Este livro surgiu no âmbito de um projecto de investigação que teve
como objectivo estabelecer ligações de intelegibilidade entre a História da
Cultura e História da Ciência. O terreno laboratorial foi um país da Europa
do Sul, marcado quer pelo fascínio pedagógico e revolucionário das Luzes,
quer pela busca de uma legitimidade científica, impondo retóricas de dis
curso político e ideológico inovadoras no espaço público existente, na vira
gem do século XIX para o século XX. Em Portugal, em nosso entender nos últimos dez anos tem-se esbatido o divórcio historiográfico entre a visão internalista e a externalista da História
da Ciência. Para tal muito contribuiu o magistério de Rómulo de Carvalho,
de Luís de Albuquerque e de José Sebastião da Silva Dias. Num outro regis
to, o da construção de memórias comemorativas de timbre científico e acadé
mico, a Universidade de Coimbra promoveu colóquios sobre a fundação da
Universidade e os vários impactos projectados pela reforma pombalina de
1772, assim como a Academia das Ciências de Lisboa, a propósito do seu
duplo centenário. As publicações destas realizações científicas estabelecem o
ponto de situação por sectores científicos, possibilitando a convivência de
historiadores de diferentes áreas de especialização com profissionais das
Ciências exteriores ao paradigma das Ciências Humanas e Sociais.
Ao longo dos anos noventa, as Universidades portuguesas têm vindo a possibilitar a criação de Centros de História e Filosofia da Ciência e da Tecnologia,
proporcionando um encontro salutar entre profissionais do tempo e do espaço
para trabalharem as palavras e as coisas da ciência e da cultura científica