O presente trabalho tem como objetivo fazer um delineamento populacional  preliminar de forma que abordagens educacionais possam ser tomadas junto à  população, horizontalizando a ciência e permitindo o cumprimento do papel social da 
Universidade, além de agir conscientizando tutores e fazendo com que esses sejam mais responsáveis com os seus animais

Dahl, Carine Corcini

Mendonça, Fernanda Rodrigues

Varela Júnior, Antônio Sérgio

Zanin, Marina

Portuguese

Guaiaca - Repositório Institucional (Universidade Federal de Pelotas)

  A POPULAÇÃO PELOTENSE TEM CONHECIMENTO SOBRE A REPRODUÇÃO DE FELINOS?  FERNANDA RODRIGUES MENDONÇA1; MARINA ZANIN², ANTÔNIO SÉRGIO VARELA JÚNIOR³, CARINE CORCINI DAHL4  1Universidade Federal de Pelotas – nandarm.vet@gmail.com ² Universidade Federal de Rio Grande – mariinazanin@gmail.com ³Universidade Federal de Rio Grande – varelajras@gmail.com 4Universidade Federal de Pelotas – corcinicd@gmail.com  1 INTRODUÇÃO  Dependendo de fatores genéticos e ambientais, os gatos podem começar a se reproduzir com seis meses. Sem métodos de controle populacional, uma gata não esterilizada é capaz de produzir de duas a três ninhadas por ano, de três a quatro gatos em média (CARLSON & GIFFIN, 1992). Em um ano, uma única fêmea e sua prole possuem potencial para gerar em média 88 novos animais, contribuindo para um importante problema: a superpopulação de animais errantes. Este possui diversas consequências em termos de saúde pública, por favorecer a disseminação de lixo e dejetos nas ruas (FARIA et al., 2013), a transmissão de doenças entre os indivíduos e principalmente, elevar o número de acidentes por mordedura e consequentemente de casos de zoonoses como raiva e esporotricose (LESSA et al, 2007). Além disso, Jordan e colaboradores demonstraram em diferentes ocasiões (1995, 1998, 1999) que o sêmen de um felino contaminado com o vírus da imunodeficiência felina (FIV) pode carrear a doença para a fêmea, sendo este um fator importante para a disseminação da doença entre os gatos.   O desconhecimento sobre posse responsável é a principal causa da superpopulação e abandono de animais, o que pode ser facilmente solucionado com medidas educativas sobre o tema (SELBY, 1979,YEATES J. e., 2013). Conhecer o perfil, as condutas e os saberes dos tutores de uma população permitem que políticas educacionais eficientes sejam desenvolvidas, uma vez que características socioculturais influenciam a maneira como os animais são vistos e tratados (ICAM 2007), e podem favorecer ou dificultar a realização de um controle populacional. Fatores como o gênero dos animais e dos tutores por exemplo, interferem nas decisões relacionadas à manutenção da capacidade reprodutiva dos animais. Fielding et. al, 2002, descobriram que tutores do sexo masculino são menos propensos do que tutoras a esterilizar caninos, por exemplo.    O presente trabalho tem como objetivo fazer um delineamento populacional preliminar de forma que abordagens educacionais possam ser tomadas junto à população, horizontalizando a ciência e permitindo o cumprimento do papel social da Universidade, além de agir conscientizando tutores e fazendo com que esses sejam mais responsáveis com os seus animais.   2 METODOLOGIA  Foi feito um estudo seccional transversal de base populacional onde 870 indivíduos residentes na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil, pertencentes a diversos grupos sociais e faixas etárias, residentes em diferentes bairros, responderam a um questionário online simples desenvolvido na plataforma Google forms e intitulado “Conhecimento da população pelotense a   respeito da reprodução de felinos”. Foram utilizadas questões fechadas e os participantes foram informados através de um termo de participação livre e esclarecido a respeito dos objetivos do estudo e concordavam ou não com a participação no mesmo. Além disso, Médicos veterinários, zootecnistas e estudantes destes cursos a partir do terceiro semestre foram impedidos de participar pela autora entender que eles poderiam interferir no resultado. O questionário foi publicado na rede social Facebook. Neste resumo serão discutidos os resultados das 100 primeiras respostas deste formulário.  3 RESULTADOS E DISCUSSÃO  Apesar da presença felina nos lares de brasileiros estar crescendo consideravelmente, muitas questões comportamentais e fisiológicas desta espécie, bastante diferente da canina, ainda permanecem um mistério para seus tutores, como pode ser evidenciado pelos resultados parciais do presente estudo.  Aproximadamente um terço da população respondeu não saber se era melhor para os gatos domésticos serem criados indoor ou com acesso à rua, o que reflete no terço das pessoas que responderam que seus animais tem acesso à rua, demonstrando que a permissão do animal para sair de casa pode estar relacionada ao desconhecimento dos riscos que esta atividade pode trazer.   Aproximadamente 20% dos entrevistados desconhecia o fato de que os felinos poderiam possuir alguma doença considerada venérea. Mesmo dentro dos que estão cientes que seus animais podem contrair doenças na rua, mais de 80% não sabiam que algumas dessas doenças podem ser fatais (como no caso da FIV e da FeLV), demonstrando também desconhecerem o fato de que essas doenças podem ser transmitidas através da placenta e amamentação.   Meinerz e colaboradores fizeram em 2010 um levantamento a respeito da porcentagem de animais infectados pelos agentes causadores  da FELV na região de Pelotas e Rio Grande. A média encontrada no estudo foi de 38,3% e demonstra o risco que os animais errantes correm. Além disso, diversos autores já demonstraram que as doenças citadas podem ser carreadas através de sêmen, leite e saliva (JORDAN et al, 1998, HARBOUR et al, 2002).  Cerca de 60% dos entrevistados acredita que as estruturas presentes no pênis do macho existem para que a vagina da gata sangre, pois só assim a fertilização ocorre, fato incongruente, uma vez que o espermatozóide, em contato com sangue ou urina, morre e a fertilização se torna impossível.  A maior parte dos entrevistados não sabia se a estação do ano ou luminosidade interferia na fertilidade de felinos machos ou fêmeas, porém sabe-se que, entre outros fatores, mais de 10 horas de luz e conforto térmico são importantes para a qualidade seminal e a ciclicidade da maior parte dos indivíduos (STORNELLI et al., 2004).  Em torno de 10% dos tutores já fez uso de ‘vacinas’ ou comprimidos ‘anti-cio’, porém apenas 3% acha que estes não possuem nenhum risco para a fêmea, o que significa que muitos, apesar de saberem dos riscos ainda fazem uso dos mesmos.   CONSIDERAÇÕES FINAIS  Já é possível que um delineamento populacional possa ser percebido, demonstrando a necessidade de tais estudos antes que medidas educacionais sejam tomadas. É evidente que a maior parte dos entrevistados, sendo eles tutores ou não, desconhece bastante a respeito da fisiologia e comportamento reprodutivo de felinos, evidenciando a necessidade de uma abordagem educacional da   população, de forma a aumentar a qualidade de vida desses animais e diminuir sua superpopulação na cidade, além das consequências que este elevado número de indivíduos errantes trás.  5 REFERÊNCIAS  CARLSON, D., & GIFFIN, J. (1992). Dog owners home veterinary handbook. Queensland, Australia: Howell Book House.  FARIA, J.A.; ALVES, N.D.; FILHO, E.F.N. et al. Os animais, cães e gatos, no meio urbano e o problema ambiental. In: SEABRA, G. Qualidade de Vida, Mobilidade e Segurança nas Cidades. v. 3. Ed. João Pessoa, PB - Editora Universitária da UFPB, p. 130-141, 2013.  FIELDING, W., SAMUELS, D., & MATHER, J. (2002). Attitudes and actions of West Indian dog owners towards neutering their animals: A gender issue. Anthrozoös, 15, 206–226.                      HARBOUR, D.A.; GUNN-MOORE, D.A.; GRUFFYDDJONES, T.J. ET AL. Protection against oronasal challenge with virulent feline leukaemia virus lasts for at least 12 months following a primary course of immunisation with LeukocellTM 2 vaccine. Vaccine, v.20, p.2866-2872, 2002.  INTERNATIONAL COMPANION ANIMAL MANAGEMENTE COALITIONICAM. Guia de controle humanitário da população canina. 24 p. 2007.  JORDAN, Holly L. et al. Detection of feline immunodeficiency virus in semen from seropositive domestic cats (Felis catus). Journal of Virology, v. 69, n. 11, p. 7328-7333, 1995.  JORDAN, HOLLY L. et al. Feline immunodeficiency virus is shed in semen from experimentally and naturally infected cats. AIDS research and human retroviruses, v. 14, n. 12, p. 1087-1092, 1998.  JORDAN, H. L. et al. Shedding of feline immunodeficiency virus in semen of domestic cats during acute infection. American journal of veterinary research, v. 60, n. 2, p. 211-215, 1999.  LESSA, M. M.; LESSA, H. A.; CASTRO, T. W. N.; OLIVEIRA, A.; SCHERIFER, A.; MACHADO, P.; CARVALHO, E. M. Leishmaniose mucosa: aspectos clínicos e epidemiológicos. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, v.73, n.6, p.843-847, 2007.   MEINERZ, ANA RAQUEL MANO et al. Frequência do virus da leucemia felina (VLFe) em felinos domésticos (Felis catus) semidomiciliados nos municípios de Pelotas e Rio Grande. Ciência Animal Brasileira, v. 11, n. 1, p. 90-93, 2010.  SELBY, L. A. A Survey of Attitudes Toward Responsible Pet Ownership. Public Health Reports,vol. 94, No. 4, p.380-386, 1979.  STORNELLI, et al. Influencia del fotoperíodo en la cantidad de espermatozóides epididimales en gatos. Trabajo presentado en I Congreso y IV Jornada Nacional de Felinos da FCV Universidad Nacional del Nordeste, Corrientes, Argentina. 2004.  YEATES, J. et al. Should pet owners be regulated? BVA Congress at the London Vet Show on November 21.Veterinary Record,2013.   

A população pelotense tem conhecimento sobre a reprodução de felinos?

https://guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/handle/prefix/13513/A%20POPULA%c3%87%c3%83O%20PELOTENSE%20TEM%20CONHECIMENTO%20SOBRE%20A%20REPRODU%c3%87%c3%83O%20DE%20FELINOS.pdf?sequence=1&isAllowed=y

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