Representações do professor de língua inglesa No ensino inclusivo dos alunos surdos

Abstract

O presente estudo investiga as representações do professor de língua inglesa (LI) de escolas públicas do estado de Minas Gerais acerca da inclusão de alunos surdos no ensino regular. O objeto de pesquisa é o discurso do sujeito-professor, pois o sujeito se constitui na/pela linguagem. O sujeito é tomado como sócio-historicamente constituído, um sujeito do inconsciente e desejante. Como objetivo principal, buscam-se investigar as representações do professor acerca da sua prática pedagógica, da língua referente (LI), bem como as representações acerca dos alunos surdos e dos alunos ouvintes, da Libras e do intérprete da Libras. São as representações que levam à compreensão do que o professor faz na sua prática e como ele lida com o outro. A presente pesquisa em Linguística Aplicada apoia-se na análise do discurso francesa com contribuições de conceitos da Psicanálise. Trata-se de uma pesquisa de interpretação discursiva, considerando os gestos de interpretação, entendidos como os processos de identificação, e as filiações de sentido identificadas no discurso do sujeito. Para a formação do corpus da pesquisa, foram entrevistados oralmente os professores de LI e observadas algumas aulas para anotações de campo. Após a transcrição das entrevistas, uma análise linguístico-discursiva do corpus foi realizada, considerando a heterogeneidade que constitui cada sujeito, os equívocos no dizer, as contradições, as ressonâncias discursivas e as imagens que o sujeito apresenta e com as quais se identifica. Busca-se, nos gestos de interpretação, flagrar possíveis deslocamentos, bem como os processos de subjetivação do professor. A partir dessa análise, foi possível tecer uma rede de representações que revelaram as orientações práticas do docente. Partiu-se de uma problematização dos significantes inclusão e exclusão, traçando um breve percurso histórico da Educação Inclusiva (EI) e da educação dos surdos, uma vez que considerou-se a materialidade histórica do dizer do professor. Nas representações flagradas, percebeu-se a EI como uma impossibilidade no imaginário do professor, que se apresenta como alguém distante da imagem idealizada do docente descrita no discurso político-pedagógico. O aluno surdo e o aluno ouvinte são marcados pela imagem de sujeitos prejudicados pela EI. Notou-se, finalmente, que o professor oscila entre as posições enunciativas da inibição e da criação diante da inclusão de alunos surdos. Tal fato discursivo leva a apontar duas formações discursivas: inibi(a)ção e cria(a)ção

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