Integrada no âmbito da especialização em Cinema e Audiovisual do mestrado
em Som e Imagem, o desenvolvimento da temática da corrente dissertação assume
como o objetivo a reflexão em torno do processo de construção de significado que
define o fenómeno cinematográfico enquanto ato de comunicação, tomando como
enfoque da investigação o modo como este se efetiva em função da especificidade do
cinema de ficção científica.
Com efeito, pautando-se pela articulação entre investigações do campo da
Psicologia da Arte e da Teoria de Cinema, o trabalho desenvolvido parte da análise
em torno da dicotómica natureza fotográfica do cinema e o potencial de subjetividade
que surge do ato interpretativo a que esse real irredutível é sujeito quando
subordinado à constituição do objeto cinematográfico, mediada por fatores que lhe
são externos. Desta forma, pretendeu-se abordar a influência do espetador – como
agente ativo neste processo interpretativo – no âmbito da reflexão em torno da
distorção que decorre da relação entre realidade e representação, que, por sua vez,
surge como base da definição da expressão artística enquanto ato de comunicação
(em particular, no Cinema).
Com vista ao cumprimento destes objetivos, ao trabalho de investigação
teórica foi, ainda e por um lado, acrescida a sua contextualização prática, que
decorreu da elaboração de uma curta-metragem de ficção científica intitulada
Entropia – sendo que, por outro lado, a recorrente exemplificação com referência a
obras cinematográficas de ficção científica permitiu, igualmente, apontar, numa fase
posterior do trabalho, para o potencial de instrumentalização a que este se sujeita;
observação que, por sua vez, expande esta temática à possibilidade de abranger
investigações futuras acerca dos paralelismos passíveis de serem estabelecidos entre
filmes de ficção científica e filmes de propaganda, centrando novamente a reflexão
em torno do tipo específico de comunicação que os caracteriza