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Quem trabalha muito e quem trabalha pouco no Brasil?
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Abstract
Na literatura sobre mercado de trabalho brasileiro, existem poucos estudos econométricos sobre o tempo de trabalho. A maior parte das pesquisas sobre jornada de trabalho está focada principalmente em aspectos legais e negociais. O objetivo deste artigo é estudar o perfil dos ocupados em termos de jornada de trabalho no Brasil através dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE) nos anos de 1992 e 1999. Procuramos estabelecer a relação entre a jornada de trabalho e as características individuais do trabalhador e da sua ocupação, tais como: experiência profissional, sexo, posição na família, raça, posição na ocupação, setor de atividade, nível educacional e região de moradia (área metropolitana ou não metropolitana e regiões naturais). Estimamos a probabilidade do trabalhador pertencer a três diferentes regimes de horário de trabalho - jornada curta (39 horas ou menos), padrão (40 a 44 horas) ou longa (45 ou mais) - condicionada às suas características e ao seu tipo de ocupação, através do uso do modelo multinomial logístico. Os resultados mostram que os três principais fatores que influenciam a determinação do número de horas de trabalho são as características dos indivíduos no tocante ao nível de escolaridade, à composição familiar e ao grau de formalização do emprego. Em particular, verifica-se que os trabalhadores menos educados e com pouca experiência profissional são os mais propensos a exercer jornadas de trabalho longa e padrão. Isto aumenta o potencial de geração de empregos de medidas de redução de jornada de trabalho no Brasil, ao tornar mais provável a substituição de horas por trabalhadores.