[...] é nossa intenção, através do
presente artigo, contribuir para o conhecimento da mortalidade infantil no
espaço que é o concelho de Ponta Delgada no tempo que é o primeiro quartel do séc. XX. Esta será abordada tendo em conta o conjunto do concelho mas estabelecendo também uma comparação entre três áreas em que podemos
decompô-lo, com comportamentos algo distintos, que são o espaço urbano (correspondendo às três freguesias citadinas); a área que designamos
por suburbana (composta pelas freguesias confinantes com o espaço urbano); a zona rural (integrando as restantes). Partindo do princípio de que o risco de falecimento a é inversamente proporcional à idade da criança, ou seja, que este risco é tanto mais elevado quanto menor for a idade, a mortalidade infantil pode ser decomposta em categorias respeitantes a idades específicas diferentes, no sentido de se avaliar a forma como se comporta o fenómeno em diversas etapas ao longo do primeiro ano de vida, sublinhando a mortalidade neonatal – respeitante às primeiras 4 semanas e a mortalidade pós-neonatal – concernente aos óbitos ocorridos entre 28 e 365 dias de
idade. Na lógica do princípio acima referido, a mortalidade Neonatal pode
ainda ser dividida em Neonatal Precoce (na primeira semana) e Neonatal Tardia (nas restantes três semanas). Abordaremos também a sazonalidade do fenómeno em questão,
importante na medida em que os seus níveis variavam bastante ao longo do ano, influenciados pelas condições climatéricas que em certas alturas favoreciam a disseminação de algumas infecções. Ligada com este aspecto está a problemática das causas de morte em que abordaremos as causas
médicas mais determinantes nos níveis observados, estabelecendo a partir daqui uma ligação com informações de âmbito qualitativo sobre as condições sanitárias do concelho, com o objectivo de procurar enquadrar os valores constatados e assim adiantar algumas explicações para o comportamento do fenómeno aqui tratado. [...