Recordar é viver

Abstract

Este “trabalho de projecto” tem como tema “Recordar é viver” e foi desenvolvido num Lar de idosos, situado na região metropolitana do Porto. Afastando-nos de um entendimento da estruturação da vida quotidiana dos idosos em lar assente unicamente nas rotinas que decorrem da realização das actividades básicas de vida diária e que não permitem senão satisfazer as necessidades que mantêm a vida biológica, centramos este projecto na concepção e implementação de um programa de acção mais ambicioso porque centrado noutro tipo de necessidades. Defendemos programas de acção centrados na animação sociocultural com o objectivo de possibilitar aos idosos fazerem frente às alterações que a vida em lar traz às suas rotinas, entenderem e viverem melhor os processos de mudança que estão inerentes ao processo de envelhecimento, tornando os idosos mais activos por via do desenvolvimento de actividades socialmente úteis e fortemente identificadas com a sua trajectória profissional que lhes permitam dar sentido à vida, afirmar os seus talentos ou competências e que lhes possibilitem a intensificação e diversificação dos seus relacionamentos. Mobilizando a metodologia de projecto que nos levou à realização do diagnóstico da situação social que passou por um olhar aprofundado dos idosos, da organização lar e do contexto local, planificamos e implementamos um projecto de intervenção com um grupo de idosas institucionalizadas numa Instituição Particular de Solidariedade Social. Este projecto, reconhecendo as limitações e a não concretização efectiva do plano de actividades institucional, focou-se na construção de um “atelier da cortiça”, pois foi neste sector que todas as idosas envolvidas desenvolveram a sua actividade profissional. O registo escrito do saber oral das idosas sobre os ofícios por elas desenvolvidos neste sector industrial e sobre as suas próprias experiências de vida em outros domínios, a confecção de objectos em cortiça e a organização de outras actividades no interior e no exterior do lar, permitiram construir uma dinâmica que contrariou a detioração cognitiva e física, as imagens negativas de si, o sentimento de solidão, a apatia e a desistência da vida. Acreditamos que o desenvolvimento de actividades de animação sócio cultural que tem em conta as suas histórias de vida e que vão de encontro às necessidades dos idosos, tornando-os co-produtores e fazendo com que se sintam úteis, privilegiando os seus saberes, os seus interesses, as suas vontades, opiniões e desejos, é um caminho a 7 seguir pela intervenção social gerontológica em contexto residencial. As práticas desenvolvidas no atelier foram, para estes idosos, ricas em significado e permitiram-lhes reavivar a curiosidade pelas coisas da vida, manter a familiaridade com o mundo envolvente e criar laços sociais

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