Núcleo de Pós-graduação em Administração, Escola de Administração, UFBA
Abstract
O artigo tem como objetivo investigar as formas de flexibilização de duas organizações do setor têxtil no interior do Rio Grande do Sul e suas repercussões sobre as relações de trabalho. Realizaram-se os dois estudos de caso, por meio de entrevistas individuais com cinco representantes da direção e vinte e oito trabalhadores. A empresa Alfa (EAlfa) utiliza, no processo produtivo, automação flexível de base eletrônica e microeletrônica, células de produção com ênfase em prêmios de produção e diversificação de modelos. É exigida mão-de-obra qualificada, bem como trabalhadores multifuncionais e aptos a subordinarem-se ao grupo e ao ritmo intenso de produção, o que se reflete no sentido dado ao trabalho por sua sobrecarga. Na Beta (EBeta) emprega-se tecnologia com base eletromecânica, sendo o processo produtivo de padrão fordista, com poucas inovações gerenciais e utilizando-se o trabalho a domicílio e o regime de banco de horas. A empresa conseguiu reduzir seu quadro funcional aumentando o de trabalhadores a domicílio. O acordo com os trabalhadores para aderir ao banco de horas ocorre pela adesão às regras, não havendo a imposição concreta das ordens. As repercussões nas relações de trabalho são: preferência pela contratação de mulheres, que aceitam mais facilmente o banco de horas e vêem como positiva a sua implantação, e mão-de-obra jovem para suportar as condições de trabalho