Cuidados paliativos na comunidade : um futuro

Abstract

Os progressos científicos e sociais que têm ocorrido desde o século XX permitiram um aumento da longevidade, dando origem a um aumento das doenças crónicas não transmissíveis, em que a morte começou a surgir no final de uma doença crónica evolutiva mais prolongada. O facto de se viver mais anos não implicou um fim de vida com qualidade, uma vez que a morte era encarada como um fracasso para os profissionais de saúde e não como algo natural da própria vida, gerando uma certa desumanização pela busca da cura. Com base nesta tendência desumanizante da medicina foram desenvolvidos os Cuidados Paliativos. Actualmente tal filosofia de cuidados é conhecida e divulgada, sendo o acesso a tal prática específica ainda um pouco assimétrica, mesmo a nível europeu e a nível mundial. Na actual organização do Serviço Nacional de Saúde a comunidade é encarada como uma área que detém potencialidades para a promoção dos Cuidados Paliativos, uma vez que ele preconiza que é primordial o desenvolvimento mais estruturado dos Cuidados Paliativos domiciliários, perante o valor que estes acrescentam quanto à proximidade de serviços e em atender à vontade dos utentes em permanecerem no domicílio. De acordo com tal prioridade estabelecida e tendo em conta o diagnóstico de saúde realizado aos utentes/cuidadores abrangidos pelas equipas de saúde do Agrupamento de Centros de Saúde da Maia e aos respectivos profissionais de saúde foram desenvolvidos projectos de intervenção. Um dos projectos direccionou-se para a promoção da qualidade de vida quer dos utentes quer dos cuidadores, com o intuito em colmatar as necessidades identificadas, que se revelam ser um requisito para a intervenção dos Cuidados Paliativos na comunidade. A família e outros cuidadores, sendo parte integrante do utente uma vez que correspondem às pessoas afectivamente significativas, detêm um papel primordial no apoio aos utentes com doença avançada e progressiva em estadio terminal que sofrem com tal impacto. Nesta fase a família deve ser encarada como prestadora e receptora de cuidados. Os Cuidados Paliativos atendem aos efeitos transversais que os cuidados médicos podem gerar nas pessoas que rodeiam o utente, sendo fundamental direccionar os profissionais de saúde e técnicos a incluir a família no plano de cuidados desenhado, avaliando frequentemente o seu nível de stress e identificando problemas que possam ser resolvidos pela interacção com todos os recursos existentes, quer com os profissionais de saúde quer com outros recursos identificados como necessários para tal situação. Para que essa actuação se desenvolva é essencial promover formação e treino especializado aos profissionais de saúde dos Cuidados de Saúde Primários, no que diz respeito às áreas fundamentais dos Cuidados Paliativos. Consequentemente foi desenvolvido um projecto para se promover e aplicar tais cuidados com qualidade afigurando-se ser essencial valorizar os sintomas manifestados, os problemas dos utentes/cuidadores, assim como a adequada intervenção em cada caso, requerendo que os profissionais de saúde adquiram treino adequado e rigoroso nas áreas fundamentais dos referidos cuidado

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