Num tempo em que a imagem veicula, aparentemente, um ritmo de
consumo excessivo e desgovernado, a cultura contemporânea parece
abraçar esta velocidade convulsa sem nunca a contestar. Através
de formas de dominação e de fragmentação espacial, a capacidade
de colaboração potenciada pelas alterações sociais e tecnológicas
introduzidas pelos últimos dois séculos tem sido, em muitos casos,
totalmente subvertida. O espaço urbano, que se teria transformado numa
entidade permeável, flexível e mutável (o “espaço espumoso”), continua
hoje a apresentar-se excessivamente compartimentado e estratificado.
Ainda assim, as últimas décadas do século XX terão sido responsáveis por
tornar as formas de dominação e estratificação cada vez mais evidentes,
conferindo à nossa reflexão um carácter de urgência e pertinência que é
exemplificado através da análise do caso portuense.
O conceito de “espaço comum” apresenta-se como uma modalidade
do “espaço espumoso” que pretende aproveitar essa herança deixada
pelo final do século XX para contrariar a continuada oposição entre
espaço público e espaço privado.
Deste modo, o design(er) parece hoje ter a capacidade de trabalhar no
seio das lógicas que dividem o espaço e a cultura contemporânea tendo
como finalidade contrariá-las e contrapô-las. Este comportamento
poderá suportar-se largamente na imagem, fundamentalmente nas
suas propriedades narrativas, expondo-a no “espaço comum” como
ferramenta emancipadora que permita e fomente uma maior implicação
do design(er) no contexto local