A necessidade do culto da imagem e o exponencial aumento do consumo, bem
como a urgente intensificação da dimensão da moda, revelam-se em algo
que se expressa à flor da pele. Se em tempos a pele foi sendo entendida
como estanque e imutável, como produto de um acaso da natureza, como
algo perene e eterno, esta parece ter vindo, aos poucos, a perder essa
dimensão axiomática. Assim, e ao invés de uma obrigatoriedade, a pele
encerra-se cada vez mais como uma possibilidade, como uma alternativa,
como fruto de uma opção individual e contextual.
As crescentes possibilidades de alterar a forma e feitio, bem como a sua dimensão
eminentemente reactiva e interactiva, fazem com que o conceito de pele
se aproxime cada vez mais do design: na sua forma potencialmente mutável
(morfologia), na íntima relação que o sujeito desenvolve com o tempo e o
espaço em que se insere (“espumas”), na construção de um acontecimento
e acção constantes (performance), na possível experiência que dela se pode
retirar (experiência e uso).
Neste sentido pele e design remetem, ambos, para algo que determina e é
determinado, que julga e é julgado, que molda e é moldado proporcionando,
a todo o instante, uma possível realidade e experiência centradas no design
e no utilizador