Neste trabalho apresentaremos uma parte dos resultados da tese da autora (Angelo, 2012), que traz uma reflexão baseada em falas de 28 alunos produzidas em torno de questões sobre a importância que eles atribuem à matemática que aprendem na escola. Os alunos, entrevistados em 2009 e 2010, frequentavam os anos finais do ensino fundamental de duas escolas mantidas pelo município de Bagé, no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. A leitura de suas falas, permeada por ponderações de autores como Hoyles (1982), Lins e Gimenez (1997), e Walls (2009), mostrou que os alunos reconhecem a utilidade da matemática em situações do cotidiano relacionadas a problemas de contagem e manuseio de dinheiro, à necessidade para algumas profissões e para a vida futura. No entanto, eles não especificam quais conteúdos irão necessitar, além das quatro operações básicas, medidas de comprimento e área. A leitura de suas falas apontou que o restante de toda a matemática que compõe o currículo do Ensino fundamental está na escola apenas como algo que eles têm que aprender porque alguém disse que eles irão precisar no futuro, para passarem no vestibular ou num concurso, ou para exercerem determinada profissão