Numa era onde os recursos disponíveis numa organização, têm de ser
rentabilizados, observa-se uma crescente preocupação com o bem-estar dos
indivíduos no trabalho. Este bem-estar no trabalho, também designado por
engagement, caracteriza-se pela energia e identificação que o indivíduo tem com
o seu trabalho, está associado a maior produtividade e qualidade dos serviços
prestados. (Bakker & Leiter, 2011).
O presente estudo tem como principal objetivo, descrever e analisar a
relação entre engagement e a satisfação com o suporte social nos enfermeiros de
cuidados de saúde primários. Além deste objetivo, pretendemos identificar
fatores, sócio demográficos e profissionais, que contribuam para o engagement
nesta população.
Este estudo é descritivo e transversal.
Para dar resposta aos objetivos propostos, aplicamos um questionário
constituído por três partes: I parte diz respeito à caracterização sóciodemográfica
e profissional da população, recorreu-se a algumas variáveis
psicossociais e profissionais como por exemplo, sexo, idade, tempo de serviço,
etc.; a II parte é constituída pela Escala de Satisfação com o Suporte Social ESSS
(Ribeiro, 1999), em que os enfermeiros deram informação sobre a satisfação com
o suporte social com, os amigos, a família, a intimidade e as atividades sociais; na
III parte é constituída pela escala de Utrech Work Engagement Scale de 17 itens
(Schaufeli & Bakker, 2003) de forma a obter a caracterização da população quanto
ao engagement e suas dimensões (vigor, dedicação e absorção).
Foi dirigido a todos os enfermeiros, com exceção das investigadoras, que
trabalham num ACeS da cidade do Porto, inseridos nas diferentes unidades
funcionais. Obteve-se uma adesão de 62,50%, o que corresponde à participação de
80 enfermeiros. Destes, 75% são do sexo feminino e 25% do sexo masculino. Têm
em média 36,67 anos, 56,20% são casados ou vivem em união de facto e 88,70%
possui como grau académico a licenciatura. A nível profissional, a maioria, 39,90%
dos enfermeiros possui a categoria de graduado, 44,80% exerce funções numa
Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP), adotaram como principal
modelo de trabalho de enfermagem, o modelo de enfermeiro de família (por lista
de utentes – 48,70%) e 36,30% desempenha funções de gestão.
Através dos resultados obtidos, verificamos que a subescala da satisfação
com a família, se associa positivamente com significância estatística à subescala
de dedicação r(80)=0,24 p<0,05. Além desta relação entre as duas escalas, as
variáveis sócio demográficas e profissionais que demonstraram uma relação
positiva com o engagement com significância estatística foram a idade, tempo de
serviço com r(80)=0,24, p<0,05 e r(80)=0,26 p<0,05, respetivamente e o estado
civil t(78)= -2,22 p<0,05 em que os indivíduos casados ou em união de facto
apresentam em média mais engagement (M=81,64; DP=8,76), do que os
solteiro/viúvos/divorciados (M=74,40; DP=17,62).
Podemos concluir que a satisfação com o suporte social da família se
associa positivamente á dedicação do engagement, demonstrando a existência de
uma relação. O aumento da experiência profissional relacionado com o aumento
de tempo de serviço e idade, também estão associados ao aumento de
engagement nesta população.
Os resultados obtidos serão divulgados junto dos órgãos de gestão do ACeS,
de forma a sensibilizar os mesmos para a importância do engagement, no
acréscimo de qualidade na prestação do serviço-cuidados de saúde. De forma a
potenciar o engagement nos enfermeiros de cuidados de saúde primários no
trabalho, podemos sugerir a constituição de equipas que tenham elementos com
mais tempo de serviço em número semelhante aos elementos com menos tempo
de serviço, de forma a equilibrar e potenciar o desempenho das mesmas