This paper discusses the relation between gender and literacy. It challenges the sensitivity and adequacy of the indicator called �illiteracy rate for persons aged 15 or over,� used in several studies sponsored by UNESCO. It argues that this indicator is unable to apprehend the transformations that are taking place in the relation between gender and literacy, precisely because it doesn�t take into account the generation effect, i. e., the effect of the different age groups on the literacy or illiteracy rate by gender. The argument is based mainly on a case study that focuses on the history of the relation between gender and literacy in Brazil in the period from 1940 to 2000. That study shows that women have started to surpass men in terms of literacy since the census of 1940. Their advantage began by the younger age groups (5 to 9 years and 10 to 14 years) and was extended to the age group 40 to 44 years at the census of 2000. The paper claims that what is underway � not only in Brazil � is a historical reversal of the relation between gender and education in general. It also identifies in the international literature some clues or hints for the interpretation or explanation of this phenomenon. It finally asks about the meaning and extent of that change in terms of the overcoming of the historical inequality of women over against men.O presente trabalho aborda a relação entre gênero e alfabetização. Questiona a sensibilidade e a adequação do indicador �taxa de analfabetismo para as pessoas de 15 anos ou mais�, utilizado em vários estudos patrocinados pela UNESCO. Argumenta-se que esse indicador é incapaz de captar as transformações em curso na relação entre gênero e alfabetização, precisamente por não levar em conta o efeito geração, isto é, o efeito das diferentes idades na taxa de alfabetização ou de analfabetismo segundo o gênero. A argumentação apóia-se principalmente num estudo de caso, que focaliza a trajetória da relação entre gênero e alfabetização no Brasil no período de 1940 a 2000. Tal estudo revela que as mulheres passaram a superar os homens quanto à alfabetização desde o Censo 1940, a começar pelos grupos de idade mais jovem (5 a 9 anos e 10 a 14 anos), estendendo-se essa vantagem, no Censo 2000, até o grupo 40 a 44 anos. Sustenta-se que o que está em curso � e não só no Brasil � é uma inversão histórica na relação entre gênero e educação em geral. São também levantadas na literatura internacional algumas pistas de interpretação ou explicação do fenômeno. Por último, interroga-se sobre o significado e o alcance dessa mudança em termos de superação da histórica desigualdade de condições da mulher em relação ao homem