Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública.O objetivo deste estudo foi estimar as perdas dentárias em adolescentes brasileiros e investigar associação com fatores demográficos, socioeconômicos, de utilização de serviços e disponibilidade de água fluoretada. Foram analisados dados de 16.833 participantes do estudo epidemiológico nacional de saúde bucal, realizado em 2002/2003. O desfecho investigado foi a ocorrência de perdas dentárias de pelo menos um dente. As variáveis independentes incluíram localização geográfica de residência, sexo, cor de pele, idade, renda per capita, atraso escolar, tipo de serviço e residência em município com fluoretação das águas de abastecimento. Foram estimadas razões de prevalência brutas e ajustadas através da regressão de Poisson para cada macrorregião e para o país como um todo. Os resultados apresentam uma prevalência de 38,9% (IC 95%: 38,2%; 39,7%) de ocorrência de pelo menos um elemento dentário perdido. Considerando a amostra de base nacional, os adolescentes residentes em locais não servidos por água fluoretada apresentaram prevalência de perdas dentárias 40% maior do que os residentes em áreas com disponibilidade dessa medida. Houve forte associação entre a ausência da fluoretação das águas de abastecimento e as perdas dentárias para a região Nordeste. Para as demais regiões a associação das perdas com fluoretação de águas foi confundida pelas variáveis mais distais, notadamente as socioeconômicas, reforçando as características de desigualdades regionais. A alta prevalência de perdas dentárias em adolescentes demonstra existir necessidade de priorização pelos serviços odontológicos dos indivíduos mais acometidos por esse agravo, considerando medidas preventivas em idades mais precoces e de recuperação dos danos instalados. É necessário garantir acesso universal à água fluoretada