A perceção da autoeficácia dos membros da família prestadores de cuidados após um internamento do familiar dependente

Abstract

O estudo aqui reportado teve como problemática central a perceção da autoeficácia (PAE) de Membros da Família Prestadores de Cuidados (MFPC). A perceção da autoeficácia do MFPC foi, aqui, entendida como um condicionalismo e um padrão de resposta às transições vivenciadas no exercício do papel de tomar conta de pessoas com dependência. Os objetivos deste estudo foram: a) conhecer a perceção de autoeficácia dos MFPC de pessoas dependentes e; b) explorar a relação entre a perceção da autoeficácia e as características (atributos) dos MFPC e das pessoas com dependência. O estudo assentou numa metodologia quantitativa, descritiva e transversal. A recolha dos dados foi efetuada nos domicílios dos familiares cuidadores e/ou da pessoa dependente, através de um formulário que integrou instrumentos de avaliação da PAE dos MFPC e do nível e tipo de dependência dos familiares, desenvolvidos na Escola Superior de Enfermagem do Porto (ESEP). A amostra que suportou o estudo foi obtida por conveniência e foi constituída por 60 casos (MFPC e familiares dependentes) Os resultados apurados indicam-nos que, em termos gerais, os MFPC percecionam-se como “competentes” no desempenho do seu papel. Ao tomarmos em linha de conta os valores médios da PAE, em função de cada domínio do autocuidado estudado, constatámos que os domínios com valores de PAE mais baixos referem-se ao assistir o familiar dependente no “transferir-se”, no ”vestir-se”, no ”usar o sanitário”, no ”tomar banho” e no “virar-se ou posicionar-se na cama”. Dada a sua natureza intrínseca, estas dimensões do autocuidado estão intimamente relacionadas com quadros de “grande dependência”, fato verificado neste estudo. Na realidade, de acordo com os nossos dados, quanto maior o nível de dependência do familiar cuidado, menor é a perceção da autoeficácia dos MFPC. Os MFPC que tomam conta do familiar dependente há mais tempo tendem a ter níveis de PAE mais altos, o que aponta para a “necessidade de tempo” na construção da competência. Tendo presentes os nove domínios de competência descritos por Schumacher e colaboradores (2000), foi possível inferir que os domínios em que os MFPC se sentiam mais competentes diziam respeito à “acessibilidade aos recursos” necessários ao cuidar do familiar. Em contrapartida, as dimensões em que os MFPC demonstraram menor PAE diziam respeito ao “monitorizar”, ao “ajustar” e ao “providenciar cuidados”

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