mandatória e a utilização de doses crescentes aumenta o perfil de segurança desta terapêutica