A deficiência auditiva está associada a um impacto psicossocial negativo, que se traduz
numa diminuição da qualidade de vida do indivíduo. Apesar das consequências negativas
desta incapacidade pouco é conhecido sobre a sua prevalência em Portugal.
Objectivo: Estimar a prevalência da incapacidade auditiva auto-declarada numa amostra
representativa da população portuguesa.
Material e Métodos: Os dados utilizados na realização deste estudo foram gerados pelo
4º Inquérito Nacional de Saúde (INS), 2005-2006, conduzido pelo Instituto Nacional de
Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA, 2007) e pelo Instituto Nacional de Estatística (INE, 2007).
A amostra foi seleccionada com o fim de ser representativa das principais regiões (NUTS II)
de Portugal. Os dados foram obtidos por entrevista pessoal, no domicílio, por pessoal
treinado de acordo com um protocolo uniformizado. Obteve-se informação sobre características
sociais e demográficas, e a situação relativa à incapacidade auditiva. Analisou-se
a prevalência de incapacidade auditiva auto-declarada por região, sexo, grau de escolaridade
e grupo etário.
Resultados: Observou-se um aumento da percentagem de indivíduos com incapacidade
auditiva («moderada» ou «grave») com o aumento da idade e uma prevalência bruta e
padronizada pela idade mais elevada no sexo masculino do que no sexo feminino.
No conjunto dos dois sexos a maior percentagem bruta de incapacidade auditiva foi
observada na região do Alentejo – 11,0% nos homens e 9,5% nas mulheres. No entanto,
após padronização pela idade, a Região Norte teve o valor mais elevado no conjunto dos
dois sexos (11,6%), ficando a Região do Alentejo em segundo lugar (9,7%). A Região
Autónoma da Madeira teve a prevalência padronizada mais baixa (5,0%).
No conjunto dos dois sexos, a prevalência de incapacidade auditiva diminuiu com o aumento
do grau de escolaridade. Este facto verificou-se em todos os grupos etários do
sexo masculino e na maior parte deles, no sexo feminino.
Conclusões: Face a esta situação, afigura-se importante promover a investigação epidemiológica
sobre incapacidade auditiva nomeadamente possíveis exposições com ela
relacionadas nas várias Regiões e a sua distribuição nas respectivas populações