Pancitopénia e hiperpigmentação cutânea: uma associação inesperada

Abstract

A anemia carêncial é uma uma patologia pouco prevalente na sociedade actual, acometendo uma população com características muito específicas. O défice de ácido fólico pode cursar com a rara apresentação de hiperpigmentação, por mecanismos que ainda não estão completamente esclarecidos. Os autores descrevem o caso clínico de um doente com 81 anos de idade, sexo masculino, caucasiano, com antecedentes pessoais de anemia recém-diagnosticada, sob terapêutica marcial há cerca de 2 meses. Recorreu ao serviço de urgência por cansaço fácil, anorexia e astenia. Ao exame objectivo de salientar marcada hiperpigmentação cutânea na face, região cervical e mãos. O doente negava exposição solar prolongada, referindo uma dieta pouco diversificada, alimentando-se a base de bolachas e iogurtes nos últimos 4 meses. Negava ingesta diária de leguminosas carnes ou peixe. Dos exames complementares de diagnóstico efectuados há a destacar: hemoglobina 4.7mg/dL; volume globular médio (VGM) 124fL; hemoglobina globular média (HGM) 45.3pg; leucócitos 1900µL; plaquetas 4300 µL, lactato desidrogenase 1851UI/L; híperbilirubinemia indirecta de 1.6mg/dL , ácido fólico < 1ng/mL (3-17); doseamento de vitamina B12 207pg/mL (139-928) e ferro sérico 272mcg/dL (35-150). Realizou tomografia computorizada tóraco-abdominó-pélvica que não revelou alterações. Excluíram-se doenças neoplásicas e infecção pelos vírus da imunodeficiência humana, vírus da hepatite B e C. Iniciou reposição de ácido fólico, tendo-se verificado normalização das alterações analíticas e regressão completa da hiperpigmentação. Teve alta clinica ao 11º dia de internamento, apresentando: hemoglobina 9.6mg/dL; VGM 98.3fL; leucócitos 4600µL; plaquetas 472.000µL e doseamento de ácido fólico 37.5ng/mL

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