O Jump-cut no cinema de ficção português : recurso artístico ou técnica narrativa?

Abstract

Neste trabalho procuramos postular o papel do jump-cut no léxico da linguagem cinematográfica portuguesa, verificando se constitui uma técnica narrativa ou se é utilizado enquanto recurso artístico. Para tal, efectou-se um estudo teórico e uma aplicação das elações num projecto prático, uma curta-metragem. Principiamos por analisar o papel do corte no cinema, examinando a montagem contínua ao longo da história do meio. Numa segunda fase, verificamos a evolução do jump-cut desde a sua primeira utilização por George Méliès, ao seu uso, pela primeira vez com propósitos estilísticos, por parte de Jean-Luc Godard em O Acossado (1960), onde este tipo de corte foi utilizado. Na terceira parte do nosso trabalho, estudamos brevemente anacronias e anisocronias (conforme Gérard Genette). Em seguida, algumas das definições do que constitui um jump-cut e postulamos uma própria, com base nas existentes, que divide o uso deste tipo de corte em dois tipos: jump-cut elíptico e jump-cut sonoro. Assim, procuramos aplicar as nossas elações do que constitui um jump-cut no cinema português, primeiramente estudando o que constituem alguns dos princípios da escola portuguesa de cinema. Procuramos através de uma passagem por seis filmes de seis realizadores de relevo no contexto nacional e internacional, verificar a existência deste tipo de corte nas obras e, caso exista, de que forma é utilizado. As elações retiradas deste estudo permitiram-nos postular a fraca aposta dos realizadores portugueses neste tipo de corte, com apenas dois filmes a revelarem o uso deste tipo de corte, embora com o mesmo propósito. Por último, colocamos em prática as elações retiradas do estudo efectuado neste trabalho no filme “Entre Margens” realizado por Pedro Barbosa. Em conclusão, consideramos que, no panorama cinematográfico actual, este tipo de corte se assume como parte da linguagem fílmica. Postulamos que o jump-cut é utilizado não só como técnica narrativa como também enquanto recurso artístico, em resposta à nossa problemática. No entanto, consideramos também que um estudo mais aprofundado deste tipo de corte é necessário para verdadeiramente definir o seu papel no léxico fílmico enquanto anisocronia fílmica, isto é, uma elipse

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