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Programa Nacional de Vigilância da Gripe: relatório da época 2012/2013

Abstract

Com o presente relatório, o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I.P., pretende sintetizar e divulgar os resultados obtidos pelo Programa Nacional de Vigilância da Gripe (PNVG) durante a época de 2012/2013, em Portugal. Um dos principais objetivos do PNVG é justamente a recolha, análise e disseminação da informação sobre a atividade gripal em Portugal. Toda a informação obtida pelo Programa Nacional de Vigilância da Gripe (que inclui a identificação e caracterização dos vírus da gripe em circulação em cada época, assim como a identificação de vírus emergentes com potencial pandémico e que constituam um risco para a saúde pública) pretende, em última instância, contribuir para a diminuição da morbilidade e mortalidade associada à infeção e suas complicações, servindo de suporte à orientação de medidas de prevenção e controlo da doença de forma precisa. Na época 2012/2013 foram notificados um total de 1436 casos de síndroma gripal (SG). A atividade gripal foi considerada moderada e o maior número de notificações foi observado entre o final de Janeiro e a primeira quinzena de Março. O período epidémico ocorreu entre as semanas 4/2013 e 11/2013, com um valor máximo de 69,6 casos de SG por 100 000 habitantes na semana 10/2013. A maior parte das notificações corresponderam a indivíduos do género feminino. O grupo etário mais representado foi o correspondente à população jovem/adulta com idades compreendidas entre os 15 e os 44 anos. A febre, o mal-estar e a debilidade ou prostração foram os sintomas/sinais mais frequentemente referidos nos casos notificados. A análise laboratorial a 1262 exsudados da nasofaringe revelou a presença de vírus influenza em 43,5% destes casos. Dos 549 vírus influenza identificados, 272 (49,5%) eram do tipo B (linhagem Yamagata) enquanto que 232 (42,3%) vírus pertenciam ao subtipo A(H1)pdm09. Estes vírus co-circularam durante a época 2012/2013, e foram detetados em circulação simultânea no decorrer de praticamente todo o inverno, especialmente entre as semanas 1/2013 e 16/2013. Foram também detetados em pequeno número e de forma esporádica 35 (6,4%) vírus influenza do subtipo AH3 e 10 (1,8%) vírus influenza da linhagem B/Victoria. O vírus do subtipo A(H1) sazonal não foi detetado nos casos estudados. Nos casos de síndroma gripal notificados para cada grupo etário, a maior percentagem de casos de gripe verificou-se em crianças com idade compreendida entre os 5 e os 14 anos (61,8%; 94/162). A vacina antigripal foi administrada a 10,4% (131/1265) dos casos de SG notificados (com informação do estado vacinal), com a maior proporção de casos vacinados observada no grupo etário dos idosos (≥65 anos). Entre os casos de gripe, a vacina antigripal tinha sido administrada a 17 casos (3,6%; 17/471), sendo que 15 deles se encontravam potencialmente imunizados, e estiveram associados na sua maioria a casos de infeção pelos vírus influenza A(H1)pdm09 e influenza B/Yamagata. O diagnóstico diferencial de vírus respiratórios detetou a presença em maior frequência de Rhinovírus humano, seguido de Vírus Sincicial Respiratório. A Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico da Gripe (RPLDG), constituída essencialmente por laboratórios hospitalares, realiza o diagnóstico laboratorial do vírus da gripe e permite um conhecimento mais preciso, da etiologia das infeções respiratórias agudas graves, constituindo por isso, um complemento valioso para o PNVG. Dos casos de internamento em UCI reportados pela RPLDG, 38,8% (121/312) estavam associados a infeção pelo vírus da gripe, sendo o vírus A(H1)pdm09 o responsável pela maioria destas infeções (62,8%; 76/121). Os vírus da gripe detetados durante 2012/2013, quer na vigilância clínica e laboratorial (n=549/1262), quer através da RPLDG (n=165, recebidos no LNRVG) foram objecto de análise complementar por parte do Laboratório Nacional de Referência para o Vírus da Gripe/INSA. A análise antigénica realizada revelou que os vírus influenza do tipo A foram semelhantes às estirpes vacinais 2012/2013 para os subtipos A(H3) e A(H1)pdm09. A maioria dos vírus influenza B/Yamagata evidenciaram uma deriva antigénica relativamente à estirpe vacinal para a época 2012/2013, aproximando-se da estirpe B/Massachusetts/2/2012 (estirpe que integrará a vacina antigripal 2013/2014). Os vírus predominantes na época em análise (influenza B/Yamagata e A(H1)pdm09) revelaram também alguma diversidade genética, tendo sido registadas algumas substituições de aminoácidos em locais antigénicos da glicoproteína viral hemaglutinina que podem estar na origem da sua deriva antigénica. A monitorização da resistência aos antivirais nas 355 estirpes do vírus influenza analisadas feno- e/ou genotípicamente (265 vírus A(H1)pdm09 e 90 vírus influenza B) revelou serem todas susceptíveis aos inibidores da neuraminidase. No que respeita a monitorização semanal do impacto da epidemia de gripe na mortalidade por “todas as causas”, na presente época não se observou qualquer influencia da epidemia de gripe

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