'International Society for Managing and Technical Editors (ISMTE)'
Abstract
Introdução: A relação entre experiências traumáticas e sintomas psicopatológicos é bastante reconhecida em variados estudos, no entanto, no que toca à população reclusa os estudos reduzem-se imenso. Quanto à mediação da autocompaixão e da dissociação nesta relação, é algo que ainda não foi estudado. Objetivo: Este estudo teve como objetivo estudar, a relação entre experiências traumáticas e a psicopatologia numa amostra de reclusos e o papel mediador da compaixão e das experiências dissociativas nesta relação. Pretendeu-se também analisar qual a intensidade de psicopatologia, experiências traumáticas, dissociação, compaixão e autocompaixão. Metodologia: Foram recrutados 34 reclusos por um investigador do sexo masculino, e 33 foram recrutados e por uma investigadora do sexo feminino, a idade média destes 67 sujeitos foi de 34,85 (DP = 8,98), sendo que variaram entre os 19 e os 67 anos. Na recolha de dados foram usadas a Traumatic Experiences Checklist para avaliar as experiências traumáticas, a Dissociative Experiences Scale para as experiências dissociativas, a Self-Compassion Scale para os níveis de autocompaixão e a Depression Anxiety and Stress Scales e a Brief Symptom Inventory para os sintomas psicopatológicos. Resultados: Tendo em conta os resultados obtidos na Dissociative Experiences Scale (M ± DP = 20,94 ± 16,22) e na Traumatic experiences Checklist (M ± DP = 7,09 ± 3,46), a nossa amostra revelou valores superiores obtidos em amostras da população em geral. Quanto à autocompaixão os valores (M ± DP = 83,79 ± 10,74), revelaram-se ligeiramente inferiores quando comparados com amostras da população em geral, no entanto, algumas das subescalas da Self-Compassion Scale demonstraram-se superiores quando comparadas com essas mesmas amostras. Os participantes que apresentaram mais experiências traumáticas revelaram mais sintomas psicopatológicos (p < 0,01), assim como mais experiências dissociativas (p < 0,01). Em relação aos níveis de autocompaixão, demonstraram-se mais reduzidos naqueles indivíduos que apresentavam mais experiências dissociativas (p < 0,05), no entanto, quando a compaixão se demonstrou mais elevada, os sintomas psicopatológicos apresentavam-se como mais reduzidos (p < 0,01). Naqueles indivíduos que revelaram experiências dissociativas mais elevadas, os sintomas psicopatológicos apresentaram-se também superiores (p < 0,01). Os sintomas psicopatológicos foram mais reduzidos nos indivíduos que afirmaram maiores níveis de escolaridade (p < 0,01). Quanto à mediação esta foi inexistente para as duas variáveis propostas a estudo. Conclusões: A população reclusa apresentou níveis de experiências traumáticas e dissociativas e também de sintomas psicopatológicos mais elevados que a população em geral. Foi também confirmado por este estudo as relações entre as experiências dissociativas, traumáticas, sintomas psicopatológicos e níveis de autocompaixão. As experiências traumáticas interferem a longo prazo no funcionamento do recluso, aumentando os níveis de dissociação e sintomas psicopatológicos. Assim como as experiências dissociativas podem levar a mais sintomas psicopatológicos. Por outro lado, as experiências dissociativas podem levar a uma diminuição dos níveis de autocompaixão, sendo que esta última pode contribuir para uma melhor saúde mental. / Introduction: The relationship between traumatic experiences and psychopathological symptoms is widely recognized in various studies, however, regarding the prison population studies are reduced greatly. As for the mediation of self-compassion and dissociation in this relationship, it is something that has not yet been studied. Objetive: This study aimed to understand the relationship between traumatic experiences and psychopathology in a sample of prisoners and the mediating role of compassion and dissociative experiences in this relationship. It was also intended to analyze the intensity of the psychopathology, traumatic experiences, dissociation, compassion and self-pity. Method: 34 inmates were recruited by a male researcher, and 33 were recruited by a female researcher. The average age of these 67 patients was 34.85 (SD = 8.98), and ranged between the ages of 19 and 67 years. For the data collection, the Traumatic Experiences Checklist was used to assess traumatic experiences; the Dissociative Experiences Scale was used for dissociative experiences; the Self-Compassion Scale for self-pity levels and the Depression Anxiety and Stress Scales and Brief Symptom Inventory for the psychopathological symptoms. Results: Given the results obtained by the Dissociative Experiences Scale (M±SD = 20.94 ± 16.22) and by the Traumatic experiences Checklist (M ± SD = 7.09 ± 3.46), our sample revealed higher values than the obtained by samples of the general population. Regarding self-pity, the values (M ± SD = 83.79 ± 10.74) have proved slightly lower compared to the general population samples, however, some of subscales of the Self-Compassion Scale demonstrated to be superior when compared to these same samples. Participants who had shown the most traumatic experiences revealed more psychopathological symptoms (p <0.01) such as increased dissociative experiences (p <0.01). With respect to levels of self-pity, they proved to be lower in those individuals with increased dissociative experiences (p <0.05), however, when compassion proved to be higher, psychopathological symptoms presented themselves as lower (p <0.01). In those individuals who showed higher dissociative experiences, psychopathological symptoms also presented themselves as higher (p <0.01). Psychopathological symptoms were lower in individuals who reported higher levels of education (p <0.01). As for mediation, it was non-existent for the two proposed study variables. Conclusion: The prison population showed levels of traumatic and dissociative experiences and also higher psychopathological symptoms than the general population. The relationship between dissociative and traumatic experiences, psychopathological symptoms and self-pity levels were also confirmed by this study. Traumatic experiences affect the long-term functioning of the inmate, increasing levels of dissociation and psychopathological symptoms, just as dissociative experiences can lead to further psychopathological symptoms. Moreover, dissociative experiences can lead to decreased levels of self-pity, the latter of which can contribute for superior mental health