Hábitos alimentares e saúde oral em pacientes da Clínica Universitária da Universidade Católica Portuguesa : Viseu

Abstract

Introdução: Os alimentos que compõem a dieta de um individuo e os seus hábitos de saúde oral tem efeitos directos na sua saúde. A Saúde Oral não pode ser excluída quando se considera o corpo humano como um todo, sendo que um indivíduo só se encontra em pleno estado de saúde se também a nível oral se encontrar livre de patologia. Avaliar os hábitos alimentares e cuidados de saúde oral, determinando quais os efeitos a nível local e sistémico têm uma grande importância no acompanhamento de um paciente pelo profissional. Averiguando quais os parâmetros que este deve melhorar em conjunto com a recolha de dados clínicos, o Médico Dentista está em condições de diagnosticar, planear o tratamento e aconselhar quais as mudanças que devem ser introduzidas (nomeadamente na alimentação) para manter um elevado nível de qualidade de vida. O objectivo deste estudo é estabelecer uma relação entre a ingestão de alimentos açucarados e os hábitos de saúde oral (escovagem e utilização de fio dentário), bem como caracterizar os hábitos alimentares de uma amostra de pacientes da Clínica Universitária da UCP, Viseu. Participantes e Métodos: Foi realizado um Estudo Piloto a uma amostra de 71 indivíduos que compareceram à consulta na Clínica Universitária da Universidade Católica Portuguesa, Viseu, com idades compreendidas entre os 14 e os 74 anos de idade. Registou-se uma maior numero de participantes do género feminino, cerca de 40 indivíduos (56,3%) e 31 participantes do género masculino (43,7%). Foi assegurado o total anonimato do participante com uma breve explicação e preenchimento do consentimento informado. De seguida foi atribuído um questionário auto-aplicado, cujos participantes foram esclarecidos quanto ao seu preenchimento. Para a recolha dos restantes dados relevantes para este estudo, foi efectuado um exame clinico intra-oral obtendo-se índices de CPOD e de placa bacteriana de O’Leary e uma completa história clínica. Resultados: Verifica-se que na distribuição da escovagem dentária diária por género, os homens apresentam uma menor frequência de escovagem dentária. Cerca de 63% dos participantes referem escovar os dentes 2 ou mais vezes por dia, sendo que o grupo que apresenta maior frequência de escovagem é aquele que se inclui no intervalo de idades entre os 14 e 29 anos, cerca de 72% dos mesmos. XII A utilização de fio dentário diminui com o aumento de idade, sendo que em todos os intervalos de idades se verifica que a percentagem de não utilizadores de fio dentário supera a de utilizadores. Quanto à sua distribuição por género, verifica-se que as mulheres tem uma maior percentagem de utilizadores de fio dentário que os homens, cerca de 42,5% e 29% respectivamente. Quanto ao consumo de alimentos açucarados, verifica-se que este diminui progressivamente com a idade, sendo que por género se regista uma maior percentagem de indivíduos do género masculino a consumir alimentos açucarados. Quanto à distribuição de consumo de alimentos açucarados pela escovagem de dentes verifica-se que 88,4% dos participantes que consome alimentos açucarados escova pelo menos uma vez os dentes por dia. Os resultados obtidos são positivos, na medida em que 60,5% dos consumidores de alimentos açucarados escova os dentes 2 ou mais vezes por dia. Quanto à frequência de consumo de alimentos açucarados, verifica-se que quanto maior a frequência de consumo menor o numero de indivíduos incluídos. Verificando-se que a maioria dos indivíduos que consomem alimentos açucarados fazem-no à tarde (37,2% da amostra), seguido do período da manhã com 25,6% dos indivíduos. O factor consumo de alimentos açucarados revelou que este, por si só, se traduz num aumento do índice de CPOD. Isto é, independentemente da frequência de consumo de alimentos açucarados, à medida que o índice de CPOD aumenta, aumenta também a percentagem de indivíduos incluídos. Verificou-se que quanto ao consumo de alimentos considerados saudáveis, cerca de 56% da amostra consome 6 alimentos, sendo que a percentagem de indivíduos diminui à medida que diminui o numero de alimentos consumidos. Esta esquemática revela-se idêntica para ambos os géneros, sendo no entanto notória uma maior percentagem de mulheres a consumir 6 alimentos, que homens, cerca de 67,7% e 47,5% respectivamente. Quanto à distribuição de frequência de consumo de fast food, verifica-se que apenas 36,6% da amostra consome este tipo de alimentos, constatando-se que com o aumento da idade diminui a frequência de consumo. Conclusões: Concluímos neste estudo que para a obtenção de resultados mais precisos e realistas necessitamos de uma amostra mais abrangente. Só assim poderemos obter dados mais precisos que relacionem os hábitos de saúde oral e factores relacionados com a dieta. Existe uma concordância verificada com alguns estudos analisados e o presente estudo piloto relativamente aos resultados obtidos sobre hábitos de saúde oral e índice de placa oral de O’Leary e patologia periodontal. XIII Obtivemos resultados contraditórios entre os estudos analisados e o estudo piloto apresentado, sobre hábitos de Saúde Oral, índice de CPOD, pelo que outros factores endógenos e exógenos poderão ser considerados

    Similar works