DAMASCENO, N.

FIGUEIREDO, Y. G.

GUIMARÃES, A. F.

MARTINS, L. de O.

MENDES, S. M.

ROCHA, M. S.

RODRIGUES, J. A. S.

SANTOS, A. J. N. dos

Portuguese

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Antibiose de Spodoptera frugiperda alimentada em cultivares de sorgo1. Lorena de Oliveira Martins2, Adriano Jorge Nunes dos Santos3, Michele Silva Rocha3, Natalia Damasceno4, Amanda F. Guimarães4, Yuri Gomes Figueiredo4, José Avelino Santos Rodrigues5, Simone Martins Mendes5 1 Trabalho financiado pelo CNPq/Fapemig 2 Estudante do Curso de Biologia da UNIFEMM, Bolsista PIBIC do Convênio Fapemig/CNPq/Embrapa/ FAPED 3 Bolsistas de Pós-Doutorado Fapemig - Embrapa Milho e S rgo 4 Estagiários e Bolsistas da Embrapa Milho e Sorgo 5 Pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo   Introdução   A lagarta-do-cartucho-do-milho, Spodoptera frugiperda (J. E. Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae) é uma espécie polífaga, considerada das mais nocivas para as culturas anuais nas regiões tropicais das Américas. Pode causar perdas de 17% a 38,7% na produção de milho e de sorgo, dependendo do ambiente e do estádio de desenvolvimento das plantas atacadas. Sua ocorrência também é registrada em lavouras de algodão, soja, pastagens dentre outras (CRUZ; TURPIN, 1982; BOREGAS et al., 2013).  Lavouras de sorgo estão sujeitas a infestações dessa pécie de inseto-praga, independente de sua aptidão, sendo necessária maioratenção para o monitoramento nas lavouras entre os estádios vegetativos V3 a V8. Como  ciclo da cultura, geralmente, é muito curto, é recomendado integrar o máximo possível de stratégias para o controle dessa espécie (MENDES et al., 2014). Nesse contexto o uso de plantas resistentes constitui um componente importante para um programa de manejo integrado de pragas.   A resistência de plantas possui as vantagens de ser compatível com outras estratégias do MIP e ser sustentável. Segundo Chrispim e Ramos (2007), existem vários termos para definir resistência de plantas, tolerância, suscetibilidade e são todos expressos de maneira subjetiva. Para Moraes (2014), uma planta pode ser considerada resistente ao proporcionar um efeito adverso sobre a população de uma ou mais espéci  de insetos-praga. Assim a resistência de plantas pode ser classificada quanto os mecanismos: 1) quando altera negativamente as características biológicas do desenvolvimento do inseto, é chamada antibiose; 2) não preferência ou antixenose ocorre quando a planta é menos utilizada ou preferida para alimentação, oviposição ou; e 3) a tolerância que é caracterizada quando a variedade é menos danificada do que as demais em igualdade de condições.  Dessa forma, fica evidente que na relação entre inseto planta, essa não é passiva, mas se comporta como organismo ativo e, como tal, vem dsenvolvendo por meio de seleção no processo evolutivo, certos mecanismos de proteção que interferem na utilização dos insetos (VENDRAMIM; GUZZO, 2009). Segundo esses autores, os principais efeitos nos insetos decorrentes da ingestão de alimento que causam antibiose são o prolongamento e mortalidade das fases imaturas, redução de tamanho e peso das fases imaturas e adultas e redução da fecundidade e fertilidade nos adultos. Assim o objetivo do presente estudo foi avaliar em laboratório os parâmetros biológicos de S. frugiperda de sobrevivência e biomassa de imaturos alimentados na fase larval em diferentes genótipos de sorgo, com aptidão para produção de forragem, biomassa, grãos e caldo fermentescível (sorgo sacarino), além de calcular o índice de adaptação da espécie nos diferentes tipos de sorgo.  Material e Métodos  Os ensaios foram realizados no laboratório de Ecotoxicologia de Insetos da Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas (MG), em ambiente climatizado com temperatura de 26±2 °C, UR 70±10% e fotofase de 12 horas. As lagartas utilizadas foram oriundas de criação de manutenção mantida no mesmo laboratório. Os genótipos de sorgo avaliados foram selecionados entre variedades e híbridos comerciais com diferentes aptidões: dois híbridos de sorgo granífero, BRS 373 e BRS 380, uma variedade de sorgo sacarino, BRS 511, dois híbridos de sorgo forrageiro, BRS 658 e BRS 659, uma variedade de sorgo biomassa, BRS 716, e uma cultivar de milho como testemunha, DKB 390. O plantio foi realizado no campo, com tratos culturais convencionais. Quando as plantas apresentavam entre seis e oito folhas completamente d s nvolvidas foram cortadas e trazidas ao laboratório, onde foram limpas, secas e preparadas para os ensaios.  Para os parâmetros biológicos relacionados à antibiose, avaliaram-se as seguintes variáveis: sobrevivência da pré-imaginal, biomassa de pupas e período de desenvolvimento larval. As lagartas de primeiro ínstar foram individualizadas em copos plásticos de capacidade de 50 mL e tampas de acrílico transparente. Sempre foram utilizadas seis seções de folhas tenras, com cerca de 10 centímetros quadrados (cada), de cada tipo de sorgo selecionado para o presente estudo. As folhas for m substituídas a cada dois dias, até o final da fase larval onde se avaliou a sobrevivência e biomassa das pupas. A avaliação da biomassa foi aferida em balança de precisão 0,001 mg. Para os dados de sobrevivência, cada repetição foi considerada como dez indivíduos e para as demais variáveis biológicas avaliadas cada indivíduo foi considerado uma repetição, com nu ero de repetições (n) variável (Tabela 1). O delineamento do ensaio foi inteiramente casualizado e, após análise de variância, os dados foram submetidos a teste de Tukey a 5% de probabilidade para distinção das médias.  As variáveis de sobrevivência, biomassa de pupas e eríodo de desenvolvimento larval foram utilizadas para o cálculo do Índice de Adaptação, onde IA= (SPI * BP) / (PDL) em que IA= índice de adaptação, SPI = sobrevivência pré-imag nal, BP= biomassa de pupas e PDL=período de desenvolvimento larval, como proposto por Boregas et al. (2013). Depois calculou-se o Índice de Adaptação Relativo, tomando-se a planta de milho como padrão de comparação.  Resultados e Discussão  Foi observada diferença significativa na sobrevivência pré-imaginal de S. frugiperda nos diferentes genótipos de sorgo avaliados (Tabela 1), com a cultivar BRS 659 apresentando a menor sobrevivência, e o BRS 511 a maior. A diferença entre a sobrevivência das cultivares que proporcionaram maior e menor sobrevivência é da ordem de 35%, dessa forma pode-se inferir que, somente pelo uso de cultivares menos suscetíveis, é possível reduzir o número de S. frugiperda em condições de campo.   Diferença significativa também foi encontrada para o período de desenvolvimento larval (Tabela 1). O genótipo BRS 716 apresentou o maior período, com 18,17 dias, resultados semelhantes foram encontrados no BRS 373 e no milho. Já os genótipos BRS 511, BRS 658 e BRS 659 apresentaram menor período de desenvolvimento. Esse resultado é superior ao encontrado por Boregas et al. (2013), que foi de cerca de 15 dias, para sorgo granífero e selvagem. Porém aqueles autores não trabalharam com muitos genótipos de sorgo diferentes. Já Sá et al. (2009) encontraram período de desenvolvimento dessa espécie em sorgo em torno de 21 dias. Mostrando que os resultados encontrados no presente estudo se encontram dentro de uma faixa observada em literatura. Tais diferenças podem ser atribuídas, além das condições experimentais, a desempenho do inset  nos diferentes hospedeiros.  Para biomassa de pupas, também se verificou diferença significativa para os hospedeiros avaliados (Tabela 1). De acordo com Pencoe e Martin (1981), existe uma correlação entre biomassa de pupas dessa espécie e a f rtilidade dos adultos, esperando-se maior fertilidade de fêmeas oriundas de pupas de maior biomassa.  Assim, genótipos que propiciam o desenvolvimento de pupas de menor biomassa, devem ser preferidos no programa de melhoramento, pois levariam intrinsicamente a redução da fertilidade dos insetos. Nesse sentido, os genótipos de sorgo biomassa BRS 716 e o forrageiro BRS 659 se destacaram por proporcionar pupas de biomassa significativamente menores que os demais genótipos.   Em relação ao IA, todos os genótipos, de sorgo com exceção do BRS 716 e BRS 659 apresentaram nível de adaptação superior ao milho (Tabela 1). Como o milho foi utilizado como testemunha, calculou-se o IRA em comparação a esse.  Assim, pode-se inferir que, em sorgo sacarino, essa espécie tem uma adaptação cerca de 34% superior ao milho. Além disso, em sorgo granífero, a adaptação dessa espécie também foi superior ao milho. Corroborando com observações de campo, onde os maiores danos causados por essa praga são observados em genótipos de sorgo com tais aptidões.     Tabela 1 – Média (±ep) de sobrevivência larval, tempo de desenvolvimento larval e biomassa de pupa de Spodoptera frugiperda alimentadas em diferentes genótipos de sorgo e milho. Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas-MG, fevereiro de 2016.   Cultivares  n Sobrevivência pré-imaginal (%)  n  Período larval (dias)  N  Biomassa de pupa (g)  IA   IRA  BRS 373   5  62.00±8,60ab  35 18,00±0,21a  35 259,42±5,46ab  893,56 1,16 BRS 380   5  56.00±4,00abc  35 17,43±0,28ab  35 254,45±5,44abc  817,51 1,06 BRS 511   5  66.00±8,72a  35 16,63±0,21b  35 260,30±4,17ab  1.033,06 1,34  BRS 658   5  58.00±5,83ab  36 16,86±0,40b  36 245,65±5,90abc  845,06 1,10 BRS 659   5  42.00±6,63d  24 16,96±0,32b  24 243,54±5,17bc  603,11 0,78 BRS 716   5   46.00±5,10cd  25 18,17±0,31a  25 237,09±4,12c  600,23 0,78 DKB 390   5  52.00±6,63bcd  30 18,03±0,34a  30 266,78±5,53a  769,41 -  Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (P=0,05)  IA = Índice de adaptação  IRA= índice relativo de adaptação dos genótipos de orgo quando comparado ao milho   Conclusão  As cultivares BRS 659 (sorgo forrageiro) e BRS716 (sorgo biomassa) apresentam o menor índice de adaptação para S. frugiperda.   Agradecimentos À Fapemig e à Embrapa Milho e Sorgo.  Referências    BOREGAS, K. G. B.; MENDES, S. M.; WAQUIL, J. M.; FERNANDES, G. W. Estádio de adaptação de Spodoptera frugiperda (J. E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) em hospedeiros alternativos. Bragantia, Campinas, v. 72, n. 1, p. 61-70, 2013. CHRISPIM, T. P.; RAMOS, J. M. Revisão de literatura: esistência de plantas a insetos.  Revista Científica Eletrônica de Engenharia Florestal, Botucatu, v. 6, n. 10, p. 1-19, ago. 2007.  CRUZ, I.; TURPIN, F. T. Efeito da Spodoptera frugiperda em diferentes estádios de crescimento da cultura de milho. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, v. 17, p. 355-359, 1982.   MENDES, M. M.; WAQUIL, J. M.; RODRIGUES, J. A. S.; SAMPAIO, M. V.; VIANA, P. A. Manejo de pragas na cultura do sorgo. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 35, n. 278, p. 89-99, jan./fev. 2014.  MORAES, R. F. O. Categorias e mecanismos de resistência de genótipos de couve a Spodoptera frugiperda (J.E.Smith, 1797) (Lepdoptera: noctuidae). 2014. 114 f. Dissertação (Mestrado em Entomologia Agrícola) - Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal.   PENCOE, N. L.; MARTIN, P. M. Development and reproduction of Fall Armyworm on several wild grasses. Environmental Entomology, College Park, v. 10, p. 999-1002, 1981.  SÁ, V. G. M. de; FONSECA, B. V. C.; BOREGAS, K. G. B.; WAQUIL, J. M. Sobrevivência e desenvolvimento larval de Spodoptera frugiperda (J E Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) em hospedeiros alternativos. Neotropical Entomology, Londrina, v. 38, n. 1, p. 108-115, fev. 2009. VENDRAMIM, J. D.; GUZZO, E. C. Resistência de plants e a bioecologia e nutrição dos insetos. In: PANIZZI, A. R.; PARRA, J. R. P. Bioecologia e nutrição de insetos: base para o manejo integrado de pragas. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica; Londrina: Embrapa Soja, 2009. p. 1055-1105.   

Antibiose de Spodoptera frugiperda alimentada em cultivares de sorgo.

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