Biodiversidade da paisagem rural para a paisagem urbana-estudo da condução de Silene colorata e Scabiosa atropurpurea com vista à sua utilização em prados de flor
A intensidade produtiva dos espaços agrícolas e a evolução tecnológica que tem permitido a exploração de novas áreas, tem provocado uma crescente diminuição dos espaços onde a flora indígena pode sobreviver, com a crescente perda de biodiversidade. Muitas são as espécies para as quais ainda não se conhece utilidade produtiva. Encontrar novas aplicações para o uso de plantas indígenas da flora portuguesa pode ser uma forma de promover a sua conservação.
Aumentar a biodiversidade da paisagem urbana com recurso ao uso de espécies indígenas presentes na paisagem rural, por exemplo pela sua aplicação em prados de flor, é uma forma de aumentar a sustentabilidade ambiental destes espaços e de valorizar os recursos genéticos existentes. Os prados de flor são coberturas de solo constituídas por comunidades de plantas com interesse estético, que podem ser aplicadas em zonas de recreio passivo e/ou de enquadramento, sendo uma alternativa economicamente e ecologicamente mais sustentável do que os típicos e tradicionais relvados.
Com este trabalho pretendemos apresentar os resultados de três anos de trabalho de campo com duas espécies indígenas, estudadas em extreme, no que concerne à sua condução com vista à possível utilização em prados de flor. Ao longo de três anos a Silene colorata e a Scabiosa atropurpurea têm sido conduzidas com tratamentos de corte e de rega com o objectivo de definir a melhor intensidade de manutenção que nos permita manter estas plantas com bom aspecto ao longo do ano. Os resultados mostram-nos as variações fenológicas das plantas sujeitas aos diferentes tratamentos e a influência que um clima tão variável como o clima mediterrânico tem nestas espécies, no seu ciclo de vida, e como as nossas intervenções podem fazer variar este sistema.
Acreditamos que no futuro os prados de flor podem vir a ser uma grande mais-valia para reduzir custos económicos, energéticos e ecológicos, e que serão também uma forma de permitir manter a biodiversidade e aumentar a sustentabilidade da paisagem urbana e da paisagem rural, podendo também contribuir para a variação e rentabilidade das explorações agrícolas abrindo caminho para a produção de novas plantas