Após uma apresentação do conceito de diário, devidamente
enquadrado nos instrumentos de recolha de dados que a investigação
qualitativa vem designando por documentos pessoais, analisamos o
problema da redacção e contributos investigacionais a que aquele,
respectivamente, está sujeito e pode operar. Como nota importante e
axial do nosso percurso, destacámos o impacto do diário sobre o
desenvolvimento pessoal- profissional dos professores, na medida em
que permite a sua interiorização e reflexão, fundamentais para uma
auto-análise que capacite para uma nova forma de encarar os
problemas profissionais, isto é, construtiva, pessoal e
altruisticamente. Debruçamo-nos, também, de forma breve, sobre as
precauções metodológicas e a dimensão ética do diário, mostrando
que, em qualquer utilização investigacional, o autor de um diário
deverá ser respeitado no seu direito a um tratamento sigiloso e fiel
das suas confidências, mesmo que, sob anonimato, os seus dados
possam ser publicamente expostos e reflectidos. Por fim, analisamos
o diário como uma metodologia de estudo de dilemas dos
professores, destacando algumas investigações sobre o tema e
apontando para uma tipologia por nós conseguida. Em qualquer caso,
concluímos, o diário pode permitir aos professores uma autoreflexão, que pode ser compartilhada, sobre as suas tensões e
conflitos, de natureza variada, é certo, mas que, consciencializados,
darão lugar à serenidade e empenhamento profissional,
indispensáveis ao enriquecimento da comunidade