research

Avaliação do risco ambiental de uma mina de urânio (Gouveia, centro de Portugal)

Abstract

Dissertação apresentada à Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco com vista à obtenção do Grau de Mestre em Monitorização de Riscos e Impactes AmbientaisA mina de urânio abandonada de Canto do Lagar está localizada em Arcozelo da Serra, na zona uranífera das Beiras, centro de Portugal. A mina foi explorada a céu aberto e produziu cerca de 12 430 kg de óxido de urânio (U3O8), entre 1987 e 1988. Na região, a unidade geológica dominante é o granito porfiróide, de grão grosseiro, de duas micas, predominantemente biotítico. O jazigo é constituído por duas brechas de esmagamento, paralelas, ao granito porfiróide grosseiro, onde ocorrem dois filões de quartzo branco brechificado, de pendor aproximado entre 70º a 80º para WNW. Estes filões encontram-se afastados cerca de 6 metros e contém fases secundárias de fosfatos de urânio, como a autunite e a torbernite com alguns sulfuretos associados. Os materiais rejeitados da exploração mineira (cerca de 1000000 ton) foram depositados em duas escombreiras e formou-se uma lagoa de mina no céu aberto. Para avaliar o risco ambiental da mina de urânio abandonada de Canto do Lagar, foram recolhidas 70 amostras: 14 de sedimentos de corrente, 40 de solos e 16 amostras de material de escombreira, em áreas localizadas fora e dentro da área de influência mineira. Estas amostras foram posteriormente analisadas em laboratório para diversos parâmetros físico-químicos e elementos químicos possivelmente associados com este tipo de exploração mineira. Com os resultados obtidos foi avaliada a possível associação dos elementos constituintes das amostras, usando a Análise em Componentes Principais (ACP) e foi estudada a distribuição espacial com recurso à Krigagem por Indicatriz. Na avaliação do possível grau de contaminação dos sedimentos de corrente, recorreu-se ao índice de geoacumulação de Müller. De um modo geral, os sedimentos de corrente foram classificados como não poluídos e/ou como não poluídos a moderadamente poluídos, à excepção das amostras Clsd 1, Clsd 2, Clsd 8, Clsd 9, Clsd 10 e Clsd 15. Os solos não podem ser usados para espaços públicos, privados ou residenciais de acordo com a legislação utilizada mas, todas as amostras de solos indicam que podem ser aplicadas para espaços comerciais ou industriais, à excepção das amostras Cls 8, Cls 13, Cls 21 e Cls 26. De acordo com a Legislação Holandesa, (VROM 2000), apenas as amostras Cls 13 e Cls 16 apresentam teores que exigem intervenção. Os materiais de escombreira, por sua vez, estão muito poluídos em tório (Th) e em urânio (U) e não devem ser utilizados em qualquer aplicação. Como resultado da distribuição espacial dos valores das amostras, pode verificar-se que para os sedimentos de corrente, a expressão da componente principal 1 diminui na direcção SE-NW e a expressão da componente principal 2 aumenta até ao meio da linha de água, diminuindo depois até à amostra Clsd 16 para aumentar a seguir até à amostra Clsd 14. Para os solos, a expressão da componente principal 1 diminui na direcção SE e aumenta nas direcções NE e SW e a expressão da componente principal 2 diminui do centro para a periferia, aumentando nas direcções N e SW. A distribuição espacial, das amostras de material de escombreira, não permitiu retirar conclusões

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