Em 1993, no texto Vergílio Ferreira e o Cinema, Lauro António reflecte, com
um ponto de vista interessante e inovador, sobre o escritor português, evidenciando a
pluralidade de relações entre a literatura e o cinema que o mesmo ilustra na sua vida e
produção literárias. O realizador, homem da indústria cinematográfica mas também da
crítica, soube colher, do seu contacto pessoal, das suas leituras e da sua experiência
como responsável pela adaptação do romance Manhã Submersa para a tela, um
conjunto de conexões vergilianas entre a palavra e a imagem.
Lauro António, relativamente a Vergílio Ferreira, identifica quatro ligações
principais entre a literatura e o cinema: os comentários do escritor sobre cinema
integrados na sua Conta-Corrente, o acompanhamento da transposição para a tela de
obras suas, a elaboração de textos para documentários (como o que escreveu para a
curta-metragem relativa a Júlio Resende), e a sua experiência como actor no filme
Manhã Submersa (1980). A estes elementos acrescentaremos um quinto: a produção de
textos de pendor ensaístico com incidência temática sobre o cinema