Experiências públicas relevantes vêm sendo amplamente desperdiçadas pelo campo de estudos em políticas públicas – tanto pelos estudos racionais quanto pelos estudos críticos. Partindo dessa observação, este artigo desenha caminhos teórico-metodológicos alternativos, que revelam a importância de tais experiências para o campo e instigam a construção de novos instrumentos capazes de conferir-lhes visibilidade/inteligibilidade. A partir de uma experiência estética situada, possivelmente invisível/ininteligível em caminhos de pesquisa tradicionais, entrecruzamos os estudos críticos, o pragmatismo deweyano e a gestão social, por meio da articulação de cinco categorias: (i) argumento, (ii) reflexividade, (iii) público, (iv) prática e (v) experiência estética. Lançadas à encruzilhada – o lugar da dúvida desencadeadora de investigações e ações –, essas categorias têm o potencial de deslocar as fronteiras do campo (e das estruturas epistemológicas que o sustentam), ampliando-o e pluralizando-o. Ao exemplo do que faz Exu – que engole de um jeito, para cuspir de forma transformada – construímos um “olho” que permite ver e interpretar experiências repletas de significação política, cultural e estética. Concluímos que temos muito a aprender com essas experiências e constatamos, também, que sair da encruzilhada pressupõe ao menos três grandes deslocamentos: 1) ressignificar o conceito de ‘políticas públicas’, interpretando-o como fluxo multiatorial/multissensorial, a partir da gestão social; 2) adotar uma perspectiva de análise sociocêntrica, em detrimento da tradição estadocêntrica, a partir dos estudos críticos; e 3) conferir centralidade à experiência, religando policy e politics, a partir do pragmatismo deweyano