A compaixão entre enfermeiros em saúde infantil e pediatria : análise do conceito

Abstract

A compaixão é um conceito subjacente ao exercício da profissão de enfermagem desde Florence Nightingale. Definir compaixão para a enfermagem é determinante porque, compreendendo-a plenamente, poderemos reclamá-la como dimensão da nossa prática profissional, em vez de a considerarmos apenas pela perspetiva dos outros como mero traço de caráter da enfermagem, limitando o conceito. Frequentemente pensamos a compaixão em enfermagem na relação enfermeiro/utente, porém não encontramos estudos em pediatria que versem sobre o seu contributo para a harmonia das relações interpessoais, especificamente para a atitude do enfermeiro nas relações entre pares. Logo, tomamos como ponto de partida para este trabalho de investigação a questão: Qual o conceito de compaixão no contexto da relação entre pares em ESIP? Pretende-se com este estudo contribuir para uma cultura de compaixão no âmbito dos cuidados de enfermagem à criança/família, para a humanização destes cuidados, para uma definição do conceito de compaixão no exercício profissional dos enfermeiros de SIP e para o seu desenvolvimento profissional. Neste âmbito, definimos como principal objetivo o de analisar o conceito de compaixão entre pares em ESIP. Selecionamos a metodologia qualitativa, exploratória, descritiva e transversal. A pesquisa foi estruturada com base nas oito etapas do método de análise conceptual de Walker e Avant (2005), através do qual exploramos o conceito de compaixão entre pares quer na literatura, quer na perspetiva dos enfermeiros. A análise de conteúdo de Bardin (2002) foi aplicada às entrevistas realizadas entre abril e junho de 2013, a onze participantes, com um tempo mínimo de serviço profissional em SIP de cinco anos e um máximo de trinta e um anos (amostra intencional do tipo “Bola de Neve”). A opinião dos enfermeiros entrevistados, sobre o conceito de compaixão entre pares, em discussão com os autores, permitiu-nos concluir cinco atributos do conceito - ter sentimentos, ter valores, colocar-se no lugar do outro, ter boas relações humanas e aliviar o sofrimento do outro -, bem como os seus antecedentes e as suas consequências. Este facto levou-nos, simultaneamente, a propor alguns indicadores empíricos e a definir o conceito em estudo. Partindo dos atributos identificados, selecionamos das histórias de compaixão e de não compaixão entre pares, narradas pelos enfermeiros, um caso modelo e os casos adicionais. Concluímos sugerindo a realização de mais estudos de investigação alargados a profissionais de outras áreas de enfermagem, com amostras e metodologias variadas. Propusemos a elaboração de uma escala de compaixão para a enfermagem, que possibilite a aferição de níveis de compaixão dos seus alunos e profissionais, e a criação de momentos de partilha entre enfermeiros, que restaurem a cultura compassiva dos cuidados e das relações humanas nos locais de trabalho.

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