Resumo
Este texto decorre de uma investigação realizada no âmbito de uma tese de doutoramento. Na senda de compreender processos de desenvolvimento profissional, deu-se voz a quatro professores, perseguindo paradigmas em que importam os constantes encontros entre os sujeitos, os objectivos projectados e os meios para os alcançar. A abordagem com narrativas (auto)biográficas, com vista a identificarmos e compreendermos processos de aprendizagem e desenvolvimento profissional daqueles profissionais, foi-se evidenciando como um processo reflexivo, onde narrativas, reflexividade e histórias de vida se encontraram. Construímos saberes e intersubjectividades com aqueles professores, através de uma escrita reflexiva, num trabalho interpretativo de sucessiva construção de sentidos. Consubstanciou-se na ideia de reflexão biográfica e deu lugar a uma experiência formativa e a aprendizagens transformadoras. A elaboração de narrativas de vida que mobilizou subjectividades e construção de saberes através da escrita, desafiando uma hermenêutica que se foi produzindo em permanente colaboração, manifestou-se constitutiva de um conhecimento processual da relação entre aprendizagem e do desenvolvimento dos sujeitos, incluindo da investigadora. O estudo foi tempo e espaço de investigação e produções, onde a investigadora foi percebendo como o vivido, quando passado à escrita, se tornou transformador de si e dos participantes, revelando-se, afinal, um projecto de formação conjunta no qual a meta-análise teve um importante papel. As histórias escritas dos docentes, a fase de análise e interpretação, assim como os feedbacks que os professores produziram, não silenciaram emergentes experiências formadoras. Desvelaram sim, algumas relações entre a sua aprendizagem e o seu desenvolvimento profissional, percebendo-se que os contextos vivenciais não permitiram, nunca, construir as mudanças de si e dos outros, por vias solitárias e sem abandonos. Cruzar palavras escritas foi, para todos nós, um ir ao encontro de si, numa “viagem” de descoberta e compreensão. Revelou-se enfim, uma possibilidade real e autêntica de realizarmos um pensamento partilhado e uma interpretação criativa e criadora de existencialidades, por via do que a escrita mediou e permitiu